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Dólar interrompe sequência de altas e fecha em queda com sinalização de melhora fiscal

Os investidores acompanharam a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB), que veio acima do esperado, trazendo alívio para ceticismo do mercado

Dólar: mau humor do mercado está relacionado ao pacote fiscal (Gary Cameron/Reuters)

Dólar: mau humor do mercado está relacionado ao pacote fiscal (Gary Cameron/Reuters)

Karla Mamona
Karla Mamona

Editora de Finanças

Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 09h50.

Última atualização em 3 de dezembro de 2024 às 17h55.

O dólar parecia caminhar para mais um dia de alta, mas indicações de que há possíveis sinais de melhora para o cenário fiscal trouxeram alívio para os investidores. Com isso, o dólar à vista mostrou um primeiro passo de correção nesta terça-feira e fechou em queda de 0,16%, a R$ 6,0584, após oscilar entre R$ 6,0320 e R$ 6,0954.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, decidiu colocar na pauta de hoje os requerimentos de urgência para acelerar a tramitação dos dois primeiros projetos que tratam do pacote de cortes do governo.

Também hoje, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou que o resultado fiscal deste ano deverá ficar pouco acima do piso da meta.

Às 17h50, o dólar futuro para janeiro de 2025 recuava 0,17%, para R$ 6,068.

O mercado também repercurtiu os dados do PIB e o relatório de criação de vagas nos Estados Unidos, que é fundamental para análise do Federal Reserve, o banco central americano.

O PIB cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. O PIB brasileiro totalizou R$ 3 trilhões no terceiro trimestre deste ano.

O resultado ficou levemente acima das expectativas do mercado financeiro, que esperava uma alta de 0,8%. Apesar de ser uma desaceleração em relação ao crescimento de 1,4% no semestre anterior, o dado é considerado como 'forte' por economistas. O avanço do setor de serviços, da indústria, o crescimento do consumo das famílias e do investimento explicam o PIB positivo do Brasil.

Pacote Fiscal

No radar dos investidores está o andamento do pacote fiscal. O governo decidiu enviar ao Congresso a proposta de emenda à Constituição (PEC) com as novas regras para o abono salarial e outras ações do pacote de contenção de gastos. A decisão foi tomada em reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e lideranças do governo no começo da noite de ontem.

A PEC Fiscal, que visa promover o controle fiscal, também trará mudanças em diversos setores. Entre as alterações previstas estão ajustes no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU), além de ajustes em subsídios e subvenções. A medida ainda propõe modificações no Fundo Constitucional do DF.

JOLTS

No ínicio da tarde, os investidores acompanharam os números do relatório JOLTS. As vagas de emprego cresceram 372.000 em outubro, totalizando 7,744 milhões, enquanto as demissões diminuíram para 1,633 milhão, sinalizando uma desaceleração ordenada no mercado de trabalho. Os dados foram divulgados pelo Bureau of Labor Statistics (BLS) do Departamento do Trabalho. Este aumento moderado reflete a demanda contínua por trabalho, conforme detalhado na Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Mão de Obra (relatório JOLTS), divulgado na terça-feira.

No entanto, os dados de setembro foram revisados para baixo, mostrando 7,372 milhões de vagas, um número menor do que os 7,443 milhões inicialmente reportados. Economistas entrevistados pela Reuters haviam estimado 7,475 milhões de vagas. As contratações caíram 269.000, para 5,313 milhões, enquanto as demissões diminuíram 169.000, totalizando 1,633 milhão.

Embora o aumento das vagas de emprego seja um sinal positivo, alguns eventos externos, como furacões e greves, impactaram o mercado de trabalho em outubro. As tempestades afetaram áreas do país que ainda estão em processo de reconstrução, e as greves na Boeing e em outras empresas do setor aeroespacial também distorceram os números.

Espera-se, portanto, uma aceleração no crescimento do emprego em novembro, com uma recuperação no setor aeroespacial e nas áreas atingidas pelas tempestades. A previsão para novembro é de que as folhas de pagamento aumentem em 200.000 empregos, após um crescimento de apenas 12.000 empregos em outubro, o número mais baixo desde dezembro de 2020. Além disso, espera-se que a taxa de desemprego suba para 4,2%, comparado aos 4,1% em outubro.

Esses números estarão entre os dados mais críticos para determinar se o Federal Reserve realizará um terceiro corte consecutivo na taxa de juros em meio à falta de progresso na redução da inflação para a meta de 2% do banco central dos EUA. O relatório de emprego de novembro, a ser divulgado na sexta-feira, será um indicador-chave para as próximas decisões de política monetária.

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