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Investimentos em Data Centers se aproximam de escritórios nos EUA e expõem dilema energético

Inteligência Artificial é um dos principais vetores de aumento da demanda, exigindo reforços em redes elétricas e expansão de geração flexível

Data centers: consumo de energia nos EUA pode chegar a 580 TWh até 2028. (Getty Images/Getty Images)

Data centers: consumo de energia nos EUA pode chegar a 580 TWh até 2028. (Getty Images/Getty Images)

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 15h00.

Um levantamento recente produzido a partir de dados do Departamento do Censo dos Estados Unidos indica que, naquele país, os investimentos em construção de data centers estão quase igualado aqueles destinados a escritórios corporativos. À primeira vista, parece ser apenas um dado do setor imobiliário. Mas, ao olhar com mais atenção, revela-se um movimento estrutural: o capital está migrando de arranha-céus tradicionais para racks e megawatts.

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o consumo global de energia elétrica em data centers – incluindo redes e aplicações de IA – já gira em torno de 415 TWh por ano, ou cerca de 1,5 % da eletricidade consumida no mundo em 2024. O crescimento previsto é significativo: até 2030, essa demanda deve mais do que dobrar, atingindo 945 TWh, o equivalente ao consumo total do Japão hoje.

Nos EUA, os números impressionam ainda mais. Em 2023, os data centers consumiram 176 TWh, correspondendo a 4,4 % do total da eletricidade do país. Até 2028, essa participação pode saltar para 6,7 % a 12 %, caso o ritmo atual seja mantido. A IEA estima que, já em 2028, o setor poderá consumir 580 TWh por ano no país.

Impactos na infraestrutura elétrica

Esse deslocamento redefine por completo a lógica da infraestrutura energética. A concentração de data centers exige reforço nas linhas de transmissão, expansão da geração flexível – como gás, hidrelétricas reversíveis e baterias – e contratos de longo prazo em energia limpa. A IA desponta como principal vetor do aumento da demanda, e já representa quase 50% do crescimento previsto no uso de eletricidade nos EUA até 2030.

O paradoxo é claro: quanto mais “virtual” é a economia, mais concreta se torna sua base material. O avanço do trabalho remoto reduziu a ocupação de escritórios, e, ao mesmo tempo, intensificou a demanda por processamento digital – com energia real em outro ponto do sistema.

Oportunidades para o Brasil

Para o Brasil, isso representa uma oportunidade e um alerta. Nossa matriz, com 87% de renováveis em 2024, é um atrativo para hiperescaladores globais (grandes operadores de data centers em escala mundial) que buscam reduzir sua pegada de carbono. Mas não basta energia limpa: é indispensável oferecer previsibilidade regulatória, segurança jurídica e ágil infraestrutura digital – condições fundamentais para nos tornarmos protagonistas em hubs tecnológicos, equiparados ao agronegócio ou à mineração.

Do skyline urbano às fazendas de servidores, o capital já escolheu seu novo palco. A próxima fronteira de prosperidade não se mede mais em metros quadrados, mas em megawatts e terabits por segundo. A competitividade do século XXI será definida por quem alinhar energia, dados e sustentabilidade.

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