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Suspeito de matar torcedora Gabriela Anelli foi preso pelo reconhecimento facial do Allianz Parque

Revelação foi feita pela delegada Ivalda Aleixo, responsável pelo caso

Gabriela Anelli: torcedora do Palmeiras morreu após ser atingida por garrafa de vidro (Instagram/Reprodução)

Gabriela Anelli: torcedora do Palmeiras morreu após ser atingida por garrafa de vidro (Instagram/Reprodução)

Antonio Souza
Antonio Souza

Repórter da Home e Esportes

Publicado em 25 de julho de 2023 às 17h54.

Última atualização em 25 de julho de 2023 às 18h05.

Durante a entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, 25, a delegada Ivalda Aleixo revelou que o reconhecimento facial do Allianz Parque ajudou a Polícia Civil a prender um homem suspeito pelo envolvimento na morte de Gabriela Anelli, torcedora do Palmeiras que faleceu após ser atingida por uma garrafa de vidro, algumas horas antes da partida contra o Flamengo, dia 8 de julho, pelo Campeonato Brasileiro.

O nome do suspeito é Jonatan Messias Santos da Silva, preso no bairro de Campo Grande, no Rio de Janeiro. Ele vai ser apresentado na unidade policial da capital fluminense e, logo depois, seguirá para São Paulo.

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"Foi identificada a pessoa. Era um homem de barba. Ele entra para o estádio logo depois [de atirar a garrafa contra Gabriela Anelli] e é identificado pelo reconhecimento facial que tem no estádio. Era a mesma pessoa", declarou Ivalda Aleixo, responsável pelo caso.

Além disso, passados dois meses da implementação total da nova operação, é possível afirmar que o cambismo na venda dos ingressos digitais e também em dias de jogos nas redondezas do estádios caiu drasticamente, visto que é possível encontrar bilhetes à venda em setores mais concorridos do estádio muitas horas depois de abertas as vendas, fato que não acontecia anteriormente — exemplo disso é o setor Norte, onde ficam localizadas as torcidas organizadas.

O pioneiro no Brasil na utilização da tecnologia do reconhecimento facial em seu estádio foi o Goiás, que aprovou os resultados obtidos e adotou em definitivo a utilização do sistema no Estádio Hailé Pinheiro desde janeiro deste ano.

Paulo Rogério Pinheiro, presidente do Goiás, destaca os motivos que levaram a equipe a adotar essa medida: “A segurança do torcedor esmeraldino é prioridade para o clube. Decidimos implementar o reconhecimento facial no ano passado, por entender que é um projeto que traz muito mais segurança para os torcedores irem aos jogos com suas famílias e crianças. O sistema funcionou bem e, agora, em 2023, ele está sendo usado em todas as nossas partidas no estádio Hailé Pinheiro.”

A primeira vez que o Esmeraldino adotou as câmeras de reconhecimento nas catracas da Serrinha foi em partida contra o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro da Série A, em 29 de outubro de 2022. Nos jogos seguintes, contra Juventude e São Paulo, também houve utilização da tecnologia. Assim, a “Serrinha” se tornou o primeiro estádio do Brasil a usar esse método para 100% do público presente.

Além do reconhecimento facial nas catracas de acesso, a Serrinha conta também com vigilância por câmeras de superzoom em seu interior, capazes de identificar qualquer torcedor presente no estádio, além de ter lentes instaladas em capacetes utilizados pelos seguranças particulares contratados pelo clube. Assim, qualquer atitude indevida nas arquibancadas pode ser gravada e armazenada para reconhecimento e identificação do infrator, que poderá ser punido e até mesmo impedido de entrar em outros jogos do time.

"Os clubes e as empresas estão começando a implementar novas tecnologias para melhorar a experiência do torcedor, tanto nos estádios quanto em outras plataformas. Tenho certeza que é só o início de uma grande jornada, na qual todos os envolvidos são favorecidos", destaca Henrique Borges, CEO da Somos Young, companhia que utiliza tecnologia de ponta para fazer o relacionamento do programa de sócio-torcedores de clubes como Cruzeiro e Bahia.

O Palmeiras testou a tecnologia pela primeira vez no final do ano passado, e passou a implantá-la para os jogos no Allianz Parque, em São Paulo, em todos os setores desde maio deste ano.

Fernando Patara, cofundador e head de inovação do Arena Hub, principal centro de fomento à inovação em esporte, entretenimento e mídia na América Latina, destaca outros pontos importantes dessa tendência: a atenção e o conhecimento total a respeito da base de fãs das agremiações.

“Reconhecimento facial é um recurso utilizado para melhorar a experiência com relação ao fluxo de pessoas, segurança nos acessos e identificação dos torcedores. Colocar o fã no centro das ações é o maior desafio atualmente dos clubes e entidades esportivas. Deter o máximo possível de informações com relação aos hábitos, produtos e serviços obtidos faz com que consigamos personalizar e valorizar as entregas. As marcas caminham na mesma direção transformando seus consumidores em fãs e ações como essas os aproximam mais dos seus objetivos”, pontua.

"Com essas iniciativas, a instituição passa a conhecer de fato o seu torcedor. O simples fato de levar milhares de pessoas ao estádio e não saber se ela realmente está lá já é um fato crítico a ser analisado em pleno ano de 2023. Agora, sabemos também que empresas de vários segmentos possuem dados mas não sabem como usá-los, entra neste momento um novo desafio, e que se bem feito, pode gerar um ganho gigante na conexão com os torcedores", acrescenta Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa de marketing esportivo que possui clientes captados em diversas arenas do país, entre elas o Allianz Parque e o Mineirão.

“A tecnologia de reconhecimento facial não só aumenta a segurança e controle de acesso como também anda em linha com o objetivo das entidades esportivas de conhecerem cada vez mais seu fã já que no cadastro prévio do sistema é possível capturar dados que podem ser úteis para outras iniciativas dos clubes com seus torcedores”, aponta Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

Arena MRV testou reconhecimento facial no 'Lendas do Galo'

O jogo 'Lendas do Galo', realizado em meados deste mês, marcou uma novidade aos torcedores que marcaram presença na Arena MRV, durante as festividades entre ex-jogadores e ídolos do Atlético Mineiro. A nova casa atleticana testou a implementação do reconhecimento facial, inicialmente apenas para os profissionais da imprensa, já que a nova tecnologia ainda está em período de testes.

Ainda não existe um prazo específico de quando o novo sistema vai ser colocado em prática para todos os outros setores do estádio. Isso ocorre por uma série de questões, principalmente às integrações internas da Arena MRV com os sistemas contratados, além de encontros com autoridades e o poder público para ajustes de cadastramento, já que o processo precisa seguir as leis de proteção de dados.

Para a implementação dos equipamentos de controle de acessos com reconhecimento facial, a Arena MRV contará com a Imply, líder no fornecimento de tecnologias para clubes de futebol, estádios e arenas no Brasil. Ele vai dispor de tecnologias inovadoras do sistema de reconhecimento facial, a fim de facilitar a entrada dos sócios e torcedores atleticanos. A validação dos acessos do público terá os recursos de biometria, NFC, bluetooth, RFID e código de barras 1D e 2D (QR Code).

A empresa já atua nos principais palcos do futebol nacional, a exemplo de Maracanã, Arena do Grêmio, Beira-Rio, Arena da Baixada, Arena Fonte Nova, Arena das Dunas, e mais, além de oferecer soluções para eventos, atrações culturais e organizações.

“Nosso objetivo é proporcionar agilidade, facilidade e segurança, integrando os 18 portões de acesso ao estádio com tecnologias de última geração para altos fluxos de tráfego. A Arena MRV, com o controle de acessos desenvolvido pela Imply, será a arena mais tecnológica da América Latina, com diversos diferenciais para facilitar a gestão e a experiência do público. Com toda a certeza os atleticanos contam com uma arena inovadora, criada para proporcionar experiências inesquecíveis”, afirma Tironi Paz Ortiz, CEO da Imply.

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