Siderúrgicas devem ser destaques positivos da temporada do 1º trimestre (Fabian Bimmer/Reuters)
Paula Barra
Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 11h02.
Última atualização em 18 de dezembro de 2020 às 18h38.
Os setores de siderurgia, mineração e papel e celulose voltaram a ser destaques de alta nesta sexta-feira, 18. Em pontos, as ações da Vale (VALE3) foram a principal contribuição positiva para o índice. Em variação, Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Suzano (CSNA3) lideraram os ganhos, com valorização entre 4,96% e 2,67%. Do outro lado, Gol (GOLL4), Weg (WEGE3) e CVC Brasil (CVCB3) registraram as maiores quedas em porcentagem, entre 4,04% e 2,60%.
Na semana, os maiores ganhos ficaram com Totvs (TOTS3), que teve recomendação elevada para overweight, equivalente a compra, pelo JPMorgan, BTG Pactual (BPAC11), com início de cobertura do Itaú BBA com recomendação de compra, e Braskem (BRKM5), em meio à notícia sobre saída do grupo Odebrecht do capital social da companhia. Esses papéis subiram respectivamente 11,41%, 10,38% e 10,37%.
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Na contramão, Cogna (COGN3) puxou as perdas, com queda de 9,81% na semana, após evento com investidores realizado nesta semana decepcionar o mercado, por não trazer sinalizações de como a companhia pretende reduzir sua alta alavancagem. Nas contas do BTG Pactual, a relação dívida líquida sobre a geração operacional (Ebitda) de caixa da empresa deve atingir 3 vezes no quarto trimestre, o que é superior aos seus pares no mercado. Na sequência, apareceram as ações da Gol (GOLL4) e Sabesp (SBSP3), com baixa de 7,02% e 6,89%, respectivamente.
Confira abaixo os principais destaques desta sessão:
As ações da Usiminas (USIM5) lideram os ganhos do Ibovespa hoje, com alta de 4,96%, em meio ao retorno da operação do alto-forno 2 da usina de Ipatinga, conforme informado pela empresa ontem à noite, que receberá investimento de cerca de 67 milhões de reais e recomendação de compra. No setor, os papéis de CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) avançaram 3,33%, 1,76% e 2,61%, respectivamente.
Na semana, todas caminham para fechar no positivo, com ganhos de 5,34%, 7,61%, 8,14% e 8,48%, respectivamente. Com esse desfecho, Usiminas, Gerdau e Metalúrgica Gerdau devem marcar a quarta alta em cinco semanas, enquanto CSN, a quinta alta semanal seguida.
Em relação à retomada do alto-forno 2, a decisão ocorre cerca de dois meses após o vice-presidente financeiro da companhia, Alberto Ono, afirmar em teleconferência com analistas que incertezas sobre a demanda futura de aço impediam a empresa de estimar quando poderia ocorrer a volta da operação. A siderúrgica paralisou o alto-forne em abril logo após impactos das medidas de isolamento social sobre a demanda de aço do país.
Ainda no radar da companhia, a Usiminas teve recomendação elevada ontem de neutra para compra pelo BTG Pactual, com preço-alvo em 17,00 reais, o que implica um potencial de valorização de 23% frente ao fechamento de ontem.
Em relatório hoje, os analistas do BTG comentam que, em feedback sobre as perspectivas do banco para 2021, a maioria dos investidores concordaram com um cenário promissor para commodities, tendo aumentando alocação ao setor recentemente. Segundo eles, Vale (VALE3) e Gerdau são os dois papéis mais consensuais, enquanto CSN e Usiminas aparecem como os "menos óbvios".
"Acreditamos que os investidores ainda estão underweight (com exposição abaixo da média) em commodities versus o Ibovespa, apesar dessa diferença ter fechado um pouco", comentam. Eles apontam que Vale e Bradespar, por exemplo, que correspondem a 13,5% do índice, parece ainda com carrego abaixo de 10%. O mercado, dizem, ainda trabalha com um minério de 100 a 110 dólares a tonelada para 2021, enquanto eles veem a commodity em 130 dólares a tonelada.
Olhando para siderúrgicas, os analistas comentam que o mercado parece "um pouco mais perdido" na forma de modelar os aumentos de preços de 2021, em função da alta de 50% a 60%, embora apontem que isso também é uma fonte de dúvida para eles.
De acordo com os analistas, a revisão para cima na recomendação de Usiminas surpreendeu o mercado, com poucos investidores posicionados no papel, preferindo estar em Vale e aproveitar o call de minério e valuation barato.
As ações da Vale também registraram alta hoje de 0,69%. Na semana, subiram 3,46% e buscam sua quinta valorização seguida. Nesse período, os ganhos acumulados são de 39%. O movimento acompanha a disparada do minério de ferro. Hoje, os contratos futuros da commodity negociados na bolsa de Dalian, na China, registraram alta de 6,23%, cotados em 1.073 iuanes a tonelada. A Bradespar (BRAP4), holding que detém participação na Vale, subiu 1,17% nesta sessão e também caminham para sua quinta semana seguida de ganhos.
As ações do setor de papel e celulose Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) subiram 2,67% e 1,47%, respectivamente, em meio à valorização dos preços da celulose no exterior. Na semana, esses papéis avançaram 9,74% e 6,65%.
Os preços de celulose de fibra curta (BHKP) na China subiram 17,80 dólares a tonelada esta semana, para 485,29 dólares, enquanto os de fibra longa (NBSK) avançaram 31,50 dólares, para 659,09 dólares. Em relatório, analistas do BTG Pactual comentaram que seguem com visão otimista para o setor e recomendação de compra para Suzano e Klabin.
Os papéis dos frigoríficos Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3), BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3) registraram ganhos de 2,07%, 1,46%, 1,05% e 0,64%, respectivamente.
Na quarta-feira, os papéis do setor subiram forte em meio ao pior surto de gripe aviária já registrado no Japão. O vírus foi encontrado em 12 das 47 áreas administrativas do país, conhecidas como prefeituras, e levou um recorde de 3 milhões de aves sacrificadas até o momento, de acordo com informações da Reuters.
Segundo o estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos, com a gripe aviária no Japão, abre-se espaço para uma exportação maior dos frigoríficos brasileiros, o que contribui para o movimento positivo das ações hoje. Além disso, ele comenta que existe uma perspectiva de que a China retire a suspensão da importação de carne do Brasil. “O país cresceu 4,9% no terceiro trimestre, na comparação anual, e deve crescer perto de dois dígitos em 2021, é animador para qualquer setor que exporte para eles”, aponta.
As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3; PETR4) caíram 1,04% e 0,50%, apesar da alta dos preços do petróleo no exterior. Os contratos do petróleo Brent, negociados em Londres e usados como referência pela estatal, avançaram 1,51%, em 52,28 o barril.
No radar, a Petrobras comunicou que assinou ontem contrato de venda de sua participação de 14 campos terrestres na Bahia, no chamado Polo Recôncavo, no valor de 250 milhões de dólares. A compradora é a Ouro Preto Energia, subsidiária da 3R Petroleum (RRRP3), que registra queda de 0,75% hoje.
Segundo os analistas da Exame Research, o movimento está em linha com o plano estratégico da Petrobras e que possui implicações positivas para a companhia. "Além dos recursos obtidos com a venda em si, a operação representa mais um passo no enxugamento de ativos vistos como não essenciais, caso dos campos terrestres — o
foco da companhia, agora, é a exploração e produção em águas profundas e no pré-sal, cujas operações são mais eficientes e têm custos mais baixos", comentam.
Depois de subirem por quatro pregões seguidos, acumulando no período ganhos de cerca de 12%, as ações da Totvs (TOTS3) caíram 0,35% nesta sessão. O JPMorgan, que estava com recomendação suspensa, elevou a nota das ações da companhia para overweight, equivalente a compra, com preço-alvo em 34,00 reais, o que implica em um potencial de valorização de 20% frente ao fechamento de ontem.
A Hapvida (HAPV3) registrou queda de 1,94%. A companhia teve recomendação cortada de compra para manutenção pelo Santander, com preço-alvo em 15,50 reais, no mesmo preço do fechamento de ontem.