Inteligência Artificial

Desafio do humor: empresas de tecnologia buscam tornar chatbots mais engraçados

O motivo é deixar usuários engajados com a IA por mais tempo. Contudo, não é uma tarefa fácil criar uma IA sutilmente boa em piadas

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 24 de junho de 2024 às 10h58.

Última atualização em 24 de junho de 2024 às 10h59.

Empresas líderes em tecnologia estão se dedicando a um dos maiores desafios da inteligência artificial: tornar os chatbots mais engraçados.

O Google DeepMind, um dos maiores laboratórios de pesquisa em IA do mundo, tem focado em desenvolver inteligências artificiais que abordem problemas globais, desde a previsão de condições meteorológicas extremas até o desenvolvimento de novos tratamentos médicos. Recentemente, pesquisadores da empresa se depararam com um desafio peculiar: descobrir se a IA pode contar boas piadas.

Quem vai vencer a corrida pela melhor IA?

Em um artigo publicado neste mês, um grupo de pesquisadores do DeepMind, incluindo dois que fazem comédia improvisada nas horas vagas, convidou 20 comediantes para compartilhar suas experiências usando chatbots avançados para escrever piadas. Os resultados foram contundentes. Os entrevistados consideraram as piadas geradas por IA insossas, pouco originais e excessivamente politicamente corretas.

Um dos comediantes comparou o humor da IA ao "material de comédia dos anos 1950, mas um pouco menos racista." Alguns humoristas acharam a IA útil para criar um primeiro rascunho, mas poucos se sentiram felizes com o material produzido.

O DeepMind não é a única empresa de tecnologia pensando no senso de humor da IA, ou na falta dele. A xAI de Elon Musk posicionou o Grok como a alternativa mais engraçada aos chatbots rivais. A Anthropic lançou esta semana um novo modelo de IA, o Claude 3.5 Sonnet, que promete ser significativamente melhor em captar nuances e humor, entre outras melhorias.

Em uma recente demonstração da OpenAI, um usuário contou uma piada de "pai" para a versão mais recente e habilitada por voz do GPT para ver se a ferramenta a apreciava. O chatbot riu, embora não de maneira totalmente convincente.

Daniela Amodei, presidente e cofundadora da Anthropic, comentou que o humor é um desafio difícil de superar. Ela admitiu que o Claude ainda não tem a qualidade de um comediante profissional, mas afirmou que houve melhorias significativas.

Para as empresas de tecnologia, fazer a IA engraçada é um negócio sério. O foco atual é desenvolver chatbots conversacionais que possam lidar com consultas cada vez mais complexas dos usuários e serem agradáveis o suficiente para que os usuários continuem a interagir com eles em casa e no trabalho.

Em experimentos próprios com alguns dos principais chatbots, o humor gerado pela IA mostrou-se limitado. Por exemplo, ao pedir que Grok contasse uma piada sobre o CEO da OpenAI, Sam Altman, a resposta foi a opção mais seca possível: "Por que Sam Altman atravessou a rua? Para chegar ao outro lado da revolução da IA!"

Quando foi a vez do ChatGPT da OpenAI, do Gemini do Google e do Claude da Anthropic, as respostas foram igualmente desanimadoras. Claude usou o mesmo esquema da "travessia da rua", com um final diferente: "Para pivotar para o outro lado!"

O Gemini foi um pouco mais original: "Sam Altman entra em um bar e pede uma rodada de drinks para todos. O bartender diz, 'Uau, que generoso! Qual a ocasião?' Sam responde, 'Apenas comemorando a conquista da inteligência artificial geral... novamente.'"

Diante desses resultados, é tentador concluir que os chatbots precisam ser um pouco mais ousados, com o risco de aumentar o efeito diverso que piadas possuem na sociedade.

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