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Bayern de Munique e Real Madrid ultrapassam US$ 1 bilhão em receitas em 2024

Clubes também lideram quadro de sócios-torcedores na Europa

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 14h11.

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O Bayern de Munique anunciou que ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão em receitas no ano fiscal de 2023/24, com um total exato de € 1,017 bilhão (R$ 6,54 bilhões). Deste montante, quase 100% é proveniente do futebol, com € 951,5 milhões (R$ 6,12 bilhões).

Os bávaros, como são chamados, também informaram que chegaram aos 382 mil inscritos, em anúncio feito pelo diretor de financeiro Michael Diederich, em entrevista aos canais oficiais do clube alemão. “Os números que apresentamos hoje são o resultado do nosso trabalho duro, comprometimento e amor pelo clube, e mostram a solidez de nossa posição financeira”, disse.

Não por acaso, o Real Madrid, agora ao lado do Bayern, se tornou o primeiro clube de futebol a passar de US$ 1 bilhão em receitas, respectivo ao ano de 2023/24. Os dados revelados pelo Football Benchmark apontam um valor total de US$ 1,065 milhão.

Coincidência ou não, o Real Madrid também está entre os clubes com o maior número de sócios, estimado em 360 mil inscritos. Entre os clubes europeus, quem também se destaca entre as equipes com maior quadro de sócios é o Benfica, de Portugal, com aproximadamente 300 mil.

Na América do Sul, argentinos lideram; Palmeiras e Inter se destacam no Brasil

São dois argentinos que lideram o quadro com maior números de sócios na América do Sul: o River Plate, com mais de 350 mil, e Boca Juniors, com 327 mil. No Brasil, o Palmeiras é quem lidera as estatísticas, com 200 mil, seguido por Internacional, com 145 mil, Grêmio, com 105 mil, Atlético-MG, com 95 mil, e Flamengo, com 80 mil.

"O Palmeiras atingiu mais de 200 mil sócios porque apostou numa estratégia muito boa de cross-sell com o Palmeiras Pay. Talvez tenha sido o primeiro clube brasileiro a entender que existe um ecossistema de produtos que podem potencializar um ao outro. River, Boca e Benfica têm outros benefícios diferentes (ingresso como visitante, direito a voto, etc). Aqui nós centralizamos muito no ingresso, porque é de fato o maior benefício, e só depois entendemos que precisamos de coisas além. Mas isso tem mudado aqui no país e, nos últimos anos, os números de sócios-torcedores têm aumentado consistentemente. Isso começou a entrar também na cultura do fã brasileiro", aponta Henrique Guidi, diretor de clubes da Agência End to End, empresa de marketing esportivo que é um hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo, que faz a gestão do programa de sócios do Palmeiras.

"Hoje é importante ter mais conteúdo e facilidade para consumo dos clubes, não só ingresso. Até porque os estádios geralmente já não comportam mais o número de sócios (caso do Palmeiras, que tem 5 vezes mais sócios que lugares no Allianz). As agremiações têm buscado cada vez mais ter melhores benefícios, que as pessoas realmente usem, e trazer mais conteúdo exclusivo", complementa.

Semifinalista da Copa Libertadores, o River Plate chegou a esses patamares depois da reforma de seu estádio, atualmente o maior da América do Sul, com capacidade para 86 mil pessoas. O clube argentino garante que os 350 mil sócios possuem as mensalidades em dia e que os inadimplentes são exclui-dos no mês seguinte ao não pagamento, e que as inscrições correspondem a um único CPF, ou seja, sem dependentes no mesmo plano.

O Internacional, que foi o primeiro clube brasileiro a atingir 200 mil sócios no país há alguns anos, e retoma os patamares antigos após os anos de pandemia, tem faturado uma média de R$ 8 milhões/mês, números considerados excelentes e que incrementam os cofres do clube, contribuindo para a contratação de reforços e a retomada após as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul.

"Por muito tempo, o único benefício para o sócio era acessar o jogo, entrar no gramado ou ter algum benefício de desconto ou preferência na compra de ingresso. O Internacional, em 2009, bateu sim uma marca expressiva, na campanha do ano do seu centenário, por meio de um projeto de sócios do clube que iniciou em 2004, quando o número era muito baixo, perto de cinco, seis mil sócios. Desde o início da nossa gestão, de 2021 ou 2022 para cá, tivemos um incremento de 40 mil sócios aproximadamente, ou seja, 40% a mais em dois anos", argumenta Victor Grunberg, vice-presidente do Colorado e um dos responsáveis pela gestão do programa de sócios.

Outro detalhe que contribui para essa adesão está no fato do Internacional ser considerado uma das agremiações mais democráticas do país quando o assunto é eleição, com uma quantidade expressiva de votantes. Nas eleições do final do ano passado, 29.800 associados apareceram para votar, um recorde entre os clubes de futebol no Brasil.

Para Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, na prática o número de sócios é pouco relevante. "O que interessa é a relação entre o quanto se arrecada com eles, e o número de lugares para venda avulsa do qual o clube abdica para atender esses sócios", indica.

De acordo com o executivo, o Brasil tem suficientemente dez clubes em condição de arrecadar mais com sócios do que Boca e River. "A economia argentina ainda vai demandar muitos anos para voltar a ser relevante, e está em patamar muito inferior a nossa, mesmo com a depreciação recente de nossa moeda. O negócio do futebol depende da economia muito mais do que o torcedor imagina. É passional, mas está no grupo das primeiras despesas a serem cortadas quando das crises e diminuições da renda", diz.

O que o Brasil precisa fazer para os clubes chegarem aos 300 mil sócios?

Nunca um clube brasileiro atingiu a marca de 300 mil sócios. O Palmeiras chegou a 200 mil neste ano, seguido pelo Internacional, com quase 150 mil. Para Jorge Duarte, gerente de marketing e esportes da Somos Young, empresa que atua no atendimento a sócios-torcedores de clubes como Cruzeiro, Coritiba e Vitória, a relação do sócio com seu clube está mudando de forma muito rápida.

"Ingresso e benefício já viraram commodity, levando em conta que o marketing atual visa a junção entre experiência e tecnologia para gerar conexão com seu público. Então, de que forma estamos nos relacionando com ele? O que ele gosta? O que o motiva a ser sócio torcedor? De que forma posso me aproximar e ampliar esses pontos de contato entre clube e torcida, inclusive, com o uso de novas ferramentas? Aqueles que conseguirem responder essas questões, priorizando o engajamento e a sensação de pertencimento, terão chances maiores de ampliar seus programas de sócio-torcedor”, explica.

Segundo Duarte, todas essas questões passam pelo argumento do relacionamento. "Veja o caso da IA, por exemplo. Na Somos Young fortalecemos a central de atendimento dos clubes através de práticas orientadas à resolução de todos os problemas da jornada do sócio. Atendimento 24h, rápido retorno, IA generativa, com o que há de mais atual no mercado. Hoje, as empresas entendem que o maior veículo de comunicação entre consumidor e uma empresa é o WhatsApp, então, faz parte do nosso trabalho ser um facilitador dessa jornada de compra, visando sempre a satisfação do sócio-torcedor”, detalha.

E por qual motivo nenhum clube brasileiro conseguiu atingir ainda a marca de 200 mil sócios? O executivo da Somos Young explica. “Não penso que tenhamos atingido esse limite. Até porque, quando saem as pesquisas de tamanho de torcida, sempre batemos nas casas de milhões, principalmente quando falamos dos maiores clubes do país. Defendo o fato de que podemos trabalhar melhor a divulgação desses programas de sócios, oferecendo benefícios e experiências intangíveis, que fazem com que o consumidor/torcedor queira ser sócio além do ingresso ou brinde. É um desafio diário, porque a mentalidade do torcedor brasileiro, por muito tempo, foi de só consumir os 90 minutos de jogo. Hoje não é mais assim. Clubes são geradores de conteúdo, de mídia, então, para quem quer estar sempre perto, se associar ao clube é um caminho natural”, conclui.

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