O principal índice acionário da B3 também ultrapassou a máxima intradiária ao tocar os 161.963 pontos pela primeira vez na história (Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 18h27.
Última atualização em 3 de dezembro de 2025 às 18h47.
O Ibovespa renovou o recorde de fechamento pelo segundo dia seguido ao subir 0,41%, nas negociações desta quarta-feira, 3, e somar 161.755 pontos. Ao longo do dia, o principal índice acionário da B3 também ultrapassou a máxima intradiária de 161.092 pontos da sessão passada, ao tocar os 161.963 pontos pela primeira vez na história.
As ações de peso na composição do Ibovespa ajudaram a puxá-lo para cima. Os papéis ordinários, com direito a voto, da Vale (VALE3) avançavam 3,23%, diante do otimismo de instituições financeiras com a empresa, após evento com investidores nesta terça, 2.
O BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) apontou em relatório publicado hoje que está entrando em uma nova fase, marcada por maior previsibilidade, disciplina de capital e um foco acentuado no retorno aos acionistas.
As ações preferenciais, com preferencia no recebimento de dividendos, e ordinarias da Petrobras (PETR4 e PETR3) subiram 0,75% e 1,2%, respectivamente, em meio à alta do preço do petróleo no mercado internacional e ao monitorando dos desdobramentos das negociações de paz entre Rússia e Ucrânia.
A expectativa de mais um corte nos juros dos Estados Unidos na reunião da próxima quarta-feira, 10, também impulsionou a bolsa brasileira. A aposta ganhou força com a divulgação de dados do mercado de trabalho no país, que mostrou fechamento de vagas.
O setor privado americano fechou 32 mil vagas de trabalho em novembro, segundo a ADP. O dado ficou bem distante da projeção do mercado, qua previa a abertura de 40 mil vagas. Os números da ADP dão indícios de que o mercado de trabalhos nos EUA está de fato menos aquecido, o que tem preocupado os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
"Esse dado surpreendeu o mercado, e as bolsas animaram. A tendência dos mercados já era essa, de subir, mas essa movimentação e esses dados acabaram impulsionando ainda mais, porque agora já não se tem mais dúvida de que na reunião da semana que vem, do dia 10, o Banco Central americano tende a cortar os juros", afirma Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos.
Correia aponta ainda que a forte distribuição de dividendos e o volume de programas de recompra de ações também estão impulsionando o Ibovespa. Segundo ele, muitas empresas estão acelerando o pagamento de proventos para antecipar o impacto da volta da tributação no próximo ano, o que eleva o interesse dos investidores por esses papéis.
Ao mesmo tempo, o movimento de recompra — quando a própria companhia adquire suas ações no mercado — aumenta a demanda e tende a valorizar os ativos, criando um ambiente favorável para altas consecutivas do índice.
Além dos fatores corporativos, ele diz que há um movimento de investidores locais entrando na bolsa para acompanhar o rali iniciado por estrangeiros, que foram os primeiros a assumir posições compradas no mercado brasileiro.
"Temos todo um contexto positivo, além dos nomes que provavelmente estão sendo especulados que vão se apresentar à direita para concorrer à eleição em 2026. Esses pontos que são os catalisadores para que a Bolsa tenha uma sequência tão intensa de alta", diz o analista de investimentos.