Inflação de maio desacelera e IPCA fecha em 0,47%
É a primeira vez que a inflação mensal fica abaixo de 1% desde janeiro. No acumulado de 12 meses, a variação no IPCA foi de 11,73%
Carolina Riveira
Publicado em 9 de junho de 2022 às 09h07.
Última atualização em 9 de junho de 2022 às 11h11.
A inflação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ), principal índice inflacionário brasileiro, fechou o mês de maio com variação de 0,47%, segundo divulgou nesta quinta-feira, 9, o IBGE.
No acumulado de 12 meses, a variação no IPCA foi de 11,73%. Nos cinco meses do ano até maio, a alta acumulada é de 4,78%.
O resultado de maio ficou abaixo do consenso do mercado, que era de alta de 0,60% no mês, segundo as projeções colhidas pela Bloomberg.
Como já havia sido antecipado na prévia no IPCA-15, há duas semanas, parte da desaceleração da inflação em maio foi puxada pela queda nos preços da energia elétrica, com o fim da bandeira de escassez. Alimentos e combustíveis também subiram menos (veja abaixo).
O IPCA do mês ficou abaixo dos meses anteriores e de maio de 2021 (quando havia subido 0,83%). Assim, é o segundo mês seguido de desaceleração neste ano, em um movimento iniciado em abril.
Também é a primeira vez que a inflação mensal fica abaixo de 1% desde janeiro.
O INPC, índice que mede a inflação na cesta das famílias mais pobres (até cinco salários mínimos), ficou em 0,45% em abril, em linha com o IPCA geral. O acumulado em 12 meses do INPC é de 11,90%.
Reunião do Copom
O indicador divulgado hoje é o último antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na próxima quarta-feira, 15. Investidores esperam por mais uma alta na taxa de juros Selic, de 12,75% para 13,25% ao ano. Se confirmada, a Selic será a mais alta desde 2016.
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Algumas casas já apostam que o BC pode ter de levar a Selic para perto dos 14% até o fim do ano em meio às pressões inflacionárias com a guerra na Ucrânia e alta das commodities no mercado internacional.
A inflação no Brasil superou dois dígitos em setembro do ano passado, e não caiu para baixo desse patamar desde então.
Apesar do começo da desaceleração em abril e maio, a projeção em algumas casas do mercado é de que a inflação siga acima de 10% ao menos até o segundo semestre. A inflação brasileira fechará o ano novamente acima do teto da meta do Banco Central, que era de 5% no começo do ano.
Energia elétrica e combustíveis desaceleram
Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta de preço no mês de maio. A exceção foi o grupo "Habitação" (-1,70%), que inclui a energia elétrica. A cobrança extra relativa à bandeira de escassez hídrica terminou em abril, e a tarifa voltou para a bandeira verde.
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Os grupos "Transportes" e "Alimentos e bebidas", que vêm liderando as altas de preço, também desaceleraram em relação ao mês anterior. A maior alta no mês foi "Vestuário", subindo 2,11%.
Transportes seguiram com alta significativa (1,34%), mas abaixo de abril, quando haviam subido 1,91%. Ainda assim, o grupo segue tendo o maior impacto do mês para o resultado do IPCA (0,30 ponto percentual).
Os combustíveis subiram menos em maio, 1,0%, ante 3,20% em abril.
- A gasolina subiu 0,92% (ante 2,48% em abril);
- O etanol teve queda de -0,43% (ante 8,44% em abril);
- O diesel subiu 3,72% (ante 4,74% em abril).
A última alta da gasolina nas refinarias da Petrobras ocorreu em março, o que fez com que o preço do insumo no último mês subisse menos. A gasolina é um dos itens de maior peso na cesta de consumo do IPCA.
Há um embate entre a Petrobras, importadores e o governo federal sobre a atual defasagem do preço da gasolina em relação ao mercado internacional, uma vez que aumentos não ocorrem há três meses.
O diesel, ao contrário da gasolina, foi reajustado em 10 de maio pela Petrobras em meio à alta no mercado internacional. Ainda assim, seu peso é pequeno no índice do IPCA, uma vez que impacta diretamente sobretudo transportes pesados, afirma o IBGE, embora haja impacto indiretos com o tempo nos custos na cadeia de produção.
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Apesar da desaceleração no mês, os combustíveis seguem com altas amplas acumuladas no último ano.
- Em 12 meses, os combustíveis acumulam alta de 29,12%;
- A gasolina acumula alta de 28,73%;
- E o diesel, de 52,27%.
Tomate mais barato
Já o grupo Alimentos e bebidas teve alta de 0,48% em maio, também menor do que os 2,06% de abril.
Produtos que vinham tendo altas expressivas tiveram quedas em maio, como tomate (-23,72%), cenoura (-24,07%) e batata-inglesa (-3,94%).
“Agora começamos o período de outono-inverno que é mais seco e permite aumentar a oferta de alimentos e reduzir os preços. Outro fator é que os preços de alguns alimentos, como a cenoura (116,37% em 12 meses), subiram muito, o que faz com que a base de comparação seja muito alta", disse em nota o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
"Já o preço do leite continua subindo, devido ao período de entressafra, com pastagens mais secas, e à inflação de custos com a elevação dos preços de commodities como milho e soja, usadas na ração animal”, afirmou o economista do IBGE.
(Colaborou Guilherme Guilherme)