Negócios

Compra do Twitter por Musk torna-se o pior negócio para bancos desde a crise de 2008

Bancos envolvidos na aquisição de US$ 44 bilhões enfrentam perdas significativas e dificuldades em se desfazer da dívida, destacando os riscos do financiamento de grandes fusões e aquisições

Elon Musk comprou o Twitter/X em 2022 por US$ 44 bilhões. (Chesnot/Getty Images)

Elon Musk comprou o Twitter/X em 2022 por US$ 44 bilhões. (Chesnot/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 21 de agosto de 2024 às 09h07.

A aquisição do Twitter por Elon Musk, concluída em outubro de 2022 por US$ 44 bilhões (R$ 242 bilhões), transformou-se em um dos piores negócios para os bancos desde a crise financeira global de 2008. Sete grandes instituições financeiras, incluindo Morgan Stanley e Bank of America, que financiaram a compra, agora enfrentam sérios desafios para revender a dívida de US$ 13 bilhões (R$ 72 bilhões) associada à transação.

Esse impasse financeiro tem sido descrito como o maior "negócio pendurado" desde a crise de 2008, devido à dificuldade dos bancos em retirar esses empréstimos de seus balanços sem incorrer em pesadas perdas. As informações são do Valor.

Na prática, quando bancos financiam aquisições desse porte, a expectativa é que a dívida seja rapidamente revendida a outros investidores, permitindo que as instituições recuperem o capital emprestado e lucrando com as comissões. Contudo, o desempenho fraco do Twitter, rebatizado como X, sob a gestão de Musk, fez com que o valor dos empréstimos se deteriorasse rapidamente, impossibilitando a revenda sem prejuízos significativos. Como resultado, os bancos mantêm esses empréstimos em seus balanços, impactando negativamente suas carteiras de crédito e até mesmo a remuneração de seus executivos.

O financiamento para a compra do Twitter foi acordado em um momento em que a empresa já enfrentava dificuldades financeiras, mas o entusiasmo de financiar a pessoa mais rica do mundo, Elon Musk, foi um fator determinante para a participação dos bancos. Mesmo após a conclusão da aquisição, os problemas se acumularam. A situação se agravou à medida que o desempenho financeiro do Twitter/X continuou a piorar, com seu valor de mercado caindo para menos da metade, em torno de US$ 19 bilhões (R$ 105 bilhões) em 2023, conforme dados do mercado.

Menores remunerações

Além das perdas contábeis, os bancos agora enfrentam o escrutínio dos reguladores financeiros, que estão atentos ao impacto de manter empréstimos de alto risco em seus balanços. Essa situação também afetou a posição de alguns bancos nos rankings de finanças alavancadas, que são acompanhados de perto no setor bancário. Antes da compra do Twitter, Morgan Stanley e Bank of America lideravam esses rankings nos Estados Unidos; agora, essas posições foram ocupadas por J.P. Morgan e Goldman Sachs, que não participaram do financiamento da aquisição do Twitter.

As consequências desse negócio pendurado também foram sentidas nos pacotes de remuneração dos executivos dos bancos envolvidos. No Barclays, por exemplo, houve uma redução significativa nas bonificações dos principais executivos de fusões e aquisições, levando à saída de dezenas de diretores e gerentes no início de 2023. A deterioração do valor dos empréstimos concedidos ao Twitter/X foi um dos principais fatores para essa reavaliação dos pacotes de remuneração.

Os desafios enfrentados pelos bancos são exacerbados pelo comportamento público de Musk, que, em vez de melhorar a saúde financeira do Twitter/X, entrou em disputas legais com anunciantes e associações setoriais, minando ainda mais a confiança dos investidores na capacidade da empresa de se recuperar. Além disso, os bancos que tentam renegociar os termos dos empréstimos enfrentam dificuldades adicionais devido à falta de clareza sobre o futuro financeiro da empresa sob o comando de Musk.

Mesmo com todos esses desafios, os bancos permanecem em um dilema: manter a relação com Musk e suas empresas, como Tesla e SpaceX, ou tentar se desfazer da dívida com perdas substanciais. O temor de perder oportunidades lucrativas em futuras ofertas públicas iniciais de ações de outras empresas de Musk leva as instituições a manter os empréstimos, na esperança de que a situação do Twitter/X possa melhorar e permitir que recuperem o valor total investido.

Acompanhe tudo sobre:elon-muskTwitterJPMorganbank-of-americaGoldman SachsMorgan Stanley

Mais de Negócios

Como um e-commerce gaúcho driblou a enchente, teve o maior mês de sua história e não para de crescer

Após crescer 4x em 2023 com IA para acelerar envio de 'blusinhas', o negócio dele atrai investidores

Após acidente, Voepass suspende temporariamente venda de passagens no Nordeste; veja destinos

Conheça o clube dos 15 bilionários que, juntos, valem mais que o Google

Mais na Exame