Vale, Suzano, reajuste salarial, estímulo nos EUA e o que move o mercado
Rendimentos dos títulos americanos batem pico em dois anos, em meio a temor sobre aperto monetário
Guilherme Guilherme
Publicado em 10 de janeiro de 2022 às 08h15.
Última atualização em 10 de janeiro de 2022 às 09h53.
As bolsas internacionais abriram a semana sem uma direção definida, com investidores monitorando as perspectivas de alta de juros nos Estados Unidos , após dados da última semana reforçarem o aquecimento do mercado de trabalho americano.
A taxa de desemprego do país, divulgada no fim da última semana, caiu mais do que o esperado, de 4,2% para 3,9%, aumentando as expectativas sobre o aperto monetário do Federal Reserve (Fed).
Os rendimentos dos títulos americanos avançam nesta segunda-feira, 10, para o maior patamar desde janeiro de 2020 – ainda antes de o Fed cortar o juro para estimular a economia em meio à chegada da pandemia.
O movimento se reflete nas bolsas de valores, com maior pressão sobre ações de crescimento, como são, tipicamente, as do setor de tecnologia. O índice Nasdaq volta a ser destaque negativo no mercado de futuros dos Estados Unidos, enquanto o índice MSCI Global Info Tech Net recua quase 1% nesta manhã.
Mais estímulos?
Apesar das preocupações sobre o aumento de juros, o Partido Democrata reacendeu alguma esperança sobre os estímulos fiscais.
No fim de semana, a presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi, afirmou que a variante Ômicron abriu uma “oportunidade” para novos gastos federais.
Em entrevista à CBS, Pelosi disse que a ajuda poderia ser incluída no projeto de lei para financiar os gastos do governo, após o vencimento de uma medida provisória em 18 de fevereiro.
Reajuste salarial
Enquanto o governo americano planeja novos gastos, o brasileiro, pressionado pelas questões fiscais, aperta o cinto. O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste fim de semana que poderá não haver reajuste salarial aos servidores públicos neste ano.
“Não tem espaço no orçamento. Pode ser que não tenha reajuste para ninguém”, disse Bolsonaro a jornalistas do Estadão.
Vale
O fim de semana também foi marcado por notícias envolvendo o rompimento de uma tubulação da barragem da mina de Pau Branco, em Minas Gerais, devido aos impactos da chuva.
Diante do episódio, a Vale (VALE3) informou nesta segunda que “paralisou parcialmente a circulação de trens na Estrada de Ferro Vitória a Minas (“EFVM”) e a produção dos Sistemas Sudeste e Sul, visando garantir a segurança dos seus empregados e comunidades e em razão do nível elevado de chuvas que atingem Minas Gerais.”
“A Vale está tomando todas as medidas necessárias para a retomada das atividades, mantendo o foco nos cuidados necessários para garantir a segurança dos empregados e das comunidades localizadas no entorno de suas estruturas”, disse a empresa em comunicado ao mercado. A empresa também informou que "segue acompanhando o cenário de chuvas e monitorando suas barragens 24 horas por dia."
Suzano
A Suzano (SUZB3) aprovou a distribuição de 1 bilhão de reais em dividendos, representando 0,74 reais por ação. O pagamento será feito em 27 de janeiro, com base na posição acionária do encerramento do pregão do dia 19.
Agenda da semana
Sem grandes eventos programados para esta segunda, a principal divulgação do dia será o boletim Focus do Banco Central, que apresentará as primeiras perspectivas econômicas do mercado de 2022. A semana, porém, será agitada.
Na terça-feira, 11, dados de inflação ganharão os holofotes com a publicação do IPCA, no Brasil, e de índices de preço na China. Na quarta, 12, será a vez dos Estados Unidos apresentarem sua inflação ao consumidor e o Fed, seu livro bege.
Na quinta, 13, além dos pedidos semanais de seguro desemprego, sairá nos Estados Unidos a inflação ao produtor. Na sexta, 13, a bateria de indicadores econômicos inclui PIB do Reino Unido, vendas do varejo americano e brasileiro e inflação na França.