Economia

EUA cria 517 mil vagas em janeiro e desemprego é o menor em 53 anos

Payroll de janeiro mostrou 517 mil novas vagas nos EUA, frente a projeção de 185 mil. Taxa de desemprego caiu para 3,4%

Bolsa de NY: resultado forte no mercado de trabalho pode sinalizar controle mais difícil da inflação (Leandro Fonseca/Exame)

Bolsa de NY: resultado forte no mercado de trabalho pode sinalizar controle mais difícil da inflação (Leandro Fonseca/Exame)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 3 de fevereiro de 2023 às 10h50.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2023 às 11h17.

Os Estados Unidos criaram 517 mil novas vagas não-agrícolas em janeiro, segundo relatório de empregos urbanos do país, o chamado payroll, divulgado nesta sexta-feira, 3, pelo Departamento de Trabalho.

O número veio muito acima das projeções dos economistas, que apostavam em 185 mil empregos no período. O resultado também ficou acima das 260 mil vagas criadas em dezembro.

Com os novos postos, a taxa de desemprego americana caiu de 3,5% para 3,4%, o menor patamar em 53 anos. Já a expectativa nos mercados era de alta, de 3,5% para 3,6%.

A pressão sobre salários ficou acima do esperado, embora longe de picos vistos nos últimos anos, o que mostra alguma desaceleração. No mês, o aumento anual de salário médio por hora trabalhada no país foi de 4,4% contra a projeção de 4,3% alta.

O resultado de janeiro faz o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA e curva de juros futuros subirem na manhã desta sexta-feira, com a expectativa de que o Fed, banco central americano, possa subir juros de forma mais acentuada.

No Brasil, o Ibovespa recuava na manha desta sexta-feira com os resultados do payroll, além do cenário doméstico.

O número de novas vagas é observado com atenção pelos mercados diante dos temores pela inflação americana, que bateu recordes ao longo de 2022. Um mercado de trabalho que siga altamente aquecido pode pressionar a inflação pela via da demanda e impactar as decisões do Fed sobre a taxa de juros. Uma alta rápida de juros para conter a inflação pode aumentar as chances de que os EUA entrem em cenário de recessão.

Fed reduziu ritmo de alta nesta semana

O Fed começou o ano reduzindo o ritmo de alta de juros nesta semana. A instituição elevou na quarta-feira, 1º de fevereiro, a taxa de juros em 0,25 ponto percentual (p.p.), para o intervalo entre 4,5% e 4,75%.

A alta veio menor do que nas reuniões anteriores:

  • o Fed havia tido quatro altas consecutivas de 0,75 p.p.;
  • seguidas de alta de 0,5 p.p na reunião de dezembro.

A desaceleração da inflação nos últimos meses vinha disseminando no mercado a hipótese de que o Fed aplicaria um aperto mais brando, e ajudou as bolsas a subirem nos últimos dias.

A inflação nos EUA, após atingir seu maior patamar em 40 anos, passou a desacelerar no fim do ano, abrindo espaço para alguma possibilidade de suavização do aperto monetário. A inflação americana terminou 2022 em 6,5% — confirmando a desaceleração após o índice chegar perto de 9% no primeiro semestre, no auge da alta dos combustíveis diante da guerra na Ucrânia.

"Pela primeira vez podemos dizer que o processo desinflacionário está em andamento, principalmente no setor de produtos", disse o presidente do Fed, Jerome Powell, após o anúncio da quarta-feira.

A movimentação do Fed impactará também as medidas do Banco Central no Brasil. Por ora, a taxa de juros brasileira, a Selic, se manteve em 13,75%, conforme anunciado também nesta quarta-feira pelo Banco Central. A Selic está nesse patamar desde agosto de 2022, após altas sucessivas nos juros em resposta às pressões inflacionárias. Embora haja uma projeção de queda até o fim do ano, essa foi a quarta reunião seguida do Copom que terminou com a Selic mantida em 13,75%.

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