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Após longa espera, Shein quer IPO em Londres no primeiro semestre de 2025

Mudança de planos para Londres ocorre após resistência nos EUA, enquanto questões regulatórias permanecem em foco

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 09h50.

A Shein está se preparando para realizar uma oferta pública inicial (IPO) em Londres no primeiro semestre de 2025. A listagem, que pode ocorrer já na Páscoa, depende de aprovações regulatórias tanto do Reino Unido quanto da China.

De acordo com a Reuters, a Shein, fundada na China em 2012, enfrenta um caminho complexo devido às regras de listagem offshore introduzidas em 2023 pela Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC). Apesar de ter movido sua sede para Cingapura em 2022, a empresa ainda precisa da autorização chinesa, pois mantém grande parte de sua cadeia de suprimentos no país, com 5.800 fabricantes contratados.

Uma visita ao território chinês da ministra das Finanças do Reino Unido, Rachel Reeves, acompanhada pelo chefe da Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês), pode acelerar o processo de aprovação. Reeves deve se reunir com o vice-premiê chinês He Lifeng para discutir cooperação econômica e financeira, o que inclui questões regulatórias cruciais para o IPO da Shein.

Essa tentativa de listagem em Londres surge após a empresa abandonar os planos de um IPO nos Estados Unidos. A desistência veio em meio a preocupações de parlamentares norte-americanos sobre questões de direitos humanos na cadeia de suprimentos da Shein, especialmente em relação à região de Xinjiang, e sobre riscos associados à sua conexão com a China.

Desafios regulatórios e políticos

Mesmo com os esforços para demonstrar transparência, a Shein caminha em uma linha tênue. A empresa enfrenta críticas e perguntas diretas, como as feitas por um comitê parlamentar britânico, sobre o uso de algodão oriundo de Xinjiang. Organizações não governamentais e autoridades norte-americanas alegam que a região está ligada a trabalho forçado e outras violações contra a população Uyghur, acusações que Pequim nega.

O conselheiro jurídico da Shein para Europa, Oriente Médio e África, Yinan Zhu, evitou responder diretamente às questões do comitê britânico, preferindo oferecer respostas por escrito. Zhu afirmou que a Shein cumpre as leis aplicáveis em todas as jurisdições onde opera, mas a falta de clareza gerou mais pressão sobre a empresa.

Perspectivas de mercado

A decisão de listar ações em Londres reflete não apenas a busca por um ambiente regulatório mais favorável, mas também o desejo da Shein de diversificar suas operações globais e atrair investidores europeus. Ainda assim, a IPO terá que enfrentar o escrutínio de autoridades e do público sobre questões de direitos humanos e sustentabilidade na cadeia produtiva.

Se aprovada, a operação pode marcar uma nova etapa de crescimento para a Shein, que já conquistou grande participação no mercado global de moda acessível, mas terá de equilibrar sua expansão com as demandas de transparência e conformidade regulatória.

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