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Após 99 dias de guerra, Rússia controla 20% da Ucrânia

As forças russas controlam em torno de 125.000 km2, declarou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky

Guerra na Ucrânia: Rússia já tomou cerca de 20% do território (AFP/AFP)

Guerra na Ucrânia: Rússia já tomou cerca de 20% do território (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 2 de junho de 2022 às 14h05.

O Exército russo estreitou, nesta quinta-feira (2), o cerco no leste da Ucrânia, seu principal objetivo, após quase 100 dias de uma guerra que lhe permitiu controlar 20% do país - segundo as autoridades ucranianas.

Tendo frustrado sua ofensiva-relâmpago para derrubar o governo pró-ocidental em Kiev, Moscou se concentra agora em uma guerra de atrito, especialmente em torno da cidade estratégica de Severodonetsk, para conquistar a bacia de mineração do Donbass, parcialmente controlada desde 2014 por separatistas pró-russos.

Com constantes bombardeios a centros urbanos, o rolo compressor russo nesta região começa a dar frutos.

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Três meses após o início da invasão, as forças russas controlam "cerca de 20%" do território ucraniano, ou seja, em torno de 125.000 km2, declarou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em um discurso perante o Parlamento de Luxemburgo.

Desde a anexação da Crimeia e a captura de um terço do Donbass em 2014 - antes, portanto, do início da guerra deflagrada em 24 de fevereiro -, as forças russas ou pró-russas controlavam 43.000 km2 na Ucrânia.

A partir de 24 de fevereiro, avançaram no leste e no sul, ao longo da costa do Mar Negro e do Mar de Azov, e já controlam um corredor costeiro estratégico que liga o leste da Rússia à Crimeia.

"A situação mais difícil está na região de Lugansk, onde o inimigo está tentando expulsar nossas tropas de suas posições", disse o comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valeri Zalujny, em um comunicado.

Em Severodonetsk, capital administrativa da região, "80% da cidade está ocupada" pelas forças russas, e há combates nas ruas, declarou na madrugada desta quinta o governador da região de Lugansk, Sergii Gaidai.

"A situação no leste é muito difícil", admitiu o presidente ucraniano em entrevista ao veículo americano Newsmax.
"Estamos perdendo de 60 a 100 soldados por dia, mortos em ação, e cerca de 500 pessoas feridas em ação", disse ele.

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"Conter" chegada de "mercenários"

Embora Lugansk apareça como a área onde os combates estão concentrados, outra região do Donbass, Donetsk, não está isenta de hostilidades, especialmente em Sloviansk, cerca de 80 km a oeste de Severodonetsk.

Nos arredores da cidade de Donetsk, a antiga capital regional controlada pelos rebeldes pró-Rússia, os separatistas disseram na quarta-feira que cortaram uma das duas rotas que permitiam o abastecimento da vizinha Avdiivka, ainda nas mãos de Kiev.

"O inimigo tem uma vantagem operacional em termos de artilharia", observou o general Valeri Zalujny, repetindo a necessidade de "transição o mais rápido possível" de seu equipamento para armas do tipo OTAN.

O pedido coincide com o anúncio feito pelos Estados Unidos do envio para Kiev de sistemas avançados de mísseis Himars. Estes equipamentos permitem lançamentos múltiplos de alta precisão, bem como armas antitanque e quatro helicópteros.

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No sul, onde a Rússia também tomou grandes extensões de terra a partir da península da Crimeia, os ucranianos tentam revidar, enquanto Moscou evoca possíveis referendos em julho para anexar as regiões conquistadas.

E, nesta quinta, a Rússia disse que "conteve" a chegada de "mercenários" estrangeiros ansiosos para lutar ao lado dos militares ucranianos.

De acordo com o Ministério russo da Defesa, o número de combatentes estrangeiros "caiu quase pela metade", de 6.600 para 3.500, e um "grande número" deles "prefere deixar a Ucrânia o mais rápido possível".

Esta manhã, as forças russas bombardearam várias linhas ferroviárias na região de Lviv (oeste), aonde costumam chegar as armas que os países ocidentais enviam para a Ucrânia.

Repercussão global

Após quase 100 dias de guerra, milhares de mortos e milhões de deslocados e exilados, o conflito abalou o mapa da segurança na Europa.

Depois de pressionar Suécia e Finlândia a se candidatarem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a invasão também levou os dinamarqueses a votarem massivamente no "sim", em um referendo sobre a entrada do país na política de defesa da União Europeia.

As consequências do conflito vão além do âmbito de segurança e defesa. Cresce cada vez mais a ameaça de uma crise alimentar global, devido ao bloqueio na Ucrânia de pelo menos 20 milhões de toneladas de cereais que não podem ser exportadas.

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Os países ocidentais tentam desbloquear os portos ucranianos do Mar Negro, especialmente o de Odessa (sul), principal porta de entrada de mercadorias do país. A Ucrânia é um dos maiores exportadores de trigo do mundo.

Já a Turquia, membro da Otan mas com relações fluidas com Moscou, tenta mediar esta questão. Uma reunião para discutir o estabelecimento de "corredores seguros" para as exportações está programada para 8 de junho com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, em Ancara.

Escapando pelo menos por um tempo das misérias da guerra, os ucranianos aproveitaram a vitória de sua seleção de futebol na partida contra a Escócia (3-1) na quarta-feira, em Glasgow, na repescagem para a Copa do Mundo de 2022.

Em um jogo rico em emoções, que começou com os jogadores cantando o hino a plenos pulmões, os ucranianos foram superiores e mantiveram vivo o sonho de viajar para o Catar se vencerem o País de Gales no próximo domingo.

(AFP)

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