Banco Central divulga boletim Focus nesta segunda (Arquivo/Agência Brasil)
Guilherme Guilherme
Publicado em 8 de agosto de 2022 às 07h19.
Última atualização em 8 de agosto de 2022 às 08h45.
Investidores iniciam esta segunda-feira, 8, ainda digerindo os dados surpreendentes do mercado de trabalho americano e à espera do que os próximos indicadores dirão sobre o aperto da política monetária do Federal Reserve. O payroll de sexta-feira, 5, revelou a criação de 528.000 empregos urbanos em julho, mais que o dobro do consenso de economistas, de 250.000. A taxa de desemprego caiu de 3,6% para 3,5% ante expectativa de manutenção do nível anterior.
Os dados reforçaram as apostas de que o Federal Reserve (Fed) terá que estender o duro ajuste de 0,75 p.p. para mais uma reunião, em setembro. Mas a novela sobre até onde o Fed vai para controlar a inflação dos Estados Unidos deve ganhar mais um capítulo nesta semana, com os números do Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de julho, na quarta-feira, 10. A expectativa é de uma nova aceleração, de 8,7% para 9,1% na comparação anual.
Números acima do consenso tendem a dar ainda mais força para a percepção de que o "pouso suave" da economia americana pode nunca ter passado de uma ilusão, com o Fed precisando segurar a inflação ao custo de uma recessão mais agressiva. Sinais de que a inflação americana está próxima de um pico, porém, podem dar um novo alívio ao mercado, alimentando o apetite por ativos de risco, como bolsa, moedas emergentes e até criptomoedas.
Desempenho dos indicadores às 7h30 (de Brasília):
Mas se por um lado as altas de juros do Fed mitigam a busca por risco, por outro, ajudam o Banco Central do Brasil no combate à inflação local. Na última semana, sinalizações de que o Comitê de Política Monetária (Copom) estaria próximo de encerrar o ciclo de alta de juros motivaram um rali para ações de setores cíclicos e mais beneficiadas por taxas mais brandas, como as de crescimento. A porta para mais um ajuste em setembro, no entanto, permaneceu escancarada, ainda que em "menor magnitude".
Mesmo que a pausa na alta de juros não tenha sido descartada pelo Banco Central, torna-se cada vez maior a expectativa de que, mesmo que próximo do fim, o ciclo de alta de juros ainda não terminou. Nesta segunda, economistas estarão atentos às perspectivas para Selic atualizadas pelo boletim Focus. Até a última semana, o consenso era de Selic a 13,75% para o fim do ano, sem novos ajustes em setembro.
Na análise micro, a semana promete ser intensa, com dezenas de balanços previstos para até sexta-feira, 12.
Nesta segunda, as atenções estarão com o Itaú (ITUB4), que irá reportar seus números do segundo trimestre após o encerramento do pregão. O consenso da Bloomberg é de que o banco tenha registrado lucro líquido recorrente de R$ 7,43 bilhões e R$ 21,72 bilhões de receita líquida de juros. O Itaú será o último entre os bancões privados de varejo a divulgar balanço. Na sexta-feira, 5, o Bradesco fechou em leve alta de 1,2% após ter superado as estimativas em balanço divulgado na noite anterior.
Antes do início do pregão será a vez do BB Seguridade (BBSE3) divulgar seu resultado. A teleconferência com investidores será já nesta segunda, às 11h. O balanço do Banco do Brasil será na quarta, após o pregão.
Para esta segunda ainda estão previstos os resultados da Neogrid (NGRD3), Direcional (DIRR3) e São Martinho (SMTO3). Todos para após o fechamento do mercado.
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