Após se aproximar dos 165 mil pontos, o índice de referência no mercado acionário brasileiro passou a cair fortemente (Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 13h32.
Última atualização em 5 de dezembro de 2025 às 14h28.
O Ibovespa sofreu uma virada brusca no início da tarde desta sexta-feira, 5. Após se aproximar dos 165 mil pontos, o índice de referência no mercado acionário brasileiro passou a cair fortemente. Às 13h51 (horário de Brasília) o Ibovespa operava abaixo dos 162 mil pontos, com queda de 2%.
A virada coincide com a notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria chegado a um nome para apoiar na eleição presidencial de 2026: seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A informação é uma apuração do portal Metrópoles.
Segundo o veículo, Bolsonaro comentou a decisão de lançar a candidatura de Flávio a interlocutores próximos nesta semana. O ex-presidente está preso em regime fechado desde o dia 22 de novembro na Superintência da Polícia Federal em Brasília.
"Um filho de Bolsonaro pode chegar ao segundo turno, mas não seria competitivo para vencer", diz um estrategista, sobre a percepção de gestores com quem tem falado. "Acabaria atrapalhando a candidatura de um dos governadores, que é o desejo do mercado".
Após a notícia, o dólar também ganhou força e, às 13h48, a moeda americana subia 2,13%, a R$ 5,424.
"Depois dessa fala do Bolsonaro, de que Flávio é o candidato dele, entende-se que [o governador de São Paulo] Tarcísio de Freitas não receberá mais o apoio. E, sob a ótica do mercado, Tarcísio é o candidato mais forte para bater de frente com o [presidente] Lula nessa eleição", afirma Daniel Teles, especialista e sócio da Valor Investimentos.
"É um nome que dividirá a direita, não será uníssono, com chance muito baixa de ser eleger presidente. [A queda da Bolsa e a alta do dólar] é o mercado precificando nesse momento a chance de aumentar de forma muito abrupta a reeleição de Lula", acrescenta o operador.
A EXAME também já havia apurado que o nome de Flávio era uma das três possíveis candidaturas para a direita em 2026.
Desde a prisão do ex-presidente, no mês passado, as pessoas mais próximas de Bolsonaro, passaram a trabalhar com a ideia de que era importante indicar um sobrenome da família para manter o protagonismo e evitar um esvaziamento político, segundo fontes ouvidas sob reserva.
Nesse cenário, o mais cotado era o senador. O próprio Flávio se reuniu com a bancada do PL e o presidente do partido, Valdermar da Costa Neto, para articular as movimentações da sigla. O senador, inclusive, passou a ser incluído em últimas pesquisas eleitorais.
Na Paraná Pesquisas, divulgada em novembro, Flávio aparece com 19,7% das intenções de voto no primeiro turno. Nas contas de aliados, esse percentual poderia levá-lo ao segundo turno contra o presidente Lula. Em cenário de segundo turno, o primogênito de Bolsonaro apareceu com 38,6% contra 45,4% do petista.
O estudo mais recente do instituto AtlasIntel, em parceria com a Bloomberg, divulgado na terça-feira, 2, também trouxe o nome de Flávio.
Num cenário sem Tarcísio e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, o senador teria 23,1%, acima de nomes como os governadores Ronaldo Caiado (União) e Ratinho Júnior (PSD), um dos cotados pela direita para a eleição. Flávio aparece distante, contudo, de Lula, que tem 47,3% das intenções de voto.
Partidos do centrão, como PP e União Brasil, intensificaram o movimento para lançar Tarcísio à Presidência em 2026, apostando em seu perfil moderado e maior alcance eleitoral. No entanto, dentro do próprio governo paulista há quem defenda que ele permaneça em São Paulo, onde teria reeleição encaminhada.
O governador de São Paulo também diz que só entraria na disputa presidencial com aval de Bolsonaro.