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Iraque acusa Israel de violar seu espaço aéreo durante ataques contra o Irã

Bagdá faz acusação em uma carta à ONU; agências de notícias iranianas afirmam que bombardeios de sexta-feira mataram um civil

Agência o Globo
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Publicado em 28 de outubro de 2024 às 10h37.

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O Iraque acusou Israel de violar seu espaço aéreo durante a onda de ataques retaliatórios ao Irã na última sexta-feira (madrugada de sábado no horário local) — a qual Teerã prometeu nesta segunda-feira responder de maneira "firme e eficaz". O ataque deixou um civil iraniano morto, segundo as agências de notícias iranianas, embora as autoridades não tenham relatado a morte de quaisquer civis nos bombardeios.

"A natureza da nossa resposta dependerá da natureza do ataque", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baghaei, durante a conferência de imprensa semanal, acrescentando que o país utilizará "todos os meios disponíveis para responder com firmeza e eficácia à agressão do regime sionista".

Em carta protesto direcionada ao chefe da ONU, António Guterres, e ao Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira, Bagdá condenou o que descreveu como "flagrante violação" da "soberania do Iraque" durante o ataque. O conselho se reunirá nesta segunda para discutir a situação no Oriente Médio em reunião solicitada pelo Irã no dia anterior. Durante a resposta israelense, uma forte explosão de origem desconhecida foi relatada no norte do Iraque, e o governo fechou o espaço aéreo.

"O governo iraquiano reafirma seu compromisso inabalável com a soberania, a independência e a integridade territorial do Iraque. Ele não permitirá que o espaço aéreo ou a terra iraquiana sejam usados para ataques a outras nações, particularmente países vizinhos com os quais o Iraque compartilha respeito e interesses mútuos", disse o porta-voz do governo, Bassim Alawadi, no comunicado. Alawadi disse que o Ministério das Relações Exteriores também abordaria "essa violação" em conversas com os EUA, principal aliado e principal fornecedor de armas de Israel.

Bagdá tem laços estreitos com Teerã, mas também uma parceria estratégica com Washington, que tem tropas no Iraque como parte de uma coalizão internacional anti-jihadista.

Embora o governo iraquiano tenha procurado evitar ser arrastado para o crescente conflito regional, algumas facções pró-Irã lançaram ataques contra as forças americanas na região e reivindicaram a responsabilidade por drones enviados a Israel. Um grupo alinhado a Teerã, o influente Kataeb Hezbollah, condenou no domingo o uso israelense do espaço aéreo iraquiano para atacar o Irã como um "precedente perigoso". Ele acusou Washington de ser cúmplice do ataque israelense, alertando ambos sobre uma resposta à "agressão".

Israel 'não respeita limites'

Ao comentar a suposta violação do espaço aéreo iraquiano, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano disse que Teerã estava "certo de que nenhum país vizinho deu essa permissão ao regime sionista". Os militares iranianos disseram que algumas aeronaves israelenses haviam disparado um "pequeno número de mísseis de longo alcance... à distância", dentro do espaço aéreo do Iraque patrulhado pelos EUA. O porta-voz Baghei instou o Conselho de Segurança da ONU a adotar uma postura "firme e decisiva" em relação ao ataque.

"O regime sionista não respeita quaisquer limites [...] violou repetidamente o espaço aéreo de muitos países", disse Baghei, acrescentando: "Certamente esperamos que nossos amigos no Iraque anunciem as reações necessárias, inclusive registrando seu protesto nas Nações Unidas, e não permitam que tais incidentes ocorram novamente".

Alvos atacados

Pelo menos quatro soldados foram mortos em bombardeios israelenses, segundo o Exército, e as agências de notícias iraniana Fars e Tasnim afirmam que um civil identificado como Allahverdi Rahimpour foi morto. Ele já foi enterrado. De acordo com a imprensa, a vítima foi atingida perto de Teerã. De acordo com Tasnim, Rahimpour trabalhava como "guarda [de segurança] para uma empresa" e morava na cidade de Nassimshahr, a sudoeste de Teerã.

O Estado judeu não forneceu detalhes, mas considerou um sucesso o bombardeio de sexta-feira. Em sua primeira reação pública, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou no domingo que conseguiram reduzir o potencial defensivo e a capacidade iraniana de fabricar mísseis. Segundo Israel, a República Islâmica tem agora menos margem para realizar um ataque como o do início de outubro e, por sua vez, sua infraestrutura está mais exposta caso Israel decida atacar novamente.

"Prometemos que responderíamos ao ataque iraniano e, no sábado, atacamos. O ataque contra o Irã foi preciso e potente, e cumpriu todos os objetivos", disse Netanyahu em um discurso divulgado no X.

Israel lançou ataques aéreos contra instalações militares no Irã na noite de sexta-feira (madrugada de sábado na região), arriscando uma nova escalada regional, mais de um ano após a guerra de Gaza e um mês após o início da guerra entre Israel e o Hezbollah no Líbano. Cerca de sete explosões foram ouvidas ao redor da capital iraniana e do subúrbio de Karaj. Houve relatos de explosões em Isfahã e Mashhad, duas das maiores cidades do país.

O ataque foi uma resposta à salva de mísseis iranianos em 1º de outubro, este por sua vez uma represália à morte de líderes de grupos apoiados pelo Irã — como o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh — e de um comandante da Guarda Revolucionária iraniana. Baghaei afirmou que o "objetivo" do Irã é estabelecer um cessar-fogo em Gaza e no Líbano.

 

 

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