Como investia a rainha Elizabeth II? Descubra o patrimônio e a renda da soberana
A rainha Elizabeth II tinha um patrimônio feito de imóveis, terrenos e até um fundo particular que remontava a Idade Média
Carlo Cauti
Publicado em 8 de setembro de 2022 às 19h08.
Última atualização em 8 de setembro de 2022 às 19h20.
A rainha Elizabeth II é uma das soberanas mais longevas da história do Reino Unido, com mais de 70 anos de reinado.
Em sete décadas no Palácio de Buckingham, a rainha Elizabeth II acumulou uma fortuna pessoal estimada em 370 milhões de libras (cerca de R$ 1,506 bilhão), se tornando uma das mulheres mais ricas do mundo.
Mas esta é apenas a renda pessoal da rainha. Pode parecer estranho, mas Sua Majestade recebia um salário como um normal funcionário público britânico, o "Sovereign Grant". Um valor decidido pelo Parlamento e que durante o ano fiscal de 2020-2021 chegou a 86 milhões de libras, 34,4 milhões dos quais foram usados para a restauração do Palácio de Buckingham, que precisava de manutenção urgente.
No entanto, grande parte desse dinheiro é gerada dentro das propriedades reais, graças ao turismo, aos museus e à venda de produtos relacionados à Casa Real.
Basicamente, um ciclo virtuoso: sem a rainha todo aquele dinheiro não chegaria, e sem o governo a rainha não conseguiria recuperá-lo.
Quanto era o patrimônio da rainha Elizabeth II
Mas essa era apenas a renda. No caso do patrimônio da rainha, que se divide entre patrimônio pessoal e o atribuído como monarca, os números são muito maiores.
Elizabeth II possuía bens pessoais como o famoso Castelo de Balmoral, na Escócia, onde ela faleceu nesta quinta-feira, 8. A residência de verão da Família Real é avaliada em US$ 140 milhões. Outro exemplo é a propriedade rural de Sandringham, onde a rainha passava o Natal, avaliada em US$ 65 milhões. Ou o Palácio de Buckingham, que teria um valor estimado em US$ 4,9 bilhões.
Mas essas duas propriedades são migalhas em comparação com o "tesouro" da Coroa.
A soberana era proprietária do Crown Estate, o imenso patrimônio imobiliário da Coroa, cujo valor é de cerca de US$ 17,48 bilhões, e que gerencia dezenas de palácios luxuosos espalhados por Londres e em vários terrenos em todo o Reino Unido, por uma extensão estratosférica de 100 mil hectares, entre fazendas, pastos e plantações.
A rainha Elizabeth II possuía tecnicamente esta carteira de propriedades comerciais e industriais, mas não podia vender nenhuma.
Todos esses ativos geravam uma renda de cerca de US$ 400 milhões por ano em aluguéis e anuidades para a monarca, e agora para seus herdeiros.
A renda líquida do Crown Estate é repassada ao Tesouro britânico, segundo um acordo selado em 1760, mas 15% dos lucros obtidos vão direto para a Família Real.
A rainha também tinha seu próprio fundo
A "Privy Purse", como é chamada da renda privada da monarca, provém sobretudo dos imóveis administrados pelo Ducado de Lancaster, um fundo privado que remonta a 1265 propriedade da casa real desde a Idade Média.
Seus ativos são constituídos de terras, investimentos financeiros e propriedades em um montante de mais de 500 milhões de libras.
O Ducado de Lancaster administra 315 residências, assim como estabelecimentos comerciais no centro de Londres e milhares de hectares de terras agrícolas.
No ano fiscal 2020-2021 o ducado de Lancaster gerou para a Rainha uma receita de 20 milhões de libras.
Joias da Coroa e parcimônia nos gastos
Em seu papel de soberana dos ingleses, Elizabeth II também tinha direito às Joias da Coroa, guardadas na Casa das Joias dentro da Torre de Londres, o antigo castelo do rei Guilherme o Conquistador, construído em 1066. Essas joias por si só valem US$ 4 bilhões.
No total, de acordo com estimativas obviamente não oficiais, os ativos da família Windsor chegam a US$ 88 bilhões. Um tesouro imenso que se choca com o estilo de vida frugal que Sua Majestade mantinha.
Por exemplo, há 50 anos a rainha usava o mesmo esmalte para as unhas, comprado no supermercado e cujo preço é 7,99 libras. Para aquecer seu quarto, a rainha usa um aquecedor elétrico de 30 libras. E quando está em Balmoral gosta de usar roupas velhas, remendadas, e sentar em seus sofás antigos, jamais trocados.
Segundo os biógrafos da rainha Elizabeth II, a experiência da Segunda Guerra Mundial e o bombardeio de Londres incutiu nela uma parcimônia e o hábito de economizar que permaneceram até o final da vida. Para os detratores, ela era apenas avarenta, no clássico estilo da Escócia, região que ela tanto amava.
Qualquer que tenha sido o caráter de Elizabeth II, ao lado do patrimônio acumulado, a rainha também tinha conseguido uma fortuna com apostas.
A soberana tinha uma paixão imoderada por cavalos. Paixão que se manifestava oficialmente em Ascot, a corrida de cavalos real, onde ela exibia roupas em tons pastel que o mundo inteiro admirava.
Mas além do lado institucional havia também o lado mais plebeu: ela era uma intensa jogadora. Ao longo de sua vida a rainha ganhou cerca de 500 apostas, para um total de 9 milhões de libras.
Rainha Elizabeth II sustentava a família toda
A renda obtida pela rainha era utilizada para pagar os compromissos oficiais da casa real, os salários dos funcionários, a manutenção das propriedades e boa parte também sustentava os filhos e os netos.
Entre os destinatários do dinheiro real estão sua filha, a princesa Anne, seu filho caçula, o príncipe Edward, e sua esposa, Sophie, condessa de Wessex, assim como seu filho do meio, o príncipe Andrew.
Todavia Andrew não desempenha mais funções da Família Real, portanto, não receberá uma parte tão generosa quanto no passado.
O príncipe caiu em desgraça por causa de sua proximidade com o consultor financeiro americano Jeffrey Epstein, acusado de explorar sexualmente menores de idade antes de se suicidar na prisão.