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Ibovespa sobe com declaração de Haddad enquanto Petrobras afunda 10%

Defesa de nova âncora fiscal e foco em PPPs devolvem ganhos ao mercado mesmo com incertezas

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 14 de dezembro de 2022 às 10h33.

Última atualização em 15 de dezembro de 2022 às 11h27.

Em pregão volátil, o Ibovespa virou para alta e conseguiu se segurar em terreno positivo nesta quarta-feira, 14, deixando de lado a pressão com a forte queda da Petrobras. O principal índice da bolsa reagiu positivamente a novas falas do futuro ministro da Economia, Fernando Haddad

Leia também: acompanhe o Ibovespa nesta quinta-feira, 15/12

Em entrevista à GloboNews, Haddad defendeu a criação de uma nova âncora fiscal no início do próximo ano, feita via lei complementar. O novo ministro disse ainda que quer "destravar" as Parcerias Público-Privadas (PPPs) para aumentar investimentos.

As falas ajudaram a recuperar o índice, que mais cedo caiu mais de 1% arrastado pela Petrobras. As ações da petroleira desabaram quase 10% na bolsa, com investidores reagindo negativamente à mudança da Lei das Estatais. 

A alteração, aprovada na última noite pela Câmara dos Deputados, reduz de 36 meses para 30 dias o período de quarentena para dirigentes de campanha assumirem cargos do alto escalão em estatais. 

A mudança viabiliza a escolha de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES do próximo governo. Mas também aumenta as incertezas do mercado sobre o futuro das estatais listadas.

Com menor confiança sobre os próximos passos da Petrobras, investidores trocam as posições na estatal por petrolíferas privadas. Prio é negociada em alta nesta quarta.

  • Petrobras (PETR3): - 9,80%
  • Petrobras (PETR4): - 7,93%
  • PetroRio (PRIO3): +  3,70%

A mudança da Lei das Estatais também gera incertezas sobre o Banco do Brasil, que lidera as perdas entre os grandes bancos, caindo mais de 2%.

  • Banco do Brasil (BBAS3): - 2,48%

"Vemos a Lei das Estatais como uma das camadas de proteção contra uma possível intervenção na Petrobras. Além disso, destacamos que esse projeto foi aprovado por ampla maioria na Câmara, mostrando que o novo governo poderia ter capital político suficiente para obter apoio do Congresso e fazer novos ajustes na lei", avaliaram analistas do Goldman Sachs em relatório.

O temor causado pela mudança na Lei das Estatais também atingiu o dólar, que chegou a subir a R$ 5,37 na máxima. Porém, o real ganhou terreno após a fala de Haddad, e a moeda americana acabou encerrando a sessão em queda.

Volatilidade em Wall Street

Nas bolsas americanas, o dia é marcado pela volatilidade. Mais cedo os índices subiam à espera da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) – a última do ano. Logo após a divulgação de alta de 0,5 ponto percentual na taxa, as bolsas viraram para queda.

Isso porque, mesmo sendo amplamente esperada pelo mercado, a alta de hoje veio acompanhada de uma mudança nas perspectivas para 2023. O Fed revisou suas projeções medianas, elevando o juro de 2023 de 4,6% para 5,1% e o juro de 2024 de 3,9% para 4,1%. 

As projeções de juros para 2023 ficaram 0,8 p.p. acima da precificação de mercado, de 4,3%, o que levou as bolsas para o negativo.

O discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, trouxe alívio momentâneo. Powell sinalizou que o ritmo de alta de juros deve diminuir a partir de fevereiro, o que acalmou os mercados. Como a alta de hoje foi de 0,5 p.p., abre-se a possibilidade para uma elevada ainda menor, de 0,25 p.p., na próxima reunião.

“O discurso de Powell foi duro, porém sinalizou que o comitê tem vontade de diminuir o ritmo de alta de juros cada vez mais. A possibilidade de alta de 0,25p.p. na próxima reunião e não mais 0,5 p.p. trouxe alívio para as bolsas americanas, mas, o tom duro ainda impera”, avaliou Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed.

A fala de Powell, no entanto, não conseguiu segurar o clima negativo em Wall Sreet.

Leia também: Fed sobe taxa de juro dos EUA em 0,50 p.p., para o maior patamar desde 2007

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