Economia

Petrobras fará reajuste de gasolina e diesel após 57 dias

Os reajustes de gasolina, diesel e GLP passam a valer nesta sexta-feira, 11 de março

 (Sergio Moraes/Reuters)

(Sergio Moraes/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 10 de março de 2022 às 10h17.

Última atualização em 10 de março de 2022 às 12h36.

A Petrobras anunciou na manhã desta quinta-feira, 10, que fará o primeiro reajuste nos preços de gasolina e diesel após 57 dias com o valor congelado. O preço do GLP, usado no gás de cozinha, também será reajustado após 152 dias.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia.

Os reajustes passam a valer nesta sexta-feira, 11 de março, e dizem respeito ao valor cobrado pela Petrobras de suas distribuidoras, e refletem no preço final ao consumidor.

Pelo anúncio da Petrobras, a gasolina será reajustada em 18,7%; o diesel, em 24,9% e o Gás Natural Liquefeito (GLP), 16% nas refinarias da Petrobras.

"Esse movimento da Petrobras vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda", disse a estatal em nota.

A estatal afirma que o repasse é necessário para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, "sem riscos de desabastecimento".

As ações da Petrobras subiam 3% pouco antes das 11h desta quinta-feira. O reajuste anunciado coloca uma pausa nas preocupações de investidores de que a União, acionista majoritária da empresa, pudesse congelar os preços e não repassar as altas internacionais do petróleo.

Quanto o combustível vai aumentar?

A estimativa da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Fertilizantes (Fecombustíveis) é de o litro de gasolina pode subir para R$ 7,02, contra a média atual de R$ 6,57 por litro.

Já o diesel pode subir para uma média de R$ 6,48 o litro, contra a média atual de R$ 5,60 o litro.

O preço final dos combustíveis depende também de outros componentes do preço, como tributos federais e estaduais, custos de distribuição e revenda, além do preço do etanol anidro (misturado à gasolina) e do biodiesel (misturado ao diesel).

O anunciado pela Petrobras é referente apenas à parcela da estatal no valor final, que é de cerca de um terço do valor total. 

De quanto são os aumentos da Petrobras

Em suma, a partir de 11 de março, o preço médio de venda de gasolina da Petrobras às distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro.

Excluída a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro que é misturado a cada litro de gasolina, a Petrobras calcula que o reajuste fará o preço na bomba subir R$ 0,44 por litro (para R$ 2,81), em relação à fatia da empresa no preço total.

Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro.

Excluída a mistura obrigatória de 10% de biodiesel, a parcela da Petrobras no preço total do litro de diesel subirá R$ 0,81 (para R$ 4,06).

Por fim, para o GLP, usado no gás de cozinha, o último reajuste havia sido feito há 152 dias. E a partir de 11 de março, o preço médio da Petrobras às distribuidoras passa de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo, um reajuste médio de R$ 0,62 por quilo.

Assim, 13kg do GLP (parcela necessária para um botijão de gás de cozinha) passariam a R$ 58,21 na fatia correspondente à Petrobras, um aumento de R$ 8,06 no valor final. 

    High Oil Prices Continue To Drive Gas Prices Steadily Upwards

    Poço de petróleo nos EUA: guerra na Ucrânia fez preço internacional disparar (David McNew/Getty Images)

    Os componentes do preço

    Na semana até 5 de março, antes dos reajustes da Petrobras, os valores ao consumidor registrados em território nacional, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), eram:

    • O preço médio da gasolina ao consumidor era de R$ 6,577 o litro;
    • O preço médio do diesel era de R$ 5,603 no mesmo período; 
    • O preço médio do GLP (botijão de 13kg) era de R$ 102,64.

    Assim, a alta já garantida nos preços é a relativa à fatia da Petrobras:

    • R$ 0,44 para gasolina por litro;
    • R$ 0,81 para o diesel por litro;
    • R$ 0,62 para o GLP por quilo.

    Mas o aumento de fato ao consumidor pode ser maior do que os reajustes da Petrobras quando incluídos os outros componentes do preço. Também há variação a depender do local de venda, uma vez que o valor divulgado pela ANP é somente uma média nacional.

    O ICMS, imposto estadual e que corresponde a um terço do preço da gasolina, por exemplo, foi congelado por governadores até o final de março. Pela regra geral, o valor do ICMS sobe quando os preços dos combustíveis sobem, porque, grosso modo, é calculado com base em uma porcentagem do preço (média dos últimos 15 dias). Assim, até o fim de março, o ICMS segue sendo calculo por valores anteriores.

    Além disso, a fatia do ICMS aplicada a gasolina e diesel varia a depender do estado, de modo que os preços calculados pela ANP são somente uma média geral nacional.

    O Senado também discute dois projetos de lei para mudar o modelo de cobrança do ICMS e uma conta de estabilização de preços, relatados pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN). Os textos podem ser votados nesta quinta-feira, se houver acordo.

    Aumento no mercado internacional

    O preço do barril de petróleo do tipo Brent (referência usada pela Petrobras) chegou a subir mais de 40% em um mês e superar o patamar de US$ 130/barril no mercado internacional. Às 10h20 desta quinta-feira, o barril era cotado a pouco mais de US$ 114.

    Importadoras vinham questionando no último mês o fato de a Petrobras não repassar as variações no mercado internacional e indicavam defasagem no preço aplicado no Brasil.

    A Petrobras adota desde 2016 a chamada Política de Paridade de Importação (PPI), seguindo, no geral, os preços internacionais. Assim, o aumento recente está ligado sobretudo à alta global do preço do petróleo, que é piorada no Brasil pela desvalorização do real. 

    Mesmo antes da guerra, em 2021, os combustíveis já lideraram a alta da inflação. No IPCA, principal índice inflacionário de referência, as altas acumuladas no ano passado foram de mais de 40% para os combustíveis de veículos no Brasil e 30% para os residenciais, muito acima da inflação geral (de 10,06% em 2021).

    A depender das sanções que atinjam a oferta de petróleo russo e os desdobramentos da guerra, não se descarta que o barril possa chegar à casa dos US$ 200, o que fará com que os preços no Brasil subam ainda mais.


    *Uma versão anterior desta reportagem indicava que a variação no preço da gasolina na fatia da Petrobras seria de R$ 0,54, por erro na divulgação da Petrobras. O valor correto, corrigido pela empresa, é de R$ 0,44.

    Acompanhe tudo sobre:CombustíveisGasolinaÓleo dieselPetrobras

    Mais de Economia

    Governo deve enviar PEC do corte de gastos ao Congresso, mas ainda discute Previdência dos militares

    Itamaraty diz que política econômica de Milei reduziu exportações no Mercosul

    PIB do 3º trimestre deve vir forte apesar de desaceleração; veja o que esperar

    Randolfe prevê aprovação do pacote fiscal em duas semanas