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Governo dos EUA começa a publicar documentos do caso Epstein

Divulgação dos arquivos com tarjas gera críticas de democratas, reacende pressões por transparência e expõe antigos vínculos do financista

Fotografias divulgadas incluem o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, o cantor dos Rolling Stones, Mick Jagger, o presidente do Grupo Virgin, Richard Branson, e Ghislaine Maxwell (Foto por MANDEL NGAN/AFP)

Fotografias divulgadas incluem o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, o cantor dos Rolling Stones, Mick Jagger, o presidente do Grupo Virgin, Richard Branson, e Ghislaine Maxwell (Foto por MANDEL NGAN/AFP)

Publicado em 20 de dezembro de 2025 às 12h44.

Última atualização em 20 de dezembro de 2025 às 12h49.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciou nesta sexta-feira (19) a divulgação dos registros relacionados à investigação envolvendo o financista Jeffrey Epstein. A liberação dos documentos, aguardada há anos, foi feita de forma limitada, com tarjas de censura.

Epstein, figura conhecida nos círculos da elite de Nova York, foi condenado em 2008 por crimes ligados ao aliciamento de menores  à prostituição e foi encontrado enforcado na prisão em 2019, antes do início de um novo julgamento por crimes sexuais. A circunstância da morte impulsionou uma série de teorias conspiratórias sobre um possível assassinato para proteger pessoas influentes.

Entre os arquivos tornados públicos há imagens que mostram o ex-presidente Bill Clinton e outras personalidades conhecidas em encontros com Epstein, incluindo o vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger. Apesar disso, boa parte do material permanece com trechos ocultos, o que levanta questionamentos sobre a transparência da divulgação e aumenta suspeitas de acobertamento.

O conjunto de arquivos também inclui, por exemplo, sete páginas com a listagem de 254 massagistas, todos ocultados. Segundo a justificativa oficial, a medida visa proteger a identidade de possíveis vítimas.

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Lista de massagistas ocultada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (Foto porMANDEL NGAN/AFP)

Outro documento reúne dezenas de fotografias censuradas, algumas com pessoas nuas ou com pouca roupa, além de imagens em que Epstein aparece acompanhado de terceiros com os rostos borrados e, em alguns casos, na presença de armas de fogo.

Entre as imagens inéditas, uma mostra Bill Clinton mais jovem, em uma jacuzzi, com parte da fotografia coberta por um retângulo preto. Em outra, o ex-presidente aparece nadando ao lado de uma mulher de cabelos escuros, identificada como Ghislaine Maxwell, considerada cúmplice de Epstein.

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Imagem divulgada do ex-presidente americano Bill Clinton em uma jacuzzi, em local não identificado (Foto por HANDOUT/US DEPARTMENT OF JUSTICE/AFP)

As imagens rapidamente geraram reações de integrantes do governo. "@BillClinton apenas relaxando, sem nenhuma preocupação no mundo", publicou no X o diretor de comunicação da Casa Branca, Steven Cheung. "Ai, Deus!", acrescentou a secretária de imprensa, Karoline Leavitt.

Em resposta, Ángel Ureña, subchefe de gabinete de Clinton, afirmou que o país "precisa de respostas, não de bodes expiatórios". Segundo ele, há uma tentativa de desviar o foco do que ainda pode vir à tona. Ureña reiterou que Clinton rompeu qualquer relação com Epstein antes da revelação pública dos crimes e que o ex-presidente "não tinha conhecimento de atividades ilegais".

Publicação censurada

As relações entre algumas das pessoas citadas nos arquivos e Jeffrey Epstein já eram de conhecimento público, e as imagens divulgadas até agora não indicam, de forma direta, a prática de crimes.

Antes da liberação do material, o vice-procurador-geral Todd Blanche alertou que os documentos passariam por edições e tarjas de sigilo, com o objetivo de preservar possíveis vítimas.

Segundo ele, não há expectativa de novas denúncias neste momento, apesar da continuidade das apurações. "Até agora, não surgiram novas acusações, mas as investigações seguem em andamento", afirmou em entrevista à Fox News.

O presidente Donald Trump, que manteve relação pessoal com Epstein no passado, tentou por meses barrar a divulgação dos arquivos sob responsabilidade do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, mesmo após ter prometido, durante a campanha eleitoral de 2024, total transparência sobre o caso.

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Diante da pressão do Congresso, inclusive de parlamentares do Partido Republicano, Trump acabou sancionando, em 19 de novembro, uma legislação que determinou a publicação dos documentos em até 30 dias, prazo encerrado à meia-noite desta sexta-feira.

Todd Blanche acrescentou ainda que novas divulgações são esperadas nas próximas semanas, com a liberação de "centenas de milhares" de documentos relacionados ao caso.

Acusação de 'encobrimento'

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, criticou a divulgação parcial dos documentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein, antes mesmo da liberação oficial do material.

"As pessoas querem a verdade e continuam exigindo a publicação imediata de todos os arquivos de Epstein", disse Schumer em comunicado. "Isso não passa de um encobrimento para proteger Donald Trump de seu passado obscuro", ressaltou.

Na semana passada, congressistas do Partido Democrata tornaram públicas imagens que mostram Epstein ao lado do ex-presidente Bill Clinton, além de empresários de destaque, como Bill Gates e Richard Branson, e do cineasta Woody Allen. Trump também aparece em algumas das fotografias, acompanhado de mulheres com os rostos desfocados.

Transparência exigida por lei

A chamada Lei de Transparência dos Arquivos de Epstein determina que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgue todos os documentos não sigilosos em seu poder relacionados ao caso.

A legislação abrange registros vinculados ao financista, à sua colaboradora Ghislaine Maxwell - que cumpre pena de 20 anos de prisão - e a demais pessoas citadas nos processos judiciais.

*Com informações de AFP

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