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Pesquisas sobre coronavírus tiveram metade do investimento do ebola

Nos últimos 20 anos, estudos sobre o vírus receberam apenas 0,5% dos gastos globais para pesquisas sobre doenças infecciosas; veja gráfico

Coronavírus: (Chris Clor/Getty Images)

Coronavírus: (Chris Clor/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 5 de maio de 2020 às 18h36.

Última atualização em 5 de maio de 2020 às 18h55.

Há 18 anos, um coronavírus também balançou o mundo. À época, o vírus chamado SARS-CoV, causou cerca de 8.000 confirmados casos da doença que ficou conhecida como Sars (sindrome respiratória aguda grave) e cerca de 800 mortes no mundo todo -- números muitos inferiores aos da pandemia atual da covid-19 (causada pelo vírus SARS-CoV-2), que já deixou mais de 255 mil mortos e outros 3,6 milhões infectados, segundo a Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos. Antes da nova variação do vírus, no entanto, o investimento para pesquisas sobre ele representavam apenas 0,5% dos gastos globais para pesquisas sobre doenças infecciosas.

Nos últimos 20 anos, os estudos sobre coronavírus receberam 550 milhões de dólares, menos do que a metade dos 1,2 bilhões de dólares (1,1% dos gastos globais) investidos em pesquisas sobre o ebola, segundo uma análise feita por pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido.

O financiamento às pesquisas só cresceu depois que o surto começou. Desde o início da pandemia, o valor arrecadado passou para 985 milhões de dólares. Desses, 275 milhões de dólares estão voltados para desenvolver uma vacina, 40 milhões em soluções terapéuticas e 18 milhões em testes. Mais de 415 milhões de dólares foram investidos em pesquisas sobre a covid-19.

Em 2004 (último ano de infecção pelo SARS-CoV) e em 2015, devido à doença Mers, causada por um coronavírus, aconteceram outros dois picos de gastos para pesquisas voltadas ao coronavírus.

Pesquisadores descobriram que o vírus atual é mais letal do que qualquer outra variação já vista no grupo coronavírus. A covid-19, de acordo com a revista científica Nature, pode atacar as células humanas em diversos pontos, e os principais alvos são a garganta e os pulmões. Recentemente, pesquisadores da Universidade de Utrecht, na Holanda, reportaram a descoberta de um anticorpo capaz de neutralizar e impedir a infecção das células pela covid-19. A expectativa é que seja possível reproduzir a descoberta in vitro no organismo humano e, com isso, criar uma vacina contra a infecção pelo novo coronavírus.

O ebola foi considerado uma epidemia em 2018. Até o seu final, 28.616 pessoas estavam infectadas e cerca de 11 mil morreram. A taxa de letalidade do vírus era de 40%. A da covid-19, somente no Brasil, é de 6,8%. Vale notar que a vacina criada contra o ebola foi a mais rápida de que se tem notícia, feita em cinco anos. Uma vacina contra a covid-19 pode ser ainda mais veloz e chegar em setembro deste ano, nove meses depois da detecção da doença, se o projeto dos pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, der certo.

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