O principal fator por trás do desempenho negativo da Petrobras nesta sessão é a forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional (Wagner Meier/Getty Images)
Repórter
Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 16h18.
As ações da Petrobras operam nesta terça-feira, 16, na maior baixa em mais de dez dias, em um movimento que ajuda a aprofundar as perdas do Ibovespa.
Por volta das 15h40, as ações preferenciais da estatal (PETR4), com prioridade no recebimento de dividendos, recuavam 2,68%, a R$ 30,86, após atingirem a mínima intradiária de R$ 30,61. Já os papéis ordinários (PETR3), com direito a voto, caíam 2,71%, a R$ 32,32, depois de tocar R$ 31,98.
A última vez em que a companhia havia registrado uma desvalorização mais intensa, superior a 3%, foi em 5 de dezembro, quando os as preferenciais caíram 3,54% e as ordinárias, 4,48%.
O principal fator por trás do desempenho negativo é a forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional. O barril do Brent, referência global, chegou a cair mais de 2% ao longo do dia, sendo negociado a US$ 59,03, o menor nível em cerca de sete meses.
Já o WTI, referência nos Estados Unidos, recuava 2,64%, a US$ 55,32, patamar mais baixo em quase cinco anos.
A desvalorização do petróleo pressiona diretamente as ações de petroleiras e tem efeito relevante sobre o Ibovespa, dado o peso da Petrobras na composição do índice. Segundo Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, o movimento reflete a leitura do mercado de que pode haver aumento da oferta global de petróleo. "Isso está impactando as petrolíferas, que estão puxando quase 3% de queda, o que também colabora", afirmou.
A expectativa de um possível cessar-fogo na guerra entre Rússia e Ucrânia tem alimentado essa percepção, já que um acordo poderia abrir espaço para a redução de sanções e maior fluxo do petróleo russo no mercado internacional.
Nesta segunda, 15, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que um acordo para pôr fim ao conflito na Ucrânia estaria "mais próximo do que nunca", após avanços em negociações envolvendo autoridades americanas, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e líderes europeus.
Zelensky também celebrou os progressos nas conversas depois de no domingo, 14, ter aberto mão de participar da Otan, em troca de garantias de segurança, o que aumentou o otimismo do mercado quanto a um desfecho do conflito.
Analistas destacam que um eventual acordo de paz pode ter impacto significativo no curto prazo sobre o petróleo, ao destravar volumes hoje redirecionados ou limitados por sanções. "Há uma grande quantidade de petróleo presa em cadeias de suprimentos extensas", afirmou a agências internacionais Martijn Rats, estrategista global de commodities do Morgan Stanley.
No cenário doméstico, outro fator que adiciona incerteza às ações da Petrobras é a greve dos petroleiros.
O movimento ganhou força no segundo dia e já atinge 24 plataformas de petróleo e oito refinarias, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP) à Reuters. Na Bacia de Campos, no Norte Fluminense, o número de plataformas envolvidas subiu para 22, com trabalhadores solicitando desembarque, o que, segundo a entidade, aprofundou o impacto operacional.
Apesar da pressão no curto prazo, a visão de médio e longo prazo para a estatal segue mais construtiva para parte dos analistas.
O Itaú BBA manteve recomendação de outperform para a Petrobras, em relatório divulgado nesta segunda, 15, mesmo após revisar para baixo sua estimativa de preço de longo prazo do petróleo, de US$ 65 para US$ 60 o barril. O banco fixou preço-alvo de R$ 43 para a PETR4 ao final de 2026, o que implica um potencial de valorização de 36% em relação aos níveis atuais.
Segundo o relatório, a aceleração dos investimentos em exploração e produção tem vindo acompanhada de ganhos relevantes de produção, o que reforça o potencial operacional da companhia.
O Itaú BBA projeta que a Petrobras pode manter produção média próxima de 2,6 milhões de barris por dia em 2026, acima da meta oficial, com dividend yield estimado em torno de 10% no período.