Worldcoin é um projeto desenvolvido por Sam Altman, CEO da OpenAI (Worldcoin/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 3 de janeiro de 2024 às 16h57.
Última atualização em 3 de janeiro de 2024 às 18h16.
Lançado em 2023, o Worldcoin ainda caminha a passos lentos na sua missão de criar uma identidade digital global, mas tem conseguido avanços mais expressivos em alguns países. É o caso da Argentina, onde imagens registradas pela imprensa local mostram pessoas fazendo grandes filas para registrar suas íris em troca de criptomoedas.
Uma reportagem divulgada pela emissora Telefe Noticias afirma que "milhares e milhares" de argentinos estão aparecendo semanalmente nos pontos com Orbs — as máquinas usadas para o escaneamento de íris — para realizar o registro e, em troca, obter entre 33 mil e 35 mil pesos argentinos, cerca de US$ 50, em WLD, o token nativo do projeto.
Uma argentina que foi entrevistada pelo canal afirma que o registro é semelhante a um "escaneamento facial" e comentou que foi avisada por outras pessoas que o registro seria uma forma de prevenir invasões em contas. Ela explicou ainda que recebeu 33 mil pesos em troca do registro, obtidos inicialmente em criptomoedas e então convertidas por ela.
Poné #TelefeNoticias AHORA | Largas filas para el escaneo de ojos
Se armaron filas en las puertas de Pinar de Rocha para el misterioso escaneo de ojos. Por cada escaneo están pagando entre $30 y $35 mil pesos pero ¿para qué sirve?
Seguí el vivo en https://t.co/akQDfBznFk pic.twitter.com/vraqmTZD1p
— Telefe Noticias (@telefenoticias) December 28, 2023
Em uma entrevista para a Forbes Argentina em dezembro, Martin Mazza, diretor de operações do Worldcoin na América Latina, afirmou que a Argentina é, atualmente, o país com mais registros de íris em todo o mundo. Entretanto, ele não associou o nível elevado de participação à forte crise econômica no país, mas sim à grande adoção de criptoativos pela população.
Segundo Mazza, 360 mil argentinos já registraram suas íris por meio do Orb e receberam criptomoedas em troca, sendo que a operação registrou recentemente 9,5 mil pessoas em apenas um dia. Ele disse ainda que "estamos vendo um recorde de demanda e usuários que querem solicitar o produto".
Logo após a estreia do projeto, em agosto, a Agência de Acesso à Informação Pública (AAIP) da Argentina afirmou que abriu um processo para investigar o Worldcoin, os registros de íris e o tratamento de dados de usuários. Na entrevista à Forbes Argentina, Mazza disse que o projeto se adequou à legislação do país para proteção de dados. Já no Brasil, o Worldcoin encerrou suas operações há alguns meses.
O Worldcoin é um projeto que busca criar uma identidade digital global com base no registro da íris das pessoas. Ele foi criado por Alex Blania e Sam Altman, CEO da OpenAI — a dona do ChatGPT —, que afirmam que a meta é ter um registro biométrico de toda a população, ressaltando a escala mundial da iniciativa. Um dos focos do projeto é disseminar uma forma segura de "diferenciar humanos de inteligências artificias na internet".
A empresa afirma que, após o registro de íris, os dados pessoais são imediatamente deletados e substituídos pelo World ID, uma espécie de carteira de identidade que, na prática, mostra que a pessoa realizou o escaneamento e é quem diz ser. Mesmo assim, o procedimento despertou críticas e preocupações entre especialistas.
Recentemente, a iniciativa anunciou uma série de novidades envolvendo a World ID. A principal foi o estabelecimento de parcerias com diversas empresas para permitir que a identidade seja usada como forma de acesso a contas. Uma das parceiras é o Mercado Livre, que foi fundado na Argentina.
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