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EUA 'não aceitará' produtos chineses vendidos abaixo do custo, diz Yellen

A secretária americana do Tesouro desembarcou na quinta-feira em Guangzhou, no sul da China, e deve deixar o país na manhã de terça-feira, com um voo procedente de Pequim

Relação China x EUA: a visita de Yellen se concentrou em abordar o "excesso de capacidade" de produção do país asiático (Alex Wong/Getty Images)

Relação China x EUA: a visita de Yellen se concentrou em abordar o "excesso de capacidade" de produção do país asiático (Alex Wong/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 8 de abril de 2024 às 10h22.

Última atualização em 8 de abril de 2024 às 10h33.

O governo dos Estados Unidos "não aceitará" que o mercado mundial seja inundado por produtos chineses vendidos por preços abaixo do custo, afirmou nesta segunda-feira, 8, a secretária americana do Tesouro, Janet Yellen, durante uma visita à China.

Yellen desembarcou na quinta-feira em Guangzhou, no sul da China, e deve deixar o país na manhã de terça-feira, com um voo procedente de Pequim.

A visita se concentrou em abordar o "excesso de capacidade" de produção do país asiático.

Ao citar como exemplo o aço chinês, cuja chegada aos mercados há mais de dez anos — com grande apoio do governo, o que gerou um preço abaixo do custo — "dizimou indústrias de todo o mundo e dos Estados Unidos", Yellen declarou: "Eu deixei claro que o presidente Biden e eu não aceitaremos esta realidade novamente".

"Sei que nossos sócios e aliados compartilham preocupações semelhantes, tanto as economias desenvolvidas como em desenvolvimento", acrescentou.

Washington teme que os subsídios em larga escala do governo chinês ao setor tecnológico, de energias verdes, dos carros elétricos e das baterias provoquem a chegada de produtos baratos no mercado mundial, o que pode prejudicar os concorrentes estrangeiros.

Segurança nacional

O tema foi discutido por Yellen e pelo vice-primeiro-ministro He Lifeng, designado pelo Partido Comunista Chinês para comandar as questões econômicas.

A americana também foi recebida pelo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e os dois se declararam dispostos a reforçar o diálogo, apesar das divergências entre as duas potências.

Yellen afirmou que está particularmente preocupada com os "desequilíbrios" da economia chinesa, sobretudo com o baixo consumo das famílias e o excesso de investimentos, "agravados pelo apoio em larga escala do governo a determinados setores industriais".

As preocupações foram minimizadas por Pequim.

"As acusações de 'excesso de capacidade' por parte dos Estados Unidos e da Europa são infundadas", declarou no domingo o ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, durante uma visita a Paris, segundo a agência estatal Xinhua.

Excesso de capacidade de produção

Os dois países concordaram em continuar conversando sobre o excesso de capacidade de produção.

Porém, segundo a Xinhua, Li Qiang disse a Yellen que Washington deveria abordar a questão da capacidade de produção "objetivamente e pensando no mercado".

Yellen também mencionou "conversas difíceis sobre segurança nacional", nas quais alertou as autoridades chinesas sobre as consequências de um apoio militar à Rússia e de um eventual recurso a medidas econômicas para salvaguardar a segurança nacional.

Apesar da tensão, ela afirmou que Washington não adotará medidas econômicas "surpresa" na área de segurança nacional.

"Embora o governo dos Estados Unidos tenha de avaliar continuamente suas medidas de segurança nacional, levando em consideração a rapidez dos desenvolvimentos tecnológicos, estamos comprometidos a não adotar medidas surpresa", declarou, antes de pedir à China que demonstre "transparência" nesta área.

Yun Sun, analista do Stimson Center, fez uma avaliação bastante positiva da visita da secretária do Tesouro à China, durante a qual ela expressou as preocupações dos Estados Unidos e "testou" a reação chinesa.

Ela, no entanto, não espera que a China modifique o seu modelo de crescimento a curto prazo, pois a economia do país "não está na sua melhor forma".

Mas o fato de os países concordarem em cooperar em algumas áreas, como a luta contra a lavagem de dinheiro, fortalecerá a confiança bilateral, considerou Yun Sun.

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