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ABDI defende inovação, transformação digital e estímulos à Indústria 4.0

Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Igor Calvet, fala sobre políticas públicas e ações para aumentar a competitividade nacional

Para Igor Calvet, a digitalização de processos aumenta a produtividade e reduz custos, além de criar ecossistemas que impactam a economia local (Esfera Brasil/Divulgação)
Esfera Brasil

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Publicado em 30 de maio de 2023 às 08h00.

Criada em 2005, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) possui contrato de gestão com a União, com metas anuais de resultados, e foi concebida para formular e executar ações que contribuem para o desenvolvimento do setor produtivo nacional. Atenta aos novos tempos, a Agência tem incluído em seus esforços estímulos à inovação no setor por meio da transformação digital, da adoção e difusão de tecnologias e de novos modelos de negócios – ações fundamentais para a consolidação da Indústria 4.0.

Com foco não apenas na indústria brasileira – cuja participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacionalcaiu de 20%, nos anos 1980, para atuais 11%, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de 2023 da Confederação Nacional da Indústria (CNI)–,mas também em empresas e serviços, a ABDI fomenta a disseminação e o crescente uso de tecnologias 4.0 por meio de parcerias com entes públicos e privados, como prefeituras, universidades e institutos de inovação. Com a aproximação de governos e empresas, a Agência favorece políticas públicas e ações estratégicas destinadas ao aumento da competitividade da economia brasileira em meio aos avanços da era digital.

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A seguir, acompanhe um panorama traçado pelo presidente da ABDI, Igor Calvet, sobre as ações da Agência destinadas à adequação da indústria aos tempos atuais: atividades que buscam harmonizar modernização e meio ambiente, com atenção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.

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No dia 25 de maio foi comemorado o Dia da Indústria. Qual a importância desse setor para o desenvolvimento nacional?

Igor Calvet - A indústria foi o motor do crescimento econômico brasileiro no período entre 1950 e 1980 e pode retomar esse papel com mais protagonismo ainda. Além da importante e atual presença do agro na economia brasileira, temos as pequenas indústrias, que também geram renda e são fundamentais na geração de empregos. Tradicionalmente conceituada como transformação de matéria-prima em produtos comercializáveis com uso de força humana, de máquinas e de energia, a indústria hoje demanda transformação digital. Precisamos colocar o Brasil na era da Indústria 4.0, realidade que vai além da difusão de novas tecnologias de automação, Big Data e aprendizagem de máquina. O papel da ABDI é promover projetos que incentivem o crescente uso dessas novas tecnologias pela indústria e os demais setores produtivos do País, viabilizando o surgimento de novos modelos de negócios. Com o desenvolvimento do setor, podemos alcançar patamar ainda mais alto, a favor de todas as cadeias produtivas.

Em que consiste a Indústria 4.0?

Diferentemente do conceito de Henry Ford, da produção pela simples produção em larga escala, a Indústria 4.0 é a junção de hardware, software e serviços inteligentes que, aplicados de forma conjunta, produzem uma interação da máquina com a máquina, da máquina com a infraestrutura, com o processo, o planejamento e o gestor do processo. Forma-se, então, um ecossistema. Com esses ganhos, a indústria se tornará mais inteligente, eficiente e conectada, com produção mais ágil e precisa. Essa é a missão da ABDI no fomento de novas tecnologias: ajudar empresas públicas e privadas, de todos os setores, a adentrar a jornada das tecnologias 4.0, da adoção à difusão em larga escala. Fazemos isso de diversas formas, para diferentes setores, inclusive da saúde, por meio de aporte financeiro, articulação na formulação de novas políticas públicas e programas gratuitos disponibilizados aos empresários e gestores.

O que a ABDI tem feito na prática para alavancar a indústria nacional em relação à Indústria 4.0?

Para se reerguer, a indústria brasileira precisa ser mais digital e mais sustentável. Projetos que envolvem a tecnologia 5G, por exemplo, vão beneficiar muito as indústrias. Mas, para que isso funcione, é preciso levar conexão de qualidade aos parques industriais. O Projeto Conecta 5G, que faz uso de luminárias públicas integradas a antenas 5G, por sua vez, já implementou a tecnologia em nove municípios – beneficiando, também, indústrias locais –, enquanto mais de outros 20 investem recursos em áreas de demonstração, iniciam processos ou discutem com a ABDI a elaboração de convênios. Atuamos, ainda, no meio rural com o Agro 4.0, programa criado para estimular e fomentar ações de adoção e difusão de tecnologias 4.0 no campo e na agroindústria. Já são 900 as empresas impactadas após o lançamento de dois editais, número que será expandido ainda este ano com o lançamento do terceiro edital.

Você falou em reerguer a indústria brasileira. Qual a situação atual?

Observa-se uma queda na participação da indústria no PIB. Apostar na reindustrialização tecnológica é fundamental para consolidarmos e voltarmos a crescer nesse setor primordial para o desenvolvimento. A digitalização de processos aumenta a produtividade e reduz custos, além de criar ecossistemas que impactam a economia local. Cada emprego na indústria gera quatro empregos indiretos. Quando ficamos dependentes da manufatura de outros países, por exemplo, perdemos cinco empregos. Sem contar a injeção de capital nesses ecossistemas locais. Temos potencial e espaço para voltar a crescer. Pela experiência e escuta ativa que fazemos tanto na indústria quanto com parlamentares e outros atores, sabemos que a indústria brasileira precisa ser mais digital e mais sustentável. A ABDI é um dos instrumentos a serviço da indústria. Essa luta é coletiva, ela não depende de uma agência ou de um ministério. Só vamos mudar o cenário se avançarmos juntos, na mesma velocidade e com o mesmo comprometimento.

Como conciliar esse esperado crescimento industrial com o cumprimento dos ODS?

A sustentabilidade, assim como a transformação digital, integra um caminho sem volta que a indústria deve percorrer nesses tempos de importantes avanços tecnológicos e crescentes preocupações com as futuras gerações. Importante ressaltar que a preocupação com o meio ambiente por meio de ações como reciclagem, economia circular e uso de energia limpa devem acontecer concomitantemente à digitalização dos meios de produção. Essas duas frentes não são excludentes, mas sim complementares na tarefa de qualificarmos e ampliarmos a produtividade e a competitividade do setor sem prejuízos ao planeta. A promoção da industrialização inclusiva e sustentável e o fomento à inovação, conforme orienta o ODS 9 das Nações Unidas, depende fundamentalmente da modernização do setor. Isso inclui a digitalização das pequenas indústrias e empresas e o acesso delas aos serviços financeiros, com crédito acessível, para a integração do segmento a cadeias de valor e mercados. Também inclui o fortalecimento da pesquisa científica, a melhoria das capacidades tecnológicas de setores industriais e o aumento dos gastos público e privado em pesquisa e desenvolvimento. Essa é a direção apontada, também, pela ABDI.

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