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Após pagamento de mais de R$ 200 bi, futuro dos dividendos da Petrobras é incerto

Jean Paul Prates, novo CEO da estatal, não detalhou qual será a política de pagamentos para 2023

Dividendos da Petrobras: companhia somou mais de R$ 200 bilhões relativos ao ano de 2022 (Wagner Meier/Getty Images)

Dividendos da Petrobras: companhia somou mais de R$ 200 bilhões relativos ao ano de 2022 (Wagner Meier/Getty Images)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 2 de março de 2023 às 13h46.

Última atualização em 2 de março de 2023 às 14h00.

O ano de 2022 foi ímpar na história da Petrobras (PETR4). Prestes a completar 70 anos, a petroleira estatal teve seu maior lucro da história, de R$ 188 bilhões, e os grandes beneficiados foram seus acionistas. A companhia somou R$ 215,8 bilhões em dividendos relativos ao ano passado – valor que seria suficiente para comprar a Ambev (ABEV3), que valia R$ 212 bilhões no fechamento do último pregão.

Para 2023, no entanto, o futuro dos dividendos da companhia é incerto. Em sua primeira teleconferência de resultados como novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates não detalhou quais são os planos para a distribuição em 2023. 

"Vamos ter sim uma robustez de dividendos porque pretendemos ter lucros à altura do lucro auferido agora. Mas as circunstâncias serão diferentes, então o desafio é bem maior"afirmou Prates durante a teleconferência.

A distribuição vultosa de dividendos tem sido alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que indicou Prates ao cargo, e de integrantes do PT. A avaliação do governo é de que a distribuição tem sido excessiva – e agentes de mercado já esperavam alguma mudança nesta direção com a troca de comando da estatal. O que não se sabe ainda é que mudanças serão essas.

Perguntado sobre o que seria uma política ideal de dividendos em sua visão, Prates afirmou que não vê necessidade em uma regra específica para distribuição dentro da empresa. 

“Chego a ter dúvidas se há necessidade de regras muito rígidas internas em relação a percentuais de distribuição de dividendos. As circunstâncias, conjuntura e projetos mudam. Acho que a relação precisa ser cada vez mais fluida, com diálogo”, disse o presidente.

Atualmente, a política de remuneração aos acionistas da Petrobras prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a companhia poderá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis (investimentos).  

Prates reforçou ainda que o peso e a importância da Petrobras para a economia brasileira devem ser levados em consideração no momento de distribuir proventos. “Temos que ver isso como benefício: ser sócio do Estado brasileiro deve ser uma vantagem. Cabe a nós provar isso”, afirmou.

Dividendos da Petrobras no 4º tri

A estatal Petrobras (PETR4) anunciou na noite da última quarta-feira, 1º, que irá pagar R$ 35,8 bilhões em dividendos referentes aos resultados do quarto trimestre de 2022. Com o anúncio do pagamento, o montante distribuído pela empresa no exercício referente ao ano passado chega a R$ 215,8 bilhões.

A Petrobras sugeriu, no entanto, que os acionistas da companhia avaliem a criação de uma Reserva Estatutária, na forma da lei, para reter até R$ 0,49806828 por ação ordinária e preferencial do resultado do exercício social de 2022.

O montante totalizaria R$ 6,5 bilhões, diminuindo o montante distribuído aos acionistas para R$ 29,3 bilhões. A empresa ainda não detalhou o objetivo da reserva.

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