Banco Central quer "apertar" regulação de criptomoedas, diz Roberto Campos Neto
Durante audiência na Câmara dos Deputados, presidente da autarquia falou sobre expansão do mercado cripto no Brasil
Repórter do Future of Money
Publicado em 28 de setembro de 2023 às 16h05.
Roberto Campos Neto , presidente do Banco Central , afirmou na última quarta-feira, 27, que a autarquia pretende "apertar" a regulamentação do mercado de criptomoedas no Brasil. Ele falou sobre o tema durante uma audiência realizada pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Durante sua participação, Campos Neto foi perguntado sobre a avaliação e planos do Banco Central referente ao mercado de criptomoedas no Brasil. Ele destacou que "criptomoedas é um tema que todo banco central do mundo está preocupado. A gente tem um crescimento de importação de criptomoedas no Brasil bastante grande".
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Os dados divulgados nesta semana pelo Banco Central confirmam a afirmação. As estatísticas do setor externo, que reúnem os fluxos de entrada e saída de capital do Brasil a cada mês, apontaram um um recorde em agosto referente à importação de criptoativos no Brasil, que superou a marca de US$ 1 bilhão (mais de R$ 5 bilhões, na cotação atual).
Na visão de Campos Neto, esse mercado "começou como um tema muito mais de investimento, ou seja, nessas criptomoedas que tinham mais volatilidade: bitcoin, ethereum. Mais recentemente, isso migrou para stablecoins, que são moedas digitais atreladas ao dólar . Isso nos passa a percepção que as pessoas estão começando a suar moeda digital como meio de pagamento, e não só como investimento".
"A gente entende que tem muita coisa, vamos dizer assim, que é ligada à evasão fiscal, ou que é ligada a atividades ilícitas que estão transitando nesse mundo de criptomoedas", pontuou ainda o presidente do Banco Central. Nesse sentido, ele disse que "a gente está tentando apertar a regulação, fazendo com que as corretoras comecem a ser fiscalizadas pelo Banco Central".
Com a aprovação do Marco Legal das Criptomoedas em 2022, entrando em vigor em junho deste ano, o governo federal definiu o Banco Central como a autarquia responsável por regular o mercado de criptomoedas no Brasil, assim como as operações das empresas que compõem esse setor. Agora, a autarquia caminha na chamada etapa de regulação infralegal .
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Regulação e Drex
Otávio Damaso, diretor de regulação do BC, explicou recentemente que a etapa infralegal trará regras e "arcabouços regulatórios que se aplicam às instituições financeiras e queremos trazer para essas novas entidades que estão entrando no âmbito da nossa regulação". De acordo com o diretor, a previsão atual do Banco Central é que a consulta pública sobre a regulamentação do mercado de criptomoedas ocorra até o fim do quarto trimestre deste ano.
Com isso, seria possível a divulgação das regras no primeiro semestre de 2024. Já Campos Neto disse durante a audiência na Câmara que "a gente vai começar a olhar primeiro se a criptomoeda tem lastro, depois qual é a atividade ligada à criptomoeda. A gente está aumentando a regulação sobre isso".
O presidente do Banco Central pontuou ainda que a autarquia pretende lançar o Drex, uma versão digital do real e integrada à tecnologia blockchain, que na prática será a "moeda digital brasileira". Ele destacou que o Drex "também deveria ocupar um espaço nesse mundo de criptoativos", em linha com comunicados recentes do BC que apontam o papel do Drex no ecossistema cripto.
Segundo analistas da autarquia, a versão digital do real tem potencial para competir com stablecoins e servir como uma alternativa regulada e respaldada pelo Banco Central em pagamentos e outras operações. Ele disse ainda que "o Real Digital vem para ajudar a melhorar o custo da intermediação financeira, isso baixa os juros também. É importante dizer que os juros é um preço, uma variável".
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