Ciência

Cometa 3I/Atlas é uma ameaça para a Terra? Especialista desvenda o mistério

Astrônomo do Observatório Nacional o afirma que cometa é um objeto natural vindo do espaço interestelar.

Ana Dayse
Ana Dayse

Colaboradora

Publicado em 2 de novembro de 2025 às 19h29.

Última atualização em 3 de novembro de 2025 às 14h11.

O 3I/ATLAS foi descoberto em 1º de julho de 2025 pelo telescópio do projeto Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS), instalado em Río Hurtado, Chile.

Desde então, análises apontam que sua velocidade e trajetória são diferentes das observadas em outros cometas solares, sugerindo uma origem fora do alcance gravitacional do Sol. Agora, equipes científicas de diversos países acompanham o 3I/Atlas com telescópios e sondas espaciais, buscando decifrar sua composição, comportamento e a história cósmica que ele carrega.

Localizado a milhões de quilômetros da Terra, o corpo celeste não pertence ao nosso Sistema Solar e percorre uma órbita hiperbólica, típica de objetos que vem do espaço interestelar. Essa trajetória foi observada em apenas dois objetos antes, o 1I/‘Oumuamua, em 2017, e o 2I/Borisov, em 2019.

Segundo relatórios recentes, o cometa está se aproximando do Sol e passará o periélio — seu ponto mais próximo da estrela — em torno de 30 de outubro de 2025, a aproximadamente 1,4 unidades astronômicas (UA), cerca de 210 milhões de quilômetros do Sol.

A distância mínima prevista da Terra é de cerca de 1,8 UA, aproximadamente 270 milhões de quilômetros, ou seja, não há risco de colisão ou efeito direto sobre nosso planeta.

O cometa 3I/Atlas tem comportamentos inéditos

Observações recentes com o James Webb Space Telescope (JWST) sugerem que o objeto sofreu forte bombardeio de raios cósmicos ao longo de bilhões de anos, o que formou uma crosta de dióxido de carbono (“CO₂”) de 15 a 20 metros em sua superfície, algo nunca antes confirmado em um cometa interestelar.

Além disso, imagens mostram jatos de poeira e/ou gás apontados em direção ao Sol, o que vai contra o comportamento clássico de caudas que se estendem na direção oposta ao Sol. Essa atividade inesperada está alimentando pesquisas e debates na comunidade astronômica.

O que a comunidade científica pensa?

Alguns pesquisadores, como Avi Loeb, astrofísico da Harvard University, levantaram hipóteses de que o 3I/ATLAS possa não ser apenas um cometa natural, mas uma sonda avançada ou artefato tecnológico de origem extraterrestre — baseada em sua trajetória incomum e ausência de certas características típicas de cometas.

A European Space Agency (ESA) e a NASA descartaram por ora a hipótese e veem o objeto como natural. Exatamente por conta disso os boatos online começaram a se espalhar.

Teoria de Stephen Hawking confirmada?

A partir do comportamento do cometa, cientistas confirmaram outra previsão de Stephen Hawking.

Por conta do tipo de sinal gravitacional do objeto, teorias propostas pelo físico britânico sobre o comportamento extremo da gravidade em regiões próximas a buracos negros e outros fenômenos cósmicos estão sendo confirmada.

Qual foi o aviso da NASA sobre o cometa?

A agência mantém páginas informativas sobre o cometa, observações feitas por seus telescópios ou em parceria, e colaborou com centros de pesquisa internacionais.

No entanto, é importante esclarecer que a NASA não é a única agência envolvida, várias instituições internacionais e telescópios terrestres também participam do monitoramento, como a ESA, e que a agência não “controla” todos os dados ou decide o destino do objeto. A cobertura de mídia brasileira frequentemente simplifica esse contexto.

Em síntese, o que o órgão fez foi confirmar dados e alerta para o interesse científico, mas não indica ameaça ou ação de defesa planetária, sendo este visitante interestelar tratado como objeto de estudo, não de alarme.

Pronunciamento do Observatório Nacional sobre o cometa 3I/ATLAS

Segundo o astrônomo do Observatório Nacional (ON), Dr. Jorge Márcio Carvano, em comunicado publicado no portal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o objeto não representa nenhuma ameaça à Terra e permanecerá distante.

Carvano destaca que o 3I/ATLAS é formado por gelo, poeira e compostos voláteis, estrutura típica de cometas, e que diferenças químicas em relação aos cometas locais são esperadas, já que ele se formou em outro sistema estelar.

Carvano também desmente as teorias que associam o objeto a atividade extraterrestre, lembrando que casos semelhantes ocorreram com o Oumuamua, primeiro corpo interestelar descoberto, em 2017. “Não há nenhum indício de que o 3I/ATLAS seja algo além de um cometa. Sua trajetória é explicada pela física, não por intenções alienígenas”, afirmou.

Por que o cometa 3I/ATLAS gerou tanto interesse?

Este cometa traz ao alcance popular algo extremamente raro, material que se formou em outro sistema estelar, que foi ejetado e viajou por bilhões de anos antes de cruzar o sistema solar. Estudar sua composição, atividade e estrutura pode revelar como planetas e corpos menores se formam em contextos diferentes ao nosso.

Nos próximos meses, os cientistas farão uso de missões e telescópios orbitais/siderais para observá-lo quando ele "desaparecer" temporariamente atrás do Sol (em outubro) e ressurgir em dezembro de 2025 em nossa linha de visão.

A expectativa é que o objeto revele nuvens de material fresco, jatos ativos e talvez pistas sobre a química interestelar antiga. Para o público, o cometa 3I/ATLAS representa um evento único: a passagem de um visitante de outro sistema estelar.

Acompanhe tudo sobre:NasaPlanetas

Mais de Ciência

Sinais de rádio revelam natureza de suposto cometa alienígena

Consumo de álcool pode acelerar em 11 anos risco de hemorragias cerebrais

Tempestade solar canibal pode gerar auroras boreais e afetar GPS; entenda

Você não é 100% humano: entenda a proporção entre células e micróbios