Tulou_01.reprodução, instituto confucio
Agência
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 15h20.
Última atualização em 22 de outubro de 2024 às 15h30.
No interior da província de Fujian, no sudeste da China, uma tradição perdura há mais de 700 anos: gerações de famílias vivem no mesmo local, em construções circulares conhecidas como Tulou. Esses impressionantes edifícios comunitários, em formato circular ou quadrado, estão entre os exemplos mais marcantes da arquitetura tradicional chinesa e, desde 2008, fazem parte do Patrimônio Mundial da Humanidade, da Unesco.
O Tulou não é uma moradia simples. São verdadeiras fortalezas de terra, erguidas para proteger seus habitantes de invasões e condições climáticas severas. Muitas dessas estruturas, que podem abrigar até 800 pessoas, foram construídas durante as dinastias Ming e Qing. A construção equilibra vida comunitária e autossuficiência, reunindo várias famílias em um só lugar, onde moradia, convivência e proteção se integram.
O design dos Tulou segue uma lógica eficiente. No centro, encontra-se um pátio amplo, onde os moradores se reúnem e realizam atividades cotidianas. Ao redor, os quartos e salas são distribuídos em andares, que podem chegar até cinco níveis. As paredes, feitas de uma mistura de barro, bambu e pedras, podem ter até 2 metros de espessura, garantindo isolamento térmico e segurança.
As entradas, com portas reforçadas, mostram o lado defensivo dessas construções. O sistema interno, com poços e depósitos de alimentos, garante que os moradores sobrevivam longos períodos de isolamento, seja por ataques, seja por mudanças climáticas bruscas.
Em 2008, a Unesco reconheceu os Tulou como Patrimônio Mundial da Humanidade, reforçando sua importância arquitetônica e valor cultural. Algumas dessas construções ainda estão habitadas, e outras foram adaptadas para o turismo, permitindo que visitantes de todo o mundo conheçam mais sobre a arquitetura tradicional das etnias Hakka e Fujianese, que as habitaram por gerações.
Embora sejam construções resistentes, a modernização e a migração para as cidades têm dificultado a preservação dos Tulou. Muitas famílias deixam essas moradias tradicionais em busca de novas oportunidades urbanas, o que coloca em risco a continuidade dessa herança cultural. Mesmo assim, iniciativas locais e internacionais se esforçam para restaurar e preservar esses edifícios, garantindo que as futuras gerações possam apreciar essa combinação fascinante de arquitetura e vida comunitária.
Por: Daiane Mendes
"A construção equilibra vida comunitária e autossuficiência, reunindo várias famílias em um só lugar."