Repórter colaborador
Publicado em 15 de maio de 2024 às 06h03.
Última atualização em 15 de maio de 2024 às 07h52.
A demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras ocorrida nesta terça-feira já repercute no mercado financeiro internacional. As ações da estatal caíam 8,8% no pre-market em Nova York na manhã desta quarta.
O presidente Lula trocou Prates, que já vinha desgastado há meses, principalmente depois do episódio do pagamento dos dividendos extraordinários, por Magda Chambriard, ex-diretora geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff. O nome de Chambriard foi antecipado pela EXAME em março. A notícia da demissão foi adiantada pelo O Globo e confirmada pela EXAME.
Para André Perfeito, mestre em Economia pela PUC-SP, o ruído da saída de Prates se soma a um "conjunto grande de mal estar dos últimos dias" - tragédia climática no Rio Grande do Sul e o racha no Copom sobre a taxa básica de juros.
"A impressão que se tem é que a decisão de Lula foi no sentido de forçar a Petrobras rumo ao investimento - o que ele tem todo o direito de fazer - mas inevitavelmente o efeito de curto prazo é a perspectiva que o preço corrente das ações deve ser descontado. Tanto é que já foi, se observou uma queda de quase 8% das ADRs da companhia em NY. Justamente hoje o mercado havia se acalmado após a leitura da ata do Copom que foi certeiro em pacificar descontentes da decisão rachada da semana passada, mas provavelmente amanhã veremos nova rodada de realizações e o dólar pode estressar mais uma vez", disse.
A saída de Prates representa uma vitória de membros do governo Lula que discordam da atual política de preços de combustíveis (que acompanha as variações do mercado internacional). Essa ala também prefere usar parte dos recursos da Petrobras para mais investimentos, deixando menos verbas disponíveis para pagamentos de dividendos aos acionistas.
Esse era um dos grandes embates entre Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que abertamente criticada a companhia por não "fazer o suficiente" para controlar os preços dos combustíveis.