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O que pode ter causado tornado que fez naufragar superiate Bayesian, do magnata britânico Mike Lynch

Veleiro de 184 pés afundou após mudança meteorológica brusca na costa de Palermo, na Itália

Veleiro Bayesian (DIVULGAÇÃO)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 20 de agosto de 2024 às 07h55.

Última atualização em 20 de agosto de 2024 às 07h57.

Enquanto seguem as buscas pelos desaparecidos no naufrágio do veleiro de luxoBayesian, na costa dePalermo, a capital da Sicília, na manhã desta segunda-feira, 19, um mistério para sobre o tornado que atingiu a embarcação e o que pode ter causado a mudança repentina nas condições de navegação.

O superiate de propriedade do magnata britânico de tecnologiaMike Lynch, de 59 anos, que está entre os desaparecidos após o naufrágio, tinha 22 pessoas a bordo (10 tripulantes e 12 passageiros) e foi atingido por um tornado que se formou rapidamente no local. Embora o mau tempo tenha sido previsto, não era esperado que as condições marítimas sofreriam uma mudança tão severa, e provavelmente a tromba d'água tenha surpreendido a tripulação.

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Um tornado como afundou o Bayesian atinge velocidades de vento entre 120 e 320 km por hora, mas pode chegar a mais de 480 km por hora. Em entrevista à Sky News, Matthew Schanck, presidente da ONG Maritime Search and Rescue Council (Conselho de Busca e Resgate Marítimo, em tradução direta), disse que o superiate estava "ancorado em um ponto conhecido", perto do porto de Porticello:

"Dependendo da direção do vento e do estado do mar, o capitão tem informações para decidir se é uma área segura para ancorar ou não. Não havia nada que fosse muito preocupante, para mim. No geral, o capitão usou as informações que tinha para tomar uma decisão segura", comentou Schanck.

É possível que uma mudança tão brusca nas condições metereológicas estejam associadas às mudanças climáticas, que têm contribuído para o tempo instável e às vezes violento do Mar Mediterrâneo neste verão europeu.

Segundo o Financial Times, o Mediterrâneo é um local de cruzeiro que atrai superiates durante o verão do hemisfério Norte porque o clima é tipicamente quente e ensolarado, e tempestades são raras. Na última quinta-feira, o Mediterrâneo atingiu uma temperatura média de 28,9 °C — sua maior temperatura de superfície já registrada — e recordes semelhantes estão sendo quebrados em outros mares. Junho foi o 15º mês consecutivo em que as temperaturas globais do mar atingiram um recorde e os meteorologistas preveem que as águas mais quentes podem alimentar uma intensa temporada de furacões no Atlântico.

Outro fator que pode ter causado o naufrágio está ligado à própria estrutura do Bayesian. O veleiro de luxo de 184 pés tem um mastro de 75 metros — o mastro de alumínio mais alto do mundo, de acordo com a Perini Navi, fabricante da embarcação — que pode ter ampliado o efeito dos fortes ventos. Mesmo sem velas levantadas, um barco com mastro alto tem muito "windage", termo usado na aerodinâmica para descrever a área de superfície exposta ao vento. O barco pode ter adernado tanto que a água pode ter entrado através de janelas abertas, escotilhas ou escadas de convés.

Como foi o naufrágio

À Reuters, Karsten Borner, o capitão de um barco próximo, disse que estava usando seu motor para manter o controle de sua própria embarcação e evitar uma colisão com o Bayesian quando o tempo piorou. Ele disse que o Bayesian "ficou plano (com o mastro) na água e então afundou".

Até o momento sabe-se que ao menos uma pessoa morreu e seis ficaram desaparecidas após o naufrágio do Bayesian. O corpo de um homem foi encontrado ao lado da embarcação, anunciou a Guarda Costeira italiana em comunicado. A vítima seria um cozinheiro de bordo com dupla cidadania, canadense e antiguano.

O superiate com a bandeira do Reino Unido navegava no início da manhã pela costa de Palermo, a capital da Sicília, quando foi atingido por uma tempestade repentina e violenta. A embarcação aparece em sites de locação com valores de até US$ 215 mil (R$ 1,1 milhão) por semana.

"Eles estavam no lugar errado na hora errada", disse à AP Salvo Cocina, da agência de proteção civil da Sicília, observando que outro superiate próximo não foi tão danificado e chegou a conseguir resgatar alguns dos 15 sobreviventes do Bayesian.

O Corpo de Bombeiros da Itália informou que seus mergulhadores começaram a realizar a missão de busca e resgate ao amanhecer. Porta-voz da instituição, Luca Cari disse à imprensa internacional que a embarcação estava a cerca de 50 metros de profundidade — e que, por isso, a operação era "complicada" e exigia profissionais especializados.

Oito dos 15 passageiros resgatados foram levados para hospitais em Palermo. A passageira mais jovem a bordo, uma menina de 1 ano chamada Sophie, foi levada ao hospital Di Cristina com sua mãe, que apresentava alguns arranhões e cortes, segundo relato de Domenico Cipolla, diretor da sala de emergência pediátrica do hospital, à imprensa local. O pai da bebê estava na sala de emergência para adultos do hospital e manteve contato com sua esposa e filha por telefone.

"Todos estão em boas condições, exceto pelo grande estresse emocional", disse Cipolla ao jornal italiano Corriere della Sera. "Conseguimos fazer os pais conversarem por telefone, entre médicos e enfermeiros todos comovidos, também porque a menina está bem, os parâmetros estão bons e estamos realizando exames apenas por precaução".

À agência de notícias italianas ANSA, a mãe da menina, identificada apenas como Charlotte, disse que chegou a perder momentaneamente o contato com Sophie na água, mas que conseguiu mantê-la acima das ondas até serem retiradas por um bote salva-vidas. Segundo ela, o barco naufragou na madrugada, quando as pessoas dormiam. Por isso, disse, os passageiros acordaram já dentro da água. As operações de resgate envolveram helicópteros e barcos da Guarda Costeira e da proteção civil.

O iate, construído em 2008 pela empresa italiana Perini Navi, podia acomodar 12 passageiros em quatro cabines duplas, uma tripla e a suíte principal, além das acomodações da tripulação, segundo o Charter World e o Yacht Charters. O navio, que se chamava Salute quando navegava sob bandeira holandesa, apresentava um interior minimalista em madeira clara com acentos japoneses, projetado pelo designer francês Remi Tessier, de acordo com descrições e fotos nos sites de aluguel.

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