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Parceria entre Band e F1 chega ao fim, e Globo trabalha para voltar às transmissões

Especialistas apontam diversos aspectos para a queda de engajamento junto ao público

NORTHAMPTON, ENGLAND - JULY 6: Max Verstappen of the Netherlands driving the (1) Oracle Red Bull Racing RB20 during qualifying ahead of the F1 Grand Prix of Great Britain at Silverstone Circuit on July 6, 2024 in Northampton, England.(Photo by Vince Mignott/MB Media/Getty Images) (Vince Mignott/MB Media /Getty Images)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 5 de setembro de 2024 às 15h07.

Última atualização em 5 de setembro de 2024 às 15h20.

A saída do Grupo Bandeirantes como canal oficial da Fórmula 1 no Brasil, de acordo com informações do mercado junto à Liberty Media, detentora dos direitos de transmissão da modalidade, se deu por alguns motivos, em especial questões financeiras, segundo se comenta nos bastidores e descumprimento no pagamento dos valores acordados inicialmente à assinatura do contrato, que se deu em 2021.

Agora, se fala que a competição deva voltar a ser exibida pela TV Globo, canal que por duas décadas comandou as transmissões no país, entre 1981 e 2020, até chegar à Band no ano seguinte. O contrato de exibição entre Liberty Media e Band iria até o final de 2025, mas será cumprido somente até o fim da temporada 2024.

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A audiência das etapas exibidas frequentemente nas manhãs de domingo não eram das mais altas em comparação ao período global, ficando na casa dos 2 pontos. O GP da Itália, por exemplo, disputado no último domingo, 1º, deixou a Band na quarta colocação, com 2,4 pontos, mas próximo dos segundos colocados, SBT e Record, com 2,6, e atrás apenas da Globo, com 8 pontos de média.

Já em maio deste ano, a Band conseguiu pela primeira vez passar dos 3 pontos de média com o GP de Mônaco, considerado um dos mais tradicionais da modalidade, e atigindo 4,4 pontos de pico. No entanto, assim como no último GP, também ficou com a quarta posição, próximo dos vices-líderes SBT e Record.

Para especialistas em gestão e marketing esportivo, alguns fatores levam a essa queda de engajamento com o público, e isso não está atrelado somente ao fato de o país não ter um piloto brasileiro.

“A concorrência acirrada pela atenção dos fãs, a grande oferta de novas modalidades esportivas que se somam às tradicionais e as métricas de desempenho que pressionam executivos de marketing por perfomance, resultam em um mercado publicitário impiedoso até mesmo com projetos considerados infalíveis”, opina Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

Para Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte, "apesar da modalidade ter rejuvenescido o seu público por meio da série do Netflix Drive to Survive , o interesse da modalidade no Brasil cresceu novamente, mas a ausência de um piloto brasileiro há anos na F1 não tem ajudado a incrementar a audiência das provas no país", diz.

“A ausência de um piloto nacional tem influência direta no interesse do público brasileiro de acompanhar a temporada da modalidade, mas existem ainda outros motivos. Diferentemente de anos atrás, hoje as transmissões de TV ‘brigam simultaneamente’ com as redes sociais pela atenção do público. A mudança de emissora também pode ser outro fator. No início, por ser novidade, obteve-se uma boa audiência, porém, nos anos seguintes, sem esse apelo do ‘fato novo’, os números começaram a cair. No entanto, independentemente do alcance das transmissões, quando o assunto é o evento em si, é inegável que o GP do Brasil continua crescendo e sendo um sucesso a cada ano”, pondera Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport no Brasil, agência que oferece pacotes com hospedagem, transporte e ingressos para o GP de São Paulo.

Para Bruno Maia, CEO da Feel The Match e especialista em inovação e tecnologia no esporte, e que escreveu o livro Inovação é o Novo Marketing, que aborda sobre essas transformações, uma das principais dificuldades do esporte ao vivo nessa época dos streamings é o de promover uma linearidade de grade.

“Numa grade de programa linear, como são as das TVs abertas, a gente vê toda hora os programas de variedade, o jornalismo, os intervalos comerciais, falando e promovendo o evento que será transmitido das competições que acompanhamos. Quando isso é feito pelos canais que transmitem jogos no streaming hoje, geralmente eles não têm grade de programação impactando o tempo todo, pelo contrário. Os conteúdos são assistidos por demanda, ou seja, se o consumidor clica para ver. Ninguém pede para ver este tipo de conteúdo que promove o evento. Por isso, a força promocional destes veículos é muito menor do que um veículo com grade linear, como os canais de TV", afirma ele.

O executivo da Feel The Match complementa dizendo que a Globo fez isso por muito tempo, ao transmitir e promover seus eventos.

"Isso aumentava o relacionamento com o público. Hoje, não necessariamente a plataforma que promove uma exibição acaba gerando conteúdos o tempo todo em que se relacionam com o que está acontecendo na competição. Essa promoção acaba sendo feita por influenciadores ou outros canais especializados, que não necessariamente têm o direito. Ficamos expostos à promoção do evento e isso dificulta um elo mais próximo, quando ao mesmo tempo já não existe uma paixão predeterminada. Uma coisa é ter amor por um time de futebol, você continua seguindo ele porque já está lá bem enraizado. Os pilotos de F1 você precisa conhecer".

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