Dólar dispara acima de R$ 5 na maior série de altas desde 2021
A moeda americana está em backwardation, quando cotação à vista está mais elevada do que os índices futuros
Agência de notícias
Publicado em 27 de setembro de 2023 às 18h13.
Última atualização em 27 de setembro de 2023 às 18h14.
O real está prestes a sofrer a mais longa sequência de depreciação em mais de dois anos, em meio a preocupações com a economia da China e juros nos Estados Unidos, que diminuem o apetite por ativos mais arriscados e perigam apagar os ganhos das moedas de mercados emergentes este ano. Nesta quarta, o dólar comercial fechou com alta de 1,22% a R$ 5,047.
O fluxo cambial negativo foi tão forte nos últimos dias que empurrou o chamado casado de dólar — a diferença entre a cotação da moeda americana no mercado à vista e o contrato futuro mais curto — para território negativo.
Isso colocou a moeda americana em um padrão conhecido como backwardation, com cotação à vista mais elevada do que os futuros, embora o Brasil tenha taxas mais elevadas do que os EUA. É uma ocorrência rara que só acontece em tempos de exacerbada demanda física por dólar.
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A depreciação não se limita ao real. A expectativa de que o Federal Reserve ( Fed, banco central americano) mantenha os juros altos por mais tempo e as dúvidas sobre as perspectivas econômicas da China impulsionaram a volatilidade global, levando operadores a desfazerem posições compradas em mercados emergentes.
Um indicador de ações dos países em desenvolvimento da MSCI apagou osganhos de 2023na semana passada, e um índice semelhante para moedas reduziu o seu avanço no ano para apenas 0,2%.
Dólar em disparada
A depreciação do real nas últimas sete sessões, de 3,3%, não é nem a maior entre as nações em desenvolvimento. O forint húngaro e o peso colombiano caíram pelo menos 3,7% cada, enquanto o peso mexicano está logo atrás, com queda de cerca de 2,9%.
“O fato de a economia da China não ter apresentado o desempenho esperado e de ainda vermos nervosismo de curto prazo na economia americana — como o risco de shutdown — levou os investidores globais a adotarem uma postura mais defensiva em relação às moedas latino-americanas como um todo ultimamente”, disse o estrategista Mauricio Une, do Rabobank.
No mercado de câmbio brasileiro, o dólar ultrapassou R$ 5 nesta quinta-feira. Isso abre caminho para um teste rápido da média móvel de 200 dias, antes de um nível de apoio ao dólar ainda mais significativo, perto de R$ 5,08.