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Mercado de renda variável está mais restritivo, mas com grandes oportunidades, diz BTG

De acordo com profissionais do banco, não há mais espaço para aumento da Selic e indicações são de recuo do juro mais à frente

Jerson Zanlorenzi e Bruno Lima: mercado de renda variável está complexo, mas com oportunidades (BTG Pactual/ Divulgação/Site Exame)

Jerson Zanlorenzi e Bruno Lima: mercado de renda variável está complexo, mas com oportunidades (BTG Pactual/ Divulgação/Site Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 12 de abril de 2023 às 07h45.

O juro mais alto deixou o mercado mais restritivo e desafiou quem opera na renda variável. Segundo um levantamento do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), de 230 empresas listadas, 120 viram suas ações se depreciarem até 45% nos últimos anos.

Esse ambiente mais adverso cria, no entanto, grandes oportunidades de investimento, segundo Jerson Zanlorenzi, head de equities e derivativos do BTG Pactual. Quando o mercado vivia momento de exuberência financeira em todo o mundo, a escolha de alocação era por setores e não por empresas, explica ele. Ou seja, se decidia investir em saúde, tecnologia ou varejo, por exemplo, sem necessariamente de debruçar sobre quais empresas se compraria e como elas estavam.

Agora, isso mudou. "O que percebemos é que com uma redução drástica de liquidez no mundo, basicamente saiu recurso de mercados emergentes. O mercado hoje está muito mais restritivo e seletivo. Mas para a gente é um prato cheio. Quem escolheu boas empresas performou muito melhor", afirmou durante o BTG Summit. De acordo com ele, o mercado de capitais hoje, embora viva momento mais complexo, também está mais robusto e com maior oferta de produtos, incluindo aqueles que só ficam atrativos nesse ambiente.

Para Bruno Lima, analista de ações do BTG Pactual, é importante separar o joio do trigo, vendo quais ações têm fundamento e quais não têm. "Uma coisa que fazemos é olhar empresas que estão na Bolsa há muito tempo e têm histórico. Hoje vivemos uma parte desse processo, porque tem muita empresa líquida, há muito tempo listada e que passou por um momento muito pior, mas essas empresas também estão muito menos alavancadas hoje", diz. Segundo ele, uma parte da queda do preço dos ativos tem a ver com aumento de juros, então algumas devem se recuperar à frente. "É muito fácil nesse momento odiar o mercado variável."

M&As aquecidos e oportunidades

Com o mercado de IPOs fechado, as operações de M&As (fusões e aquisições) seguiram relativamente aquecidas. "Muitas chegam com muito mais fôlego para comprar market share e concorrentes que talvez estivessem com uma gestão pior", diz Zanlorenzi. Nesse contexto, quem fez o "dever de casa", agora toma mercado. "Dificilmente uma empresa bem tocada sai pior. Ela sai mais forte."

O ambiente mais restritivo também força maior disciplina na escolha de ativos, segundo Lima. "Nesse momento eu diria para olhar o histórico dos executivos das companhias. Ver como eles apontaram o navio em outros momentos de crise."

Juros menores no horizonte

Segundo os profissionais do BTG Pactual, as indicações, como a queda do IPCA em março, são de que o pior já passou para o aperto monetário. "Se tiver uma piora é marginal, no Brasil não tem espaço para aumento da Selic", diz Zanlorenzi.

Além disso, a redução do preço dos ativos cria oportunidade de valorização, observa Lima. "Num mercado leve como esse, você pode se apropiar da questão de preço, que já caiu e está do seu lado. Cada vez que a volatilidade cai, você acrescenta isso em preço."

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