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As máscaras voltaram, mas desta vez a culpa não é da covid

Poluição do ar causada por incêndios florestais e fatores ambientais criaram dificuldades para a população de Honduras, que teve de recorrer à proteção e ao trabalho em casa para preservar a saúde

Poluição: densa camada de fumaça tomou conta de Tegucigalpa (Orlando SIERRA / AFP)

Poluição: densa camada de fumaça tomou conta de Tegucigalpa (Orlando SIERRA / AFP)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 23 de maio de 2024 às 16h21.

Os hondurenhos voltaram a usar máscaras e ao trabalho remoto voluntariamente devido à intensa poluição do ar causada por incêndios florestais e outros fatores ambientais, informaram as autoridades locais.

"Se você sair [de casa], use uma máscara" e "sua saúde vem em primeiro lugar" são as recomendações emitidas pelo Ministério da Saúde em sua conta no X, enquanto a agência de gerenciamento de risco Copeco declarou "alerta vermelho" esta semana em seis dos 18 departamentos de Honduras devido à poluição.

Alerta vermelho

A densa camada de fumaça que cobre Tegucigalpa, a capital, mal permite ver os prédios, enquanto nos hospitais e centros de saúde o número de pacientes com doenças respiratórias aumentou, de acordo com fontes médicas.

"Atualmente, temos uma camada de fumaça que está causando uma diminuição da visibilidade, muita poluição ambiental (...) no centro de Honduras e em parte do leste e é por isso que temos um alerta vermelho", explicou o diretor de Assuntos Atmosféricos da Copeco, Francisco Argeñal.

Os departamentos (províncias) em alerta vermelho são Francisco Morazán (onde está localizada a capital), Comayagua (centro), Cortés, Atlántida, Colón (norte) e Olancho (leste). O aviso fez com que dirigentes do Ministério da Educação, universidades e escritórios do governo voltassem ao teletrabalho esta semana.

As correntes [de ar] do sul e do norte [do continente] acabam convergindo para Honduras", disse à AFP Daniela Hernández, técnica do Instituto de Conservação Florestal (ICF), órgão estatal.

Nesse sentido, Daniela explicou que a poluição "de outros países, como México e Guatemala", resultante de "incêndios florestais", produz "uma carga considerável" de poluentes no país.

A técnica do ICF acrescentou que "em nível global, diz-se que essas correntes de ar estão se movendo, isso é muito normal, mas agora o que mais nos afeta é que a cadeia de poluentes é maior", o que se soma à "ausência de chuva".

A isso se adicionam as "partículas de diferentes poluentes que geramos todos os dias", como "ares-condicionados, veículos, indústria, aerossóis, lixo, energia", lamentou. "Essa poluição vai continuar assim enquanto não chover", alertou Argeñal.

De acordo com o ICF, Honduras registrou cerca de 220 incêndios florestais desde novembro do ano passado, que destruíram mais de 200.000 hectares de floresta, mas também há queimadas para cultivos agrícolas tradicionais, que normalmente começam em maio.

Emergência na floresta

O alerta coincidiu com a declaração de "Emergência Ambiental" feita na quarta-feira, 22, pela presidente Xiomara Castro em uma sessão realizada nas florestas de Mosquitia, a leste, pelo Conselho Nacional de Defesa e Segurança, composto pelos chefes dos três poderes do governo, militares, policiais e outras instituições.

O Conselho ordenou "declarar o estado de emergência ambiental nas florestas de Honduras, a defesa de áreas protegidas e zonas produtoras de água" para "aumentar progressivamente (...) até 8.000 soldados designados para os batalhões de proteção ambiental", entre outras medidas, segundo um comunicado.

"Nós nos reunimos com o Conselho (...) em vista da crise que a biosfera do Rio Plátano, um patrimônio mundial, está sofrendo", disse Castro.

No mesmo evento, o ministro do Meio Ambiente, Lucky Medina, enfatizou que a biosfera de 325.000 hectares, que, juntamente com as 75 áreas de reserva em Honduras, constitui "a segunda maior extensão de terras selvagens na América Central (...), está sob a sombra de ameaças iminentes".

"A extração maciça de madeira e a pecuária ilegal (...), a grilagem de terras, a pecuária extensiva, o comércio inescrupuloso na exploração irracional (...) de madeiras preciosas e florestas de pinheiros, o crime organizado que cobre as atividades do tráfico de drogas nas florestas de Honduras, estão destruindo as florestas e a estabilidade da região", disse Medina.

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