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Com SpaceX, de Elon Musk, nova fronteira da IA pode estar no espaço

Empresa aposta na criação de data centers de IA no espaço como a próxima grande aplicação comercial da indústria espacial

SpaceX: computadores no espaço, alimentados por energia solar (CHANDAN KHANNA/AFP/Getty Images)

SpaceX: computadores no espaço, alimentados por energia solar (CHANDAN KHANNA/AFP/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 06h00.

A inteligência artificial (IA) pode ser o catalisador que transformará a SpaceX, empresa de lançamentos espaciais de Elon Musk, hoje a empresa privada mais valiosa do mundo, em uma das maiores companhias abertas do planeta já em 2026. Essa é a visão de Musk, que aposta na criação de data centers de IA no espaço como a próxima grande aplicação comercial da indústria espacial, depois da consolidação da internet via satélite, segundo informações da Barron's.

A SpaceX vem de um período excepcional. Sua avaliação no mercado privado teria alcançado US$ 800 bilhões, segundo relatos de uma recente venda secundária que deu liquidez a funcionários e investidores, superando gigantes como OpenAI e a dona do TikTok, ByteDance. Pouco depois, Musk praticamente confirmou planos de um IPO em 2026, com valuation estimado em US$ 1,5 trilhão.

Por que a SpaceX pensa em abrir capital se já é lucrativa

Segundo Musk, a SpaceX é lucrativa e não enfrenta uma necessidade imediata de captação de recursos. Ainda assim, a abertura de capital pode fazer sentido diante de uma nova oportunidade considerada estratégica: a instalação de infraestrutura de computação para inteligência artificial em órbita.

A proposta parece futurista, mas envolve computadores no espaço, alimentados por energia solar, capazes de processar grandes volumes de dados para chatbots, modelos de linguagem e veículos autônomos. A tese é que, no longo prazo, esse modelo pode ser mais eficiente e barato do que data centers terrestres.

A disputa já está em andamento. OpenAI, Blue Origin, de Jeff Bezos, e a Alphabet estudam alternativas semelhantes, segundo relatório do Deutsche Bank obtido pela agência de notícias. Em um ambiente de rápida evolução tecnológica, a velocidade de execução é crucial, e é nesse ponto que a SpaceX entra com duas vantagens decisivas.

Primeira vantagem: domínio dos lançamentos espaciais

A SpaceX é hoje um quase monopólio global em lançamentos orbitais. A empresa responde por mais de 50% dos lançamentos anuais no mundo. Excluindo a China, essa participação sobe para cerca de 70%, com capacidade de carga superior à dos concorrentes.

Na prática, nenhuma outra empresa consegue colocar satélites em órbita com a mesma rapidez, escala e custo, seja para aplicações de IA, telecomunicações ou defesa.

Segunda vantagem: o ecossistema Elon Musk

A outra carta na manga é o próprio Elon Musk. Além da SpaceX, ele lidera a Tesla, que vem incorporando inteligência artificial em veículos e robôs, e a xAI, dona da plataforma X, que disputa espaço com o ChatGPT e o Gemini, do Google.

Esse ecossistema coloca a SpaceX em uma posição única na convergência entre espaço, hardware, energia e inteligência artificial.

Por que o espaço pode ser ideal para IA

Edison Yu, analista do Deutsche Bank, disse à Barron's que o avanço da IA está pressionando os limites dos data centers terrestres, especialmente em três frentes: energia, refrigeração e latência. No espaço, esses gargalos podem ser reduzidos.

O ambiente orbital é naturalmente frio, a energia solar é abundante em determinadas órbitas e a comunicação a laser no vácuo pode, em alguns casos, ser mais eficiente do que a fibra óptica.

Custos menores graças aos foguetes reutilizáveis

A viabilidade do modelo está diretamente ligada à queda dos custos de lançamento. No programa do ônibus espacial, colocar 1 quilo em órbita custava dezenas de milhares de dólares. Com o Falcon Heavy, da SpaceX, esse custo caiu para milhares de dólares. Já o Starship, ainda em fase de testes, foi projetado para reduzir o valor para centenas de dólares por quilo.

Essa mudança estrutural abriu caminho para novas aplicações comerciais, incluindo banda larga espacial, defesa e, agora, computação para inteligência artificial.

Quem pode se beneficiar da nova onda

Com o aumento do interesse por data centers espaciais, o Deutsche Bank aponta algumas empresas que podem se beneficiar. A Rocket Lab é vista como uma espécie de “mini-SpaceX”, atuando em lançamentos e serviços de satélites. A Planet Labs trabalha com a Alphabet no desenvolvimento de satélites, enquanto a Intuitive Machines avança na aquisição da Lanteris, o que pode permitir o transporte de chips de IA em sua plataforma.

Outra empresa citada é a EchoStar, que vendeu espectro sem fio à SpaceX em uma operação que incluiu US$ 11,1 bilhões em ações da companhia, quando seu valuation ainda estava próximo de US$ 400 bilhões.

Ainda é cedo para apontar vencedores e perdedores nessa corrida. Mas, se a tese dos data centers de IA no espaço se confirmar, a SpaceX pode não apenas redefinir o setor espacial mais uma vez, como também justificar um dos maiores IPOs da história, consolidando a inteligência artificial como o próximo grande motor de crescimento da empresa.

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