Mundo

EUA não vão participar de retaliações contra o Irã, diz porta-voz da Casa Branca

John Kirby disse os norte-americanos não estão "procurando uma guerra” no Oriente Médio. G7 condena ataque do Irã e pede moderação 'de todas as partes'

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 14 de abril de 2024 às 13h59.

Última atualização em 14 de abril de 2024 às 14h41.

O principal porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse neste domingo, 14, que os Estados Unidos vão continuar ajudando Israel a se defender, mas não vão participar de uma contraofensiva ao Irã.

No sábado, 13, os iranianos enviaram mais de 300 mísseis e drones em direção ao território israelense em retaliação ao bombardeio do consulado do país na Síria no último dia 1º de abril, que causou, entre outras, a morte do comandante da Guarda Revolucionária do Irã.

“O presidente [Biden] não acredita que seja necessário avançar nessa direção [guerra]”, disse Kirby em entrevista ao programa “Meet the Press”, da NBC News.

O porta-voz disse que os norte-americanos não estão "procurando uma escalada” e que o presidente Joe Biden declarou apoio "a conquista militar incrível de Israel", que conseguiu interceptar 99% dos projeteis iranianos com o Domo de Ferro e ajuda de aliados. Kirby evitou, porém, definir qual seria a "linha vermelha" que faria que os EUA se envolverem diretamente no conflito.

“Não vou entrar em mais detalhes. Mais uma vez, volto ao que o presidente disse repetidas vezes: não buscamos uma escalada. Não buscamos uma guerra mais ampla na região", disse.

Kirby acrescentou ainda que o país mantém comunicações por canais secundários com o Irã para evitar o aumento das hostilidades em todo o Oriente Médio.

"Queremos deixar claro que defendemos e continuaremos a defender Israel, e quão seriamente vamos levar qualquer ameaça potencial ao nosso pessoal e nossas instalações na região", afirmou.

Segundo veículos americanos, em telefone neste domingo, Biden afirmou ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que não vai apoiar nenhum contra-ataque israelense. A preocupação do governo americano é que uma resposta a retaliação do Irã pode levar a uma guerra na região com efeitos perigosos.

O Gabinete de Guerra de Israel está reunido neste domingo para definir uma possível resposta ao Irã. O ministro do Gabinete de Guerra de Israel, Benny Gantz, disse que o país irá “cobrar o preço do Irã da maneira e no momento que nos convier” e que o evento "não acabou". Após os ataques, as autoridades iranianas afirmaram que o assunto estava encerrado. O gabinete é composto por Gantz, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Yoav Gallant.

G7 afirma que ataque do Irã pode provar “escalada regional incontrolável”

Em reunião neste domingo, os líderes do G7, as sete maiores economias do mundo, conderam os ataques do Irã a Israel neste sábado e reafirmaram o  compromisso do grupo com a segurança israelense. O grupo defendeu ainda moderação de todas as partes. 

“Com as suas ações, o Irã avançou ainda mais na direção da desestabilização da região e corre o risco de provocar uma escalada regional incontrolável. Isso deve ser evitado”, diz o comunicado divulgado pela Itália, presidente do G7, após uma reunião entre os membros do grupo. 

Os líderes afirmaram também que exige que o Irã e seus braços cesses seus ataques imediatamente. O G7 garantiu que seguirá em busca de um cessar-fogo “imediato e sustentável” na Faixa de Gaza.

O que se sabe sobre o ataque do Irã a Israel?

O Irã enviou mais de 300 mísseis e drones para atacar o território de Israel no sábado. A ação iraniana foi uma retaliação ao bombardeio do consulado do país na Síria no último dia 1º de abril, que causou, entre outras, a morte do comandante da Guarda Revolucionária do Irã. As tensões entre o Irã e Israel aumentaram desde o início da guerra em Gaza, em outubro.

O país afirmou que o ataque a Israel foi em "legítima defesa" e citou o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas. A Missão Diplomática do Irã disse ainda que considera o assunto "encerrado" e advertiu para que os Estados Unidos fiquem longe da situação. Os iranianos afirmaram também que caso Israel decida revidar, a resposta do Irã será "mais severa".

Autoridades do Irã afirmaram ainda que notificaram países vizinhos que iria realizar os envios. Os drones demoraram horas até chegar ao alvo. Com isso, o Domo de Ferro israelense e aliados do país, como Estados Unidos e Reino Unido, interceptaram os projeteis quando sobrevoavam a Síria e a Jordânia. Israel disse que interceptou 99% dos mísseis e drones, sem graves consequências ao país.

Após os ataques, o G7, o Conselho de Segurança da ONU e o Gabinete de Guerra de Israel realizam reuniões neste domingo para discutir o conflito.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)IsraelIrã

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado