(Raul da Motta/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de novembro de 2022 às 17h55.
A menos de uma semana para o início da Copa do Mundo — momento em que amigos e familiares costumam se reunir para ver as partidas de futebol —, o aumento de casos de covid-19 provocado por novas subvariantes da Ômicron tem reforçado a necessidade de medidas preventivas para evitar ainda mais a proliferação da doença.
Especialistas orientam que os cuidados devem ser redobrados principalmente por grupos mais vulneráveis.
"Idosos, gestantes e pessoas com imunocomprometimentos não devem se expor tanto neste momento. Também é preciso levar em consideração que muitas pessoas convivem com esses grupos. Desta forma, todas essas pessoas precisam ter cuidados redobrados para evitar a transmissão", avalia o infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri.
"Com aumento de casos no mundo inteiro, nós voltamos a precisar de cuidados, principalmente para os não vacinados e pessoas com algum grau de imunodepressão. Incluímos ainda crianças que não foram vacinadas, gestantes e indivíduos que têm câncer ou doenças graves — renais, cardíacas ou pulmonares", acrescenta Marcelo Otsuka, vice-presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria de São Paulo (SBPSP).
"Outro problema é que no Brasil ainda não temos a atualização das vacinas, que ainda não foram liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)", afirmou Otsuka. Em nota, a Anvisa informou que não tem data para a liberação.
No último sábado, 12, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde publicou nota técnica em que recomenda o uso de máscara pela população e a adoção de outras medidas. Conforme o documento, entre os dias 6 e 11 deste mês, foram notificados 57,8 mil casos da doença. Com isso, a média móvel de diagnósticos positivos, calculada neste período, subiu para 8,5 mil, o que representa aumento de 120% em relação ao índice da semana anterior (3,8 mil).
Confira a seguir orientações as principais orientações:
Para o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), depende muito da avaliação de risco pessoal feita por cada indivíduo.
"Pessoas com baixa imunidade, consideradas imunossuprimidas, idosos e aqueles com comorbidades, por exemplo, a recomendação é que não frequentem ambientes com aglomeração, em razão dos riscos de transmissão que estão bastante altos", alerta o especialista.
Para o infectologista e diretor da SBIm, sempre que há períodos de maior transmissibilidade, o risco aumenta. Desta forma, a questão não se trata de determinar se as pessoas podem se reunir para um churrasco ou assistir aos jogos em bares ou restaurantes mas sim verificar se os encontros envolvem indivíduos de grupos mais vulneráveis ou que tenham contato com esses públicos.
"O cenário atualmente, no entanto, é muito diferente do início da pandemia da covid-19. Continuamos com estádios e shows, por exemplo, pois a magnitude dessas ondas são muito menores e o risco de gravidade também é menor com a população vacinada. O que devemos frisar é que os grupos mais vulneráveis são maus respondedores às vacinas, precisando ter nestes momentos cuidados redobrados para evitar o risco de contágio", pondera Kfouri.
Patrícia Baxter, infectologista e coordenadora da equipe de clínica médica do Hospital Leforte da unidade Liberdade, avalia que diante do aumento de casos a orientação é que ambientes de aglomeração sejam evitados.
"Na eventualidade de estar em locais com muitas pessoas, é importante fazer uso de máscara facial e lavar as mãos corretamente ou higienizá-las com álcool em gel. Em caso de a pessoa apresentar síndromes gripais, persiste a importância de manter o isolamento, usar máscara e realizar o teste de covid-19 caso seja possível", alerta a especialista.
Para Patrícia, é importante ainda que a população mantenha atualizado o calendário vacinal contra a covid-19. "Com todas as doses de reforço em dia que são preconizadas de acordo com as faixas etárias e grupos prioritários", lembra ela.
Todas as pessoas que apresentarem sintomas ou tenham tido contato com infectados são aconselhadas a realizarem o teste de covid-19.
"Sintomas não devem ser menosprezados. A pessoa pode apresentar febre, mal-estar, prostração e diarreia, por exemplo. É importante que o isolamento seja realizado o quanto antes", alerta a infectologista do Leforte.
Para Otsuka, infectologista da SBPSP, o teste deve ser realizado também por pessoas que tiveram contato com indivíduos com resultado positivo. "Vale lembrar ainda que os testes rápidos de farmácia têm maior eficácia a partir do terceiro dia de sintomas. Se realizado antes, o resultado pode vir negativo, o que não significa que seja realmente negativo", alerta ele.
"Os testes rápidos de farmácia levam a maior chance de falso negativo que os de laboratório", reforça Renato Grinbaum, infectologista e professor de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid).
Não. Não é possível garantir 100% que a pessoa não esteja contaminada, pois existe uma chance de o teste dar falso positivo.
"O teste (rápido) de antígeno tem em torno de 30 a 40% de chance de dar falso positivo. Então, em caso de sintomas, será necessário repetir o exame. O ideal é que o teste seja feito a partir do terceiro dia em que a pessoa comece a apresentar os sintomas, mantendo os sintomas o teste deve ser repetido ao menos mais uma vez para ter certeza do diagnóstico. Já o teste RT-PCR tem uma sensibilidade maior e apresenta falha em torno de 15 a 20%. É um teste, no entanto, que deve ser feito em laboratórios", explica Barbosa, vice-presidente da SBI.
Segundo Rubens Pereira dos Santos, infectologista e professor do curso de medicina da Universidade de Franca (Unifran), por enquanto, os testes estão sendo considerados eficientes, mesmo com essas variantes.
"Porque elas são muito parecidas, então a segurança do teste continua sendo muito boa. É claro que às vezes o paciente está com quadro viral, e não necessariamente é covid-19, porque estamos tendo outros vírus que estão tendo uma incidência paralela, por exemplo, Influenza A e B, o vírus sincicial respiratório (VSR), rinovírus, adenovírus e enterovírus", explica Santos.
"Até o momento não existem problemas de detecção reportados diante das novas variantes", concorda Grinbaum, infectologista e professor da Unicid.
Caso o resultado dê positivo, o isolamento deve ser de cinco dias a serem contados a partir do primeiro dia do início dos sintomas. É necessário que, no quinto dia, o paciente realize um teste de antígeno que dê resultado negativo.
Ou pode ser feito apenas isolamento de sete dias corridos, sendo que, no último dia, o paciente não apresente sintomas.
"A pessoa deve evitar encontros com outros indivíduos. Se inevitável, deve evitar proximidade e ambos usarem máscaras durante todo o período em que estiverem juntos", aconselha Grinbaum.
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