Minha Luta, de Adolf Hitler: jornal italiano defendeu distribuição alegando que livro é "antídoto contra as toxinas do nacional-socialismo" (Reuters/Fabrizio Bensch)
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2016 às 11h29.
"Conhecer para recusar". Com este argumento, o jornal italiano de direita Il Giornale oferecia neste sábado a seus leitores "Mein Kampf", de Adolf Hitler, uma inciativa que escandalizou a comunidade judaica e o primeiro-ministro Matteo Renzi.
Renzi se manifestou rapidamente em sua conta no Twitter sobre a divulgação na Itália desta obra, escrita em 1925 por aquele que cometeu o maior genocídio da História.
"Me parece estranho que um jornal italiano forneça hoje em dia Mein Kampf, de Hitler. Envio uma afetuosa saudação à comunidade judaica. Nunca mais!", escreveu o presidente do Conselho.
"É um fato estranho, a anos-luz de toda essa lógica de aprofundamento e estudo da Shoah", respondeu, por sua parte, o presidente da comunidade judaica italiana, Renzo Gattena, julgando de "indecente" a iniciativa do Giornale.
"Conhecer para recusar. Ler Mein Kampf é um verdadeiro antídoto contra as toxinas do nacional-socialismo", justificou-se o jornal, que publica uma versão de 1937 de "Mein Kampf" (Minha Luta) em uma edição comentada pelo historiador Francesco Perfetti.
O Il Giornale explicou que "Mein Kampf" é o primeiro de uma série de oito livros dedicados à história do Terceiro Reich que oferecerá a seus leitores nas próximas semanas.
Conhecido por suas posições de direita, em especial na questão da imigração, o jornal, dirigido por Alessandro Sallusti e propriedade de Paolo Berlusconi, irmão do ex-chefe do governo Silvio Berlusconi, possui uma tiragem de 200.000 exemplares.