Pioneira no tratamento do coronavírus, Regeneron divulga balanço nesta sexta
Farmacêutica americana divulga hoje resultados do quarto trimestre de 2020, período em que obteve autorização para uso emergencial do medicamento próprio para o tratamento da covid-19
Maria Clara Dias
Publicado em 5 de fevereiro de 2021 às 06h00.
Quando foi internado por covid-19 em outubro do ano passado, o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump atribuiu sua 'cura' do vírus a um tratamento experimental com um medicamento que estimulava a produção de anticorpos. Desenvolvido pela empresa Regeneron Pharmaceuticals, o medicamento promissor foi recentemente autorizado pela agência regulatória de saúde do país (FDA) para uso emergencial em infectados pela doença.
Debaixo desse e outros acontecimentos, a Regeneron, empresa de biotecnologia americana, apresenta nesta sexta-feira, 5, o balanço financeiro do último trimestre de 2020. Dentro do período de um ano, a empresa abandonou o status de desconfiança e se tornou uma alternativa viável para conter as mais de 365 mil mortes por covid-19 nos EUA.
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A Regeneron é uma empresa americana de biotecnologia com sede em Nova York e fundada em 1988. A farmacêutica lista suas ações publicamente na bolsa de valores americana, Nasdaq, desde 1991. Naquele ano, a oferta pública inicial de ações levantou cerca de 91,6 milhões de dólares, segundo dados da empresa. Hoje o valor de mercado da Regeneron é superior a 53 bilhões de dólares.
Mas foi apenas em 2008, depois de muitos testes clínicos, que a Regeneron teve seu primeiro medicamento aprovado pelo FDA, órgão similar à Anvisa nos Estados Unidos: uma injeção usada no tratamento de adultos e crianças com síndromes inflamatórias. Cinco anos depois, a empresa inaugurou seu primeiro escritório na Europa.
A guerra das vacinas - e dos remédios
Quando foi anunciado pelo presidente Trump como uma resposta viável ao vírus, o coquetel de anticorpos da Regeneron, chamado de REGEN-COV2, ainda não tinha eficácia comprovada. Um mês antes do acontecimento, a empresa afirmava que o medicamento era capaz de prevenir e tratar a covid em animais, e esperava que o mesmo acontecesse quando usado em humanos.
O medicamento funciona da seguinte maneira: para conter o vírus, os anticorpos "proibem" a penetração e multiplicação do covid-19 nas células, imitando o processo de criação de anticorpos que o sistema imunológico humano tem ao contrair uma doença. Segundo especialistas, o tratamento é mais eficaz durante a fase inicial do contágio, quando o principal problema é a disseminação do vírus, e não as consequências da doença em outro órgãos vitais.
Em novembro, a Agência de Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) autorizou o uso emergencial da medicação fazendo da Regeneron a segunda empresa a conseguir o feito no mundo - a primeira delas foi a Eli Lilly. O FDA alegou que o REGEN-COV2 reduziu as hospitalizações de pacientes com covid-19 que tenham doenças secundárias ou “comorbidades” prévias. Com a aprovação, a distribuição em escala mundial do medicamento ficará a cargo do grupo farmacêutico suíço Roche
Há pouco mais de uma semana, a companhia também divulgou que o coquetel conseguiu reduzir em 100% as infecções sintomáticas causadas pelo vírus.
Um motivo adicional pode despertar o interesse de acionistas e analistas do mercado, mesmo que de fora da América do Norte, nesta divulgação do balanço: pesquisadores da Regeneron e Universidade de Columbia confirmaram que o medicamento é capaz de resistir às variantes do coronavírus identificadas no Reino Unido e na África do Sul. De acordo com os cientistas, o coquetel também seria eficaz para a mutação identificada no Brasil e responsável por colapsar o sistema de saúde da região norte do país.
Ao passo em que se apoia na tecnologia para a resolução do maior problema de saúde da atualidade, a Regeneron também mantém um bom desempenho no lado ambiental, o que pode agradar investidores interessados em ESG. Desde 2019 a empresa faz parte do Índice Dow Jones de Sustentabilidade, um dos mais conceituados do setor.