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Tributar dividendos irá afastar o investidor da Bolsa, diz Barsi

Para Luiz Barsi, um dos maiores investidores pessoa física da bolsa, a tributação de dividendos pode se caracterizar como bitributação

Barsi: "O país já tem uma uma tributação penosa e, agora, está sendo direcionada aos dividendos" (Germano Lüders/Exame)

Barsi: "O país já tem uma uma tributação penosa e, agora, está sendo direcionada aos dividendos" (Germano Lüders/Exame)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 6 de julho de 2021 às 20h03.

Luiz Barsi, um dos maiores investidores pessoas físicas da bolsa brasileira e presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), criticou a reforma tributária que tramita na Câmara dos Deputados.  

Para o bilionário, a proposta que prevê a tributação de dividendos em 20% irá afastar o investidor da bolsa de valores. “O país já tem uma uma tributação penosa e, agora, está sendo direcionada aos dividendos. A tributação vai inibir o cidadão de investir no nosso país”, disse em live realizada nesta terça-feira, 6, no canal Ações Garantem Futuro, no Youtube. 

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Barsi comentou ainda que na década de 70, o Brasil chegou a tributar os dividendos, mas que a medida foi suspensa por se caracterizar como bitributação, já que o lucro já era tributado.“Espero que entendam que se trata novamente de uma bitributação.”

Para Barsi, a tributação deveria ser aplicada quando houvesse “especulação.” Segundo o bilionário, isso faria com que o investidor pensasse nas ações como um investimento de longo prazo. Para ele, os fundos deveriam ser tributados em 15%, assim como as pessoas físicas já são. “Os fundos fazem miséria no mercado. Eles têm privilégios e são isentos.”

De acordo com o economista, no mercado especulativo, apenas a B3 e os fundos são os vencedores. Barsi é um dos críticos da bolsa brasileira devido ao monopólio, já que não existe concorrência, e o excesso de cobrança do investidor: como taxa de corretagem, liquidação, registro, clearing, entre outros. "Antes de tributar os dividendos, o governo deveria tributar a especulação."

Ele também criticou uma possível extinção do “juros sobre capital próprio", chamando de retrocesso. "Os juros sobre capital próprio estimula o empresário a reinvestir aquilo que ele se beneficiou. Ele repõe na empresa cash flow. Não é possível que este governo e um economista, como Paulo Guedes,tenham uma visão tão míope que irá suprimir benefícios tão importantes para a economia do país", finalizou o bilionário. 

Mais de 50 anos de mercado

Economista com décadas de experiência no mercado financeiro, Barsi é referência quando se trata de investimentos. O bilionário construiu o seu patrimônio com a chamada "carteira previdenciária." A estratégia consiste em direcionar todos os investimentos para ações de empresas sólidas e que sejam boas pagadoras de dividendos, visando a formação de um patrimônio de longo prazo. “É investir em bons projetos, é uma parceria de longo prazo, você se torna um pequeno dono dessas empresas", explicou em recente entrevista à EXAME Invest. 

Mais do que olhar para o preço da ação e eventuais valorizações, o que importa para uma carteira de renda mensal de longo prazo é a renda recorrente que ela gera. Isto vem da distribuição de dividendos e dos pagamentos de juros sobre capital próprio, as duas principais formas pelas quais as companhias de capital aberto compartilham seus lucros com seus acionistas na Bolsa. Se houver mudança com a reforma, Barsi afirma que sua carteira segue sendo uma boa estratégia. "Eu tenho absoluta segurança que investir em ações é a melhor forma de formar patrimônio."

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