Boris Johnson, do Reino Unido: os britânicos disseram estar preocupados com o uso de produtos de nações com alto risco de desmatamento (Dinendra Haria/WENN//AGB Photo)
AFP
Publicado em 4 de junho de 2020 às 10h33.
Última atualização em 4 de junho de 2020 às 10h46.
O Reino Unido está organizando uma cúpula virtual para angariar fundos para a Vaccine Alliance (GAVI), nesta quinta-feira (4), e seu primeiro ministro, Boris Johnson, pediu uma "nova era de cooperação global" em questões de saúde diante da pandemia de coronavírus.
"Espero que este encontro seja o momento em que o mundo se junte para unir a humanidade na luta contra a doença", afirma o discurso de abertura a ser proferido por Downing Street.
"Peço a vocês que se unam a nós para fortalecer essa aliança que salva vidas e inaugurar uma nova era de cooperação mundial em saúde", dirá Johnson, cujo país é o segundo mais afetado pelo coronavírus, com quase 40.000 mortes confirmadas.
O Reino Unido é o maior colaborador da GAVI, com 1,65 bilhão de libras (2,08 bilhões de dólares) prometidos pelos próximos cinco anos.
Nesta cúpula virtual de mais de 50 países e mais de 35 chefes de estado e de governo, a Aliança espera arrecadar 7,4 bilhões de dólares para continuar as campanhas mundiais de vacinação contra sarampo, poliomielite, ou febre tifoide, em grande medida interrompidas pela pandemia de COVID-19.
Também se pedirá financiamento para a compra e a produção de uma possível futura vacina contra a COVID-19, bem como sua distribuição nos países em desenvolvimento.
Para a vacina contra o novo coronavírus, o objetivo da Aliança é arrecadar US$ 2 bilhões.
O bilionário americano Bill Gates, cuja fundação é muito ativa na pesquisa de vacinas, disse nesta quinta que vários laboratórios farmacêuticos estão dispostos a disponibilizar sua capacidade de produção, assim que a vacina for desenvolvida - mesmo que não se escolha a que eles estejam produzindo.
Em entrevista à rádio pública britânica BBC, Gates disse que isso é fundamental para garantir que o maior número possível de pessoas tenha acesso à vacina, quando for descoberta.
"Essas empresas fazem isso para ajudar o mundo, não porque pensam que podem obter benefícios de uma vacina, mas porque sabem que é um bem público", afirmou.
"Quando tivermos uma vacina, queremos desenvolver imunidade coletiva" e, para isso, precisamos garantir que ela seja ministrada a "mais de 80% da população mundial", acrescentou, reconhecendo que os rumores, ou teorias conspiratórias, que circulam pelas redes sociais podem minar esse objetivo.
A cúpula da GAVI acontece em um momento delicado, no qual a pandemia exacerbou ataques contra o multilateralismo, em meio à ruptura do presidente dos EUA, Donald Trump, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao medo de que os Estados Unidos tenham controle sobre futuras vacinas.
"É de grande importância, e estamos alcançando isso, que haja consenso e apoio internacional em todo mundo para encontrar uma vacina e fornecê-la para todos aqueles que são vulneráveis, porque ninguém estará seguro até que todos estejam", disse à AFP a a ministra britânica do Desenvolvimento Internacional, Anne-Marie Trevelyan.
Anna Marriott, encarregada da Saúde na Oxfam, aplaudiu o estabelecimento de um novo fundo para ajudar os países em desenvolvimento a terem acesso a uma futura vacina.
Em nota, ela enfatizou, porém, que "a GAVI e os governos que a financiam devem primeiro enfrentar o poder monopolista da indústria farmacêutica que se interpõe o caminho de uma vacina para os povos".
"O dinheiro dos contribuintes deve ser investido em vacinas e tratamentos isentos de royalties e disponíveis para todas as nações a preço de custo", insistiu.
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