Com investimento de R$ 50 mil, o casal apostou suas fichas em uma moto adaptada para participar de feiras de rua (Macuco/Divulgação)
Isabela Rovaroto
Publicado em 28 de junho de 2022 às 10h45.
Última atualização em 28 de junho de 2022 às 15h22.
Empreender não estava no radar de Michelle Ferraz e Fernanda Nascimento. Até 2013, ambas seguiam a carreira acadêmica e se dedicavam ao mestrado e doutorado. Foi durante um congresso em Belém, no Pará, que as gaúchas conheceram as carvejas frutadas, decidiram criar uma marca própria e abandonar a vida acadêmica.
Parecia arriscado, mas empreender tem funcionado: depois de anos de estudo, a Macuco Cervejas Artesanais foi criada em 2016, faturou R$ 751 mil em 2019, atravessou a pandemia e agora prepara a inauguração de sua segunda loja em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Com investimento de R$ 50 mil, o casal apostou suas fichas em uma moto adaptada com quatro torneiras e desenvolveu seus primeiros rótulos para participar de feiras de rua. Elas enfrentaram um ambiente majoritariamente masculino e se tornaram as primeiras mulheres na cidade a desenvolverem e venderem suas próprias cervejas.
"Na época não tinha mulheres à frente de negócios de cerveja, ainda mais mulheres da comunidade LGBT. Galgamos espaço pouco a pouco e hoje somos referência. A Macuco foi importante para abrir caminho para mulheres nesse setor e no empreendedorismo", afirma Michelle.
No começo tudo foi um desafio. Michelle conta que foi difícil achar uma fábrica parceira que aceitasse desenvolver os rótulos pensado por elas. "Tivemos muita persistência e resiliência para criar a Macuco. Além do descrédito de todo mundo, tivemos de nos adaptar a sazonalidade do mercado e a volatilidade de vendas", explica.
As empreendedoras adaptaram uma segunda moto, mas logo perceberam que precisariam de uma loja física para fazer a Macuco crescer. Em dezembro de 2017, elas abriram um bar no centro histórico de Porto Alegre. O faturamento da 'cerveja das gurias' começou a decolar. Os eventos e o bar renderam R$ 590 mil em 2018. No ano seguinte, a estratégica de crescimento incluiu o maior uso das redes sociais e o faturamento atingiu seu ápice: R$ 751 mil em 2019. Nessa época, metade das vendas aconteciam nas redes sociais.
Com a pandemia, o bar ficou fechado durante nove meses em 2020. "Como empreender é a nossa vida e a nossa fonte de renda, nós não cogitamos fechar a loja. Nos adaptamos e desenvolvemos o delivery em poucos dias", diz Michelle.
Com o aumento da produção de cervejas em lata, desenvolvimento de embalagens maiores e venda de kits nas redes sociais, a Macuco faturou R$ 470 mil naquele ano. "O marketing digital foi fundamental para que a gente tivesse público durante toda pandemia. Mesmo após a reabertura, nossa comunicação é feita totalmente pelas redes sociais, principalmente pelo Instagram e WhatsApp".
Em 2021, mais dois meses de bares fechados. O faturamento estacionou em R$ 488 mil. Com 30 rótulos disponíveis em 2022, o casal faz entregas para outros estados e vai inaugurar uma segunda loja em Porto Alegre em agosto. A expectativa é alcançar o faturamento de 2019 e superar os efeitos da pandemia.
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