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Twitter, Meta, Amazon, FTX, Snapchat: até onde vai a tempestade perfeita da Nasdaq?

Guerra na Ucrânia, escassez de semicondutores, retorno da inflação, publicidade vacilante: os gigantes da tecnologia estão conhecendo a dolorosa experiência da crise

Nasdaq (Michael Nagle/Bloomberg via/Getty Images)

Nasdaq (Michael Nagle/Bloomberg via/Getty Images)

O mercado das Big Techs dos Estados Unidos está passando por fortes turbulências. Do caos no Twitter até as fortes baixas da Meta (M1TA34), controladora do Facebook, ao TikTok cada vez mais na mira dos reguladores americanos e europeus por causa do tratamento dos dados dos usuários, passando pela Apple (APPL34) sofrendo com os lockdowns na China que bloqueiam suas produções, a Amazon (AMZO34) cortando milhares de emprego até o colapso da FTX, que poderia ser a "Lehman Brothers das criptomoedas".

A Nasdaq, a Bolsa de Valores americana especializada em empresas de tecnologia, está perdendo cerca de 30% desde o começo do ano, com as ações dos grandes grupos de tecnologia que chegaram a colapsar. Somente a empresa fundada por Mark Zuckerberg já perdeu mais de 66% de seu valor de mercado desde o dia primeiro de janeiro.

Meta (M1TA34) na corda bamba por causa do Metaverso

Um ano depois de mudar de nome, o grupo responsável pelos aplicativos Facebook, Instagram e WhatsApp não conseguiu deslanchar. Ao contrário, nunca passou por uma crise tão grave: após dezoito anos de contratações ininterruptas, Zuckerberg anunciou a demissão de 13% da força de trabalho da empresa.

O faturamento caiu ligeiramente nos últimos dois trimestres, em particular devido às novas regras da Apple que limitam a segmentação de publicidade no iPhone e ao aumento da concorrência do TikTok. A capacidade de crescer por meio de aquisições acabou sendo prejudicada por reguladores antitruste que se tornaram mais rígidos e por taxas de juros mais elevadas. Apesar dessas dificuldades, a empresa de Menlo Park continua gastando valores gigantescos, mais de US$ 3,6 bilhões de dólares só no último trimestre para desenvolver o Metaverso. Um projeto que, até agora, não convenceu muita gente.

Snapchat em queda livre com resultados ruins

Outra empresa que está convencendo cada vez menos gente é o Snapchat, que perdeu 90% de seu valor em um ano, chegando a perder até 40% em um só mês após registrar uma série de resultados trimestrais negativos. O último foi um prejuízo de US$ 359 milhões no terceiro trimestre.

Evan Spiegel, o CEO do grupo, não consegue mais justificar os resultados trimestrais decepcionantes que continua apresentando, e acaba minando a confiança dos investidores. Hoje, o próprio modelo da Snap, que tem como principal recurso a publicidade online, está sendo questionado. Especialmente porque as novas leis dos EUA exigem a obtenção do consentimento dos consumidores antes de usar seus dados para melhor direcionar as mensagens publicitárias.

Amazon (AMZO34) desacelera e corta número de funcionários

Mesmo o terceiro maior empregador privado do planeta não está imune a medidas de corte de custos. A Amazon estaria prestes a cortar 10 mil empregos, a partir de meados de novembro, cerca de 3% da sua força de trabalho, que chega a 1,6 milhão de funcionários em todo o mundo. Desde abril, a gigante global do comércio eletrônico já cortou 80 mil posições.

Isso por causa da maior desaceleração das vendas dos últimos vinte anos que está registrando nos últimos trimestre, que levou a empresa a perder o trilhão de dólares em avaliação de mercado em poucos meses.

Twitter enfrentando o caos

O Twitter, por sua vez, está enfrentando uma situação caótica após a compra por parte de Elon Musk. A primeira medida do novo proprietário foi demitir 50% da força de trabalho, que, segundo ele, "sequer estava programando códigos". Todavia, o que o bilionário sul-africano não previu, era que o restante 50% que não foi demitido começasse a boicotar os projetos para tentar rentabilizar a plataforma, como a assinatura de US$ 8 por mês para ter a conta certificada.

Desesperado, Musk chegou a admitir que "a falência não estava excluída". Em 18 de novembro, a situação voltou a se agravar com a saída voluntária desta vez de centenas de engenheiros, colocando em risco a própria existência da rede. A situação é tão instável que a autoridade supervisora, a FTC, informou que a acompanha “com profunda preocupação”. Diante de tanto caos, os anunciantes, que respondem por mais de 90% do faturamento, estão fugindo em massa.

FTX, a Lehman Brothers das criptomoedas

Mas o que está minando o setor de tecnologia no momento é o colapso da corretora de criptoativos mais popular do mundo: a FTX. A aventura dessa empresa, que chegou a valer US$ 32 bilhões, sendo investida por grandes bancos americanos e internacionais, terminou com uma falência na sexta-feira, 11 de novembro. Seu fundador, Sam Bankman-Fried o jovem nerd queridinho de Washington a quem esbanjava dicas e profecias sobre blockchain e moeda digital e se tornou um dos principais doadores do Partido Democrata, viu sua fortuna de US$ 16 bilhões virar fumaça. Além disso, ele é suspeito de ter desviado dinheiro de seus clientes por meio de sua plataforma, e terá que se explicar na Justiça.

Com esse cenário tão conturbado, muitos investidores se perguntam até onde irá o Nasdaq. A resposta dependerá de uma série de fatores. Por exemplo, até quando o Federal Reserve vai continuar subindo os juros, até que nível chegará a inflação nos EUA, quais serão os impactos da escassez de semicondutores, qual será o impacto da guerra da Ucrânia nos próximos meses. Todavia, mais do que tudo isso, a lupa dos mercados será apontada sobre as próximas trimestrais das Big Techs. O risco é que as piores notícias cheguem desse último fator.

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