Ciência

Nave alienígena ou cometa? O que é o 3I/ATLAS

Veja o que os cientistas já descobriram sobre o cometa interestelar que passará perto da Terra em dezembro

3I/ATLAS: cometa é o terceiro objeto interestelar no Sistema Solar

3I/ATLAS: cometa é o terceiro objeto interestelar no Sistema Solar

Maria Eduarda Lameza
Maria Eduarda Lameza

Estagiária de jornalismo

Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 12h48.

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O cometa interestelar 3I/ATLAS tem atraído a atenção de agências espaciais desde sua descoberta, em julho de 2025, não apenas pelo que representa para a ciência, mas também pelas várias especulações sobre sua origem.

A descoberta do cometa aconteceu no dia 1º de julho, quando o telescópio Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS), no Chile, detectou um ponto luminoso com trajetória incomum. Logo ficou claro que o objeto não orbitava o Sol e que vinha de fora da nossa vizinhança cósmica — tornando-se sucessor dos cometas Oumuamua (1I) e Borisov (2I).

A letra "I" representa que eles são de origem interestelar, isto é, veio de outra constelação.

Alguns pesquisadores, como Avi Loeb, astrofísico da Universidade de Harvard, levantaram hipóteses de que o cometa possa ser uma sonda avançada, um artefato tecnológico de origem extraterrestre ou até mesmo uma nave alienígena baseado em sua trajetória incomum e ausência de certas características típicas de cometas.

Mas afinal, o 3I/ATLAS é uma nave alienígena?

As observações mais recentes desmentem essas suposições. Nas últimas, o radiotelescópio MeerKAT, localizado na África do Sul, detectou sinais de rádio vindos do cometa, segundo a revista The Wired.

Esses sinais estavam associados à presença de radicais hidroxila (OH), compostos químicos típicos em cometas do Sistema Solar. Eles formam quando o gelo da superfície do cometa vira gás ao ser aquecido pela proximidade com o Sol. Isso significa que o 3I/ATLAS está se comportando como qualquer outro cometa já conhecido pela ciência, mas com uma origem bem mais distante.

Com base em sua trajetória, os cientistas determinaram que o cometa veio da direção da constelação de Sagitário, região próxima ao centro da nossa galáxia, à Via Láctea. Isso sugere que o cometa foi ejetado de seu sistema estelar original, provavelmente por forças gravitacionais de uma estrela ou planeta gigante, e vagou pelo espaço interestelar por milhões ou até bilhões, de anos.

Para os pesquisadores, objetos assim são como "cápsulas do tempo" de outros sistemas estelares, oferecendo pistas sobre como planetas e cometas se formam em outras partes do universo.

O termo "alienígena" viralizou nas redes sociais não porque houvesse qualquer sugestão de vida extraterrestre, mas simplesmente porque o cometa é literalmente um "alien", vindo de fora do nosso sistema solar. Ainda assim, a nomenclatura ajudou a inflar as expectativas do público.

Megaoperação espacial

A Nasa mobilizou 12 instrumentos espaciais espalhados pelo Sistema Solar para observar o 3I/ATLAS, em uma coordenação inédita. As imagens mais próximas vieram de Marte, onde o Mars Reconnaissance Orbiter, a sonda MAVEN e o rover Perseverance fotografaram o cometa de 30 milhões de quilômetros de distância quando ele passou pelo planeta em setembro.

Missões de observação solar, como STEREO, SOHO e PUNCH, conseguiram rastrear o cometa quando ele passou atrás do Sol. Já as espaçonaves Psyche e Lucy, a caminho de suas missões para estudar asteroides, capturaram imagens de centenas de milhões de quilômetros de distância.

Até os grandes observatórios espaciais entraram em ação: o Telescópio Hubble observou o cometa em julho, seguido pelo Telescópio James Webb em agosto.

Estadia em nossa vizinhança

O dia mais aguardado desta visita cósmica será em 19 de dezembro deste ano, quando o cometa atingirá seu ponto de maior aproximação da Terra. Apesar disso, não haverá risco de colisão: ele passará a uma distância segura, permitindo observações privilegiadas. Astrônomos estimam que o brilho pode aumentar nesse período, possibilitando registros detalhados de sua composição e comportamento.

Observações posteriores descartaram qualquer risco de impacto nos próximos 100 anos, mas a passagem de 2029 continua sendo um evento histórico. O asteroide será visível a olho nu em algumas regiões do globo. 

Após essa passagem, 3I/ATLAS seguirá sua rota de saída. A partir de 2026, o cometa deixará gradualmente o Sistema Solar, acelerando rumo ao espaço. Sua despedida marcará mais um capítulo na ainda curta lista de visitantes vindos de outras galáxias.

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