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CME: "Empresas têm o dever de analisar como podem incorporar blockchain"

Em entrevista à EXAME, líder global de produtos de criptomoedas do CME Group falou sobre planos da empresa para o setor

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 4 de outubro de 2024 às 18h22.

Última atualização em 7 de outubro de 2024 às 14h40.

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A CME Group se vê como uma das agentes responsáveis por "construir" o mercado de criptomoedas e acredita que é um "dever" das empresas do mercado financeiro avaliar como podem incorporar a tecnologia blockchain em suas operações. É o que afirma Giovanni Vicioso, diretor global de Produtos de Criptomoedas do CME Group, em entrevista à EXAME.

Vicioso, que lidera a estratégia de cripto da dona da Bolsa de Chicago, afirma que "se olha no ecossistema e nossos produtos, o que lidera o crescimento nesse espaço e porque deveria investir em bitcoin e ether, o motivo principal é o caso de uso, se vê valor nisso. Não é, e não deveria ser, apenas porque alguém investiu também, mas sim pelo fundamento, o que a tecnologia pode fazer".

E, no caso da tecnologia blockchain - que está por trás das criptomoedas -, ele acredita que "é um dever para empresas como a CME analisar como podem incorporar essa tecnologia e ver como clientes podem ter tempos de liquidação menores, um movimento de valores mais simples e operações mais eficientes".

"Conversamos com clientes, vendo se dá para introduzir novos produtos, e algo que ouvimos recentemente é que muitos estão olhando na tecnologia por trás dos produtos, o que mostra que há um interesse nisso e em melhorá-la. Blockchain provavelmente será parte da solução, mas precisa ver elementos como se vai ser público ou privado ainda", explica.

A "construção" do mercado

Atualmente, a CME Group é a líder no mercado de negociação de derivativos de criptomoedas. Vicioso afirma que o dado "é um atestado do que fizemos para construir esse mercado. Nós somos uma instituição antiga, que ajuda os clientes a gerenciarem risco, então somos um termômetro do interesse institucional".

"O interesse institucional é crescente. Nós construíamos esse mercado, demos uma legitimidade. Somos regulados e atraímos quem busca produtos regulados e quem busca por uma confiança", avalia. Apesar dessa importância e relevância, ele disse que, no momento, a empresa "não tem planos de entrar no mercado à vista. Já no futuro, é algo que poderemos ver se faz sentido. Mas no momento, não".

Ele pontuou que a CME Group está "focada nos futuros de bitcoin e ether". "A nossa jornada começou em 2016 e realmente surgiu do interesse de consumidores, com muitas conversas sobre bitcoin. Quando analisa para o mercado naquela época, os participantes tendiam a ser mais focados no varejo, mas os institucionais começaram a se interessar, como os provedores de liquidez. Começaram a falar conosco sobre e aí começamos a olhar", explica.

À época, a alta fragmentação do mercado foi o que motivou a CME Group a lançar uma taxa de referência única para o preço do bitcoin em relação ao dólar, hoje a mais usada no mercado. Nos anos seguintes, a empresa seguiu motivada pelo interesse de investidores para lançar novos produtos, como os seus primeiros contratos futuros de bitcoin, em 2017.

"A volatilidade do bitcoin naquela época era perto de 200%, e desde então ela caiu, perto de 40%, 30%. Os participantes do mercado estão mais maduros, atraímos fundos focados em criptomoedas, usando o produto para gerenciar os riscos ligados a esses fundos", comenta.

Já a partir de 2022, Vicioso destaca uma tendência "ainda em andamento" de chegada de fundos de investimento tradicional. Além disso, a CME Group introduziu "contratos menores, focados tanto na participação de varejo maior quanto para as instituições terem uma forma de exposição mais granular, com menos risco, e para testar estratégias".

Mercado latino-americano e novos produtos

O executivo avalia que o Brasil "é uma área de foco" da empresa pensando em criptomoedas, assim como a América Latina como um todo, descrita por ele como "um mercado em que ainda temos baixa penetração dos nossos produtos. É um mercado que tem crescido. A participação no nosso volume diário de negociação é de 3%, mas ela quase dobrou. Ainda é um mercado pequeno, mas temos visto esse crescimento".

"É uma região com países com alta inflação e moedas desvalorizadas, então o bitcoin e criptos podem ter outros casos de uso que não têm em outros países. Na América Latina, vemos casos como do El Salvador, Argentina. Então temos um interesse crescente na região. É um mercado muito importante", ressalta.

Sobre os planos futuros da CME Group, ele afirma que o foco estará em "desenvolver produtos e mecanismos ligados ao investimento em bitcoin e ether". Um exemplo foram os recém-lançados contratos futuros de bitcoin com vencimento semanal, sempre às sextas-ferias.

"O que é interessante é que ele é menor, valendo 1/50 do bitcoin, e isso é importante porque o bitcoin dobrou de valor apenas entre o ano passado e este. Os investidores individuais têm mais dificuldade de acessar o bitcoin pelos produtos originais, então agora temos algo mais acessível para o varejo", explica.

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