Prédio da BRF: ações do frigorífico têm dia de alta na bolsa após elevação de preço-alvo (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Beatriz Quesada
Publicado em 5 de julho de 2022 às 15h42.
Última atualização em 5 de julho de 2022 às 19h37.
Após prejuízo de R$ 1,5 bilhão no primeiro trimestre, as ações da BRF (BRFS3) passaram a ser vistas com desconfiança pelo investidor. O resultado é um recuo de mais de 30% no acumulado do ano. É possível, no entanto, que o papel esteja perto de um ponto de virada.
O BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) acredita que a BRF pode surpreender positivamente já no resultado do balanço do segundo trimestre, criando um bom ponto de entrada para quem quer investir na ação.
O banco aumentou o preço-alvo em 18%, passando de R$ 17 para R$ 20. O potencial de valorização (upside) é de 36% considerando o valor do último fechamento, de R$ 14,73.
A expectativa é que ocorra uma melhora principalmente no setor de aves. Segundo os analistas do BTG, a BRF reduziu em 17% o volume de abate de aves no primeiro trimestre, o que ajuda a desabastecer o mercado e permite a recuperação dos preços. Um reflexo disso também é visto no preço de exportação, que subiu 28% em dólares no período.
Existe ainda uma ajuda adicional para a BRF que vem do aumento dos preços da carne bovina globalmente, da elevação dos preços de aves nos EUA, do limite de suprimentos vindos da Ucrânia e também dos preços mais altos do petróleo, que melhoram a capacidade de importação de regiões-chave, como o Oriente Médio.
“Tudo isso é um bom presságio para a recuperação contínua da margem das aves. As ações da BRF são negociadas de forma pró-cíclica e o ciclo está prestes a melhorar muito, o que por si só deve oferecer uma boa oportunidade de negociação”, informa o relatório divulgado na manhã desta terça-feira, 5.
As ações da BRF reagiram positivamente à elevação de preço-alvo, e os papéis disparam mais de 7% na bolsa.
A mudança, porém, não é suficiente para justificar uma atualização de recomendação, e o BTG mantém recomendação neutra para os papéis da BRF. “Embora estejamos mais otimistas no curto prazo, permanecemos neutros nas ações como uma chamada de 12 meses”.
Entre os motivos para cautela estão o alto endividamento da empresa: a BRF mantém um nível de alavancagem de 3,6x mesmo após a oferta secundária de ações (follow-on), que foi utilizada para suprir a questão. A qualidade dos lucros também é motivo de preocupação, bem como a falta de visibilidade na estratégia da empresa.
“A conversão de Ebitda [lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização] em caixa permanece baixa, mesmo assumindo que as margens vão se recuperar a partir do segundo trimestre. Isso significa pouco espaço para erros ou choques externos”, afirmam os analistas.
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