Libanês usa estilingue para jogar pedra na polícia durante os protestos em Beirute (Daniel Carde/Getty Images)
Carla Aranha
Publicado em 10 de agosto de 2020 às 18h05.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 18h06.
Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) deve partir de São Paulo nesta quarta-feira, 12, pra levar suprimentos hospitalares, remédios e cestas básicas para o Líbano, fortemente abalado pelas explosões que destruíram bairros inteiros na capital, Beirute, e deixaram pelo menos 200 mortos. Ainda não está definido se o ex-presidente Michel Temer fará parte da comitiva brasileira – caso ele consiga autorização da Justiça para viajar, deverá chegar em Beirute na quinta-feira, 13.
Temer, que é filho de libaneses, responde a processos relativos à operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Segundo seus advogados, o pedido de autorização para a viagem de Temer já está pronto e deverá ser entregue à 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, comandada pelo juiz Marcelo Bretas.
Segundo o embaixador libanês no Brasil, Joseph Sayah, alimentos não-perecíveis como arroz deverão ser enviados de navio. “O acidente no Líbano deixou 6.000 feridos e destruiu três hospitais, portanto o principal objetivo agora é enviar suprimentos médicos essenciais”, diz. A lista de produtos emergenciais e a coordenação do envio dos materiais está sendo organizada junto ao governo libanês.
Outros aviões da FAB deverão ser enviados ao Líbano com produtos como material de construção e água mineral. “Temos um laço muito grande com o Líbano por conta da imensa colônia de libaneses no Brasil, e queremos colaborar com o que pudermos nesse momento tão difícil”, diz Rubens Hannun, presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, com sede em São Paulo.
“Caso o ex-presidente Temer consiga embarcar, o Libano provavelmente vai interpretar esse gesto como um ato importante de solidariedade, já que até agora o único chefe de Estado que visitou o país foi o presidente Emmanuel Macron, da França”.
A explosão no porto de Beirute representou o ápice da profunda crise econômica e política que tomou conta do Líbano desde pelo menos o ano passado. O descontrole nos gastos públicos elevou o endividamento do país a 170% do PIB. Hoje, a taxa de desemprego chega a 30% e a inflação é galopante. Protestos em massa realizados em Beirute nos últimos dias forçaram o governo a renunciar nesta segunda, 10. Um novo gabinete deverá ser formado em breve.