O Ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza, afirmou no seu último relatório neste sábado que 7.703 pessoas, principalmente civis, morreram nos bombardeios israelenses (JOSEPH EID/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 28 de outubro de 2023 às 09h37.
O Exército israelense continua bombardeando a Faixa de Gaza neste sábado, 28, depois de combates terrestres entre soldados e milicianos do movimento islamita palestino Hamas e de bombardeios noturnos de intensidade sem precedentes desde o início da guerra, que destruíram centenas de edifícios em uma noite.
No 22º dia do conflito, que provocou milhares de mortos, o território palestino de Gaza, sitiado por Israel e onde 2,4 milhões de habitantes vivem na pobreza, privados de tudo, está agora isolado do mundo devido ao corte das comunicações e de Internet.
A ONU diz temer uma "avalanche de sofrimento humano" na Faixa de Gaza, onde o Exército israelense promove uma devastadora campanha de bombardeios desde 7 de outubro, em retaliação à ofensiva sem precedentes que os milicianos do Hamas lançaram em território israelense e que deixou 1.400 mortos, a maioria civis de todas as idades. Entre os mortos estão mais de 300 militares.
O Ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza, afirmou no seu último relatório neste sábado que 7.703 pessoas, principalmente civis, morreram nos bombardeios israelenses. Segundo o Hamas, mais de 3.500 crianças estão entre os mortos.
Neste sábado, o porta-voz do serviço de Defesa Civil de Gaza informou que centenas de edifícios e casas foram "completamente destruídos" apenas nos bombardeios israelenses da madrugada.
O Exército de Israel disse ter atingido "150 alvos subterrâneos" no norte da Faixa de Gaza, onde afirma que o Hamas conduz suas operações a partir de uma gigantesca rede de túneis. O Exército afirmou ter matado "vários terroristas do Hamas", incluindo um dos responsáveis pela organização da ofensiva de 7 de outubro.
Segundo jornalistas da AFP em Gaza, os bombardeios israelenses por aviação e artilharia continuaram neste sábado. Durante a noite, o Hamas relatou intensos confrontos entre os seus combatentes e soldados israelenses, que atacaram Beit Hanun, no norte da Faixa, e Al Bureij, no centro.
Os militares israelenses confirmaram que as suas forças haviam operado "dentro de Gaza", tal como fizeram nas duas noites anteriores. Em resposta, o Hamas disparou foguetes contra várias cidades de Israel.
"Continuaremos bombardeando por via aérea e marítima", disse o porta-voz do Exército, Daniel Hagari. "A eliminação (dos líderes do Hamas) os enfraquece", acrescentou, observando que o Exército não reportou vítimas durante as operações noturnas.
A perspectiva de uma ofensiva terrestre israelense em Gaza preocupa a comunidade internacional, que teme que o conflito desencadeie um conflito regional. O Irã, patrocinador do Hamas e do movimento libanês Hezbollah, emitiu vários avisos sobre isso aos Estados Unidos, o mais fiel aliado de Israel.
"Israel deve parar imediatamente com esta loucura", acrescentou neste sábado o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em uma mensagem na rede social X.
Depois dos últimos bombardeios israelenses e de "uma noite de imensa angústia", as famílias dos reféns detidos pelo Hamas, na sua maioria israelenses, disseram estar "preocupadas" com o seu destino e exigiram explicações ao governo de Benjamin Netanyahu.
Segundo o Exército de Israel, 229 reféns - israelenses, de dupla nacionalidade ou estrangeiros - foram capturados em 7 de outubro pelo Hamas e levados à força para Gaza. Desde então, os islamitas libertaram quatro mulheres cativas.
Na quinta-feira, o Hamas disse que quase 50 reféns morreram nos ataques israelenses.
Os bombardeios noturnos coincidiram com um apagão de comunicações e Internet na Faixa de Gaza.
O Crescente Vermelho palestino e várias ONGs e agências da ONU afirmaram ter perdido contato com as suas equipes em Gaza.
As operações humanitárias e a atividade hospitalar "não podem continuar sem comunicações", advertiu Lynn Hastings, coordenadora do gabinete de assuntos humanitários da ONU.
Além disso, esta situação "também impede que as ambulâncias cheguem aos feridos", afirmou o diretor da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"Este bloqueio de informação cria o risco de encobrir atrocidades em massa e de contribuir para a impunidade das violações dos direitos humanos", afirmou a Human Rights Watch.
O enclave palestino está sujeito a um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo israelense há 16 anos, ao qual se soma, desde 9 de outubro, um "cerco total" por parte do Estado hebreu. O porta-voz militar Hagari esclareceu que neste sábado será permitida a entrada de alimentos, remédios e água para a população de Gaza.
Desde 21 de outubro, apenas 84 caminhões de ajuda humanitária chegaram a Gaza vindos do vizinho Egito, segundo a ONU, que estima que seriam necessários pelo menos cem por dia.
Ao mesmo tempo, a tensão atinge o seu ponto mais alto na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967. Mais de uma centena de palestinos morreram ali pelas mãos de soldados ou colonos israelenses desde 7 de outubro.
Na fronteira norte com o Líbano, também há trocas de disparos quase diárias entre as forças de Israel e o Hezbollah desde essa data.