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Santander diz que o pior da inadimplência já passou, mas analistas ainda estão céticos

Apesar de algum alívio, as perspectivas para o banco continuam desafiadoras

Sede do Santander Brasil: banco teve lucro de R$ 2,3 bilhões no 2º trimestre (Santander/Divulgação)

Sede do Santander Brasil: banco teve lucro de R$ 2,3 bilhões no 2º trimestre (Santander/Divulgação)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 26 de julho de 2023 às 20h30.

Última atualização em 26 de julho de 2023 às 20h37.

O Santander Brasil (SANB11) divulgou nesta quarta-feira, 26, um resultado que – mais uma vez – falhou em animar o mercado. Na comparação anual, o lucro líquido do Santander caiu 43,5% no segundo trimestre, para R$ 2,3 bilhões, levemente abaixo do consenso. A rentabilidade também segue prejudicada, com um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 11,2%.

Embora os antigos patamares de ROE na casa dos 20% ainda estejam distantes, a gestão do banco enxerga que há uma recuperação em andamento nos números do banco, especialmente na frente de inadimplência.

“O pico de geração da inadimplência já passou. A geração vem caindo mês a mês, o custo de crédito segue em queda. Passamos pelo pior”, afirmou Mario Leão, CEO do Santander Brasil, em coletiva com jornalistas.

A gestão do banco deu destaque à inadimplência de curto prazo, de 15 a 90 dias, que ficou praticamente estável, em baixa de 0,03%. Porém o indicador de mais de 90 dias de subiu 0,43% ano a ano. Para Leão, o dado acima de 90 dias não preocupa. “A inadimplência acima de 90 dias está associado a carteiras antigas [que representam menos de 50% do portfólio]. É um resultado conhecido e esperado”, disse.

A expectativa do Santander é que o cenário de arrefecimento da inflação abra caminho para cortes na taxa de juro a partir da próxima reunião do Copom, em agosto. “A conjuntura econômica nos deixa animados que a geração de provisões para devedores duvidosos devem continuar caindo”, defendeu.

As PDDs somaram R$ 5,980 bilhões no segundo trimestre – alta de 4,1% frente ao ano passado e queda de 11,6% na comparação com o trimestre anterior. 

Ainda é cedo, no entanto, para dizer que o Santander vai voltar a acelerar a concessão. “Não vamos abrir o apetite de forma ampla, mas vemos uma tendência de melhora no que já estamos fazendo”, disse Leão. O foco, segundo o CEO, é avançar dentro da própria base em busca de ser o relacionamento bancário principal do cliente – o que no jargão do setor é conhecido como “principalidade”.

O que dizem os analistas

Apesar de alguns alívios na frente da inadimplência, o resultado do Santander ainda não apresenta uma boa dinâmica na avaliação do BB Investimentos

“A chave para a retomada de uma rentabilidade considerado favorável está, em nossa visão, na reversão do mau momento da tesouraria, o que dadas as características dos ativos e passivos do Santander, passa por uma queda na taxa de juro, algo nesse momento de início e intensidade um tanto incertos”, informou o relatório.

Para o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), os números foram fracos e ficaram abaixo das expectativas. “Embora agora estejamos vendo alguma melhora em seu portfólio, sua maior seletividade em relação a clientes e segmentos de empréstimos de menor risco impactaram significativamente as margens financeiras e, consequentemente, a lucratividade”, afirmaram os analistas. O BTG avalia ainda que a recuperação pode não ser rápida, considerando os níveis persistentemente elevados de empréstimos renegociados e o índice de cobertura mais baixo.

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